SóProvas


ID
2032129
Banca
FUMARC
Órgão
CBTU
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Quem são nossos ídolos?
Claudio de Moura Castro

Eu estava na França nos idos dos anos 80. Ligando a televisão, ouvi por acaso uma entrevista com um jovem piloto de Fórmula 1. Foi-lhe perguntado em quem se inspirava como piloto iniciante. A resposta foi pronta: Ayrton Senna. O curioso é que nessa época Senna não havia ganho uma só corrida importante. Mas bastou ver o piloto brasileiro se preparando para uma corrida: era o primeiro a chegar no treino, o único a sempre fazer a pista a pé, o que mais trocava ideias com os mecânicos e o último a ir embora. Em outras palavras, sua dedicação, tenacidade, atenção aos detalhes eram tão descomunais que, aliadas a seu talento, teriam de levar ao sucesso.
Por que tal comentário teria hoje alguma importância?
Cada época tem seus ídolos, pois eles são a tradução de anseios, esperanças, sonhos e identidade cultural daquele momento. Mas, ao mesmo tempo, reforçam e ajudam a materializar esses modelos de pensar e agir.
Já faz muito tempo, Heleno de Freitas foi um grande ídolo do futebol. Segundo consta, jactava-se de tomar uma cachacinha antes do jogo, para aumentar a criatividade. Entrava em campo exibindo seu bigodinho e, após o gol, puxava o pente e corrigia o penteado. O ídolo era a genialidade pura do futebol-arte.
Mais tarde, Garrincha era a expressão do povo, com sua alegria e ingenuidade. Era o jogador cujo estilo brotava naturalmente. Era a espontaneidade, como pessoa e como jogo, e era facilmente amado pelos brasileiros, pois materializava as virtudes da criação genial.
Para o jogador "cavador", cabia não mais do que um prêmio de consola- ção. Até que veio Pelé. Genial, sim. Mas disciplinado, dedicado e totalmente comprometido a usar todas as energias para levar a cabo sua tarefa. E de atleta completo e brilhante passou a ser um cidadão exemplar.
É bem adiante que vem Ayrton Senna. Tinha talento, sem dúvida. Mas tinha mais do que isso. Tinha a obsessão da disciplina, do detalhe e da dedicação total e completa. Era o talento a serviço do método e da premeditação, que são muito mais críticos nesse desporto.
Há mais do que uma coincidência nessa evolução. Nossa escolha de ídolos evoluiu porque evoluímos. Nossos ídolos do passado refletiam nossa imaturidade. Era a época de Macunaíma. Era a apologia da genialidade pura. Só talento, pois esforço é careta. Admirávamos quem era talentoso por graça de Deus e desdenhávamos o sucesso originado do esforço. Amadurecemos. Cresceu o peso da razão nos ídolos. A emoção ingênua recuou. Hoje criamos espaço para os ídolos cujo êxito é, em grande medida, resultado da dedicação e da disciplina – como Pelé e Senna.
Mas há o outro lado da equação, vital para nossa juventude. Necessitamos de modelos que mostrem o caminho do sucesso por via do esforço e da dedicação. Tais ídolos trazem um ideário mais disciplinado e produtivo.
Nossa educação ainda valoriza o aluno genial, que não estuda – ou que, paradoxalmente, se sente na obrigação de estudar escondido e jactar-se de não fazê-lo. O cê-dê-efe é diminuído, menosprezado, é um pobre-diabo que só obtém bons resultados porque se mata de estudar. A vitória comemorada é a que deriva da improvisação, do golpe de mestre. E, nos casos mais tristes, até competência na cola é motivo de orgulho.
Parte do sucesso da educação japonesa e dos Tigres Asiáticos provém da crença de que todos podem obter bons resultados por via do esforço e da dedicação. Pelo ideário desses países, pobres e ricos podem ter sucesso, é só dar duro.
O êxito em nossa educação passa por uma evolução semelhante à que aconteceu nos desportos – da emoção para a razão. É preciso que o sucesso escolar passe a ser visto como resultado da disciplina, do paroxismo de dedica- ção, da premeditação e do método na consecução de objetivos.
A valorização da genialidade em estado puro é o atraso, nos desportos e na educação. O modelo para nossos estudantes deverá ser Ayrton Senna, o supremo cê-dê-efe de nosso esporte. Se em seu modelo se inspirarem, vejo bons augúrios para nossa educação.

Disponível em: http://veja.abril.com.br/idade/educacao/060601/ponto_de_vista.html. Acesso em: jul. 2016.

A posição do pronome oblíquo destacado é facultativa em:

Alternativas
Comentários
  • Não entendi essa questão.. pois é Óbvio que ocorreu na letra A --- um caso de PRÓCLISE..

    Plavras NEGATIAS ATRAEM então não seria facultativo

    só temos ênclise - quando não houver PRÓCLISE NEM MESÓCLISE.. 

     

     

  • Quando se tem uma palavra atrativa e junto a ela um verbo no infinitivo o pronome oblíquo pode ficar tanto na posição de próclise quanto na de ênclise:

    NÃO FAZER...

    Não o fazer/ Não fazê-lo - as duas opções estão corretas!

  • Quando há palavra atrativa, esta regra pode ser aplicada tanto para verbos no infinitivo, quanto no gerúndio

  •   Infinitivo não flexionado, antecedido de preposição ou de palavra atrativa.

  • Olá

    Verbo no infinito não flexionado (fazer), junto de palavra atrativa não, podemos utilizar tanto próclise quanto ênclise.

     

  • a)“[...] ou que, paradoxalmente, se sente na obrigação de estudar escondido e jactar-se de não fazê-lo.” (palavra negativa + verbo infinitivo = Próclise ou ênclise).

    b)“Foi-lhe perguntado em quem se inspirava como piloto iniciante.” ( como complemento verbal o pronome age como objeto indireto).

    c)“O cê-dê-efe é diminuído, menosprezado, é um pobre-diabo que só obtém bons resultados porque se mata de estudar.”

    d)Se em seu modelo se inspirarem, vejo bons augúrios para nossa educação.” ( C e D deveriam ser ênclise)

  • Caso facultativo:

    Infinitivo não flexionado precedido de “palavras atrativas” ou das preposições “para, em, por, sem, de, até, a”.
    – Meu desejo era não o incomodar. / Meu desejo era não incomodá-lo.
    – Calei-me para não contrariá-lo. / Calei-me para não o contrariar.
    – Corri para o defender. / Corri para defendê-lo.
    – Acabou de se quebrar o painel. / Acabou de quebrar-se o painel.
    – Sem lhe dar de comer, ele passará mal. / Sem dar-lhe de comer, ele passará mal.
    – Até se formar, vai demorar muito. / Até formar-se, vai demorar muito.
    – Erro agora em lhe permitir sair? / Erro agora em permitir-lhe sair?
    – Por se fazer de bobo, enganou a muitos. / Por fazer-se de bobo, enganou a muitos.
    – Estou pronto a te acompanhar. / Estou pronto a acompanhar-te.

    Fonte: Pestana, Fernando - A gramática para concursos públicos / Fernando Pestana. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

    Gabarito: A

  • LETRA D - Verbo no infinitivo  pessoal regidos de preposição - Próclise obrigatória.

    Quem se inspira se inspira em algo.

  • continuo sem entender...algum professor para responder essa questão, por favor!!!!! :(

  • Colocação FACULTATIVA.
    Há apenas dois casos.
    1) Sujeito expresso próximo ao verbo.
          -Aquela senhorita se refere(-se) ao mendigo
    2) Verbo no infinitivo antecedido por "não" ou preposição. 
          - Todos sabemos que, ao se acostumar(-se) com a vida, tendemos ao comodismo.

  • Dory Sousa, nao sou professora, mas vou tentar ajudar vc! 

    Como muitos aqui já disseram: verbo no infinitivo nao flexionado precedido de preposiçao ou palavra negativa, a colocaçao pronominal sempre será FACULTATIVA, ou seja, o uso do pronome oblíquo poder ser antes ou depois do verbo. 

     

     a) “[...] ou que, paradoxalmente, se sente na obrigação de estudar escondido e jactar-se de não fazê-lo.” CORRETA!

     a) “[...] ou que, paradoxalmente, se sente na obrigação de estudar escondido e jactar-se de não o fazer.”  Também estaria CORRETA!

     

     b) “Foi-lhe perguntado em quem se inspirava como piloto iniciante.” INCORRETA, porque esta alternativa nao é facultativa! Porém o pronome oblíquo "se" está colocado de forma correta, em próclise, atraído obrigatoriamente pelo pronome relativo "quem".

     

    Contestando o colega Rai Cani:

     

     c) “O cê-dê-efe é diminuído, menosprezado, é um pobre-diabo que só obtém bons resultados porque se mata de estudar.” INCORRETA, porque esta alternativa nao é facultativa! Porém o pronome oblíquo "se" está colocado de forma correta, em próclise, pois está atraído obrigatoriamente pelo "porque", que nesta oraçao composta: "{...} só obtém bons resultados porque se mata de estudar" é uma conjunçao subordinativa adverbial causal, fator obrigatório de próclise. Ainda assim, também acho que o pronome relativo "que" também o atraia para próclise, pois nao há uma distância especificada para ocorrer a atraçao. 

     

     d) Se em seu modelo se inspirarem, vejo bons augúrios para nossa educação.”  INCORRETA, porque esta alternativa nao é facultativa! Porém o pronome oblíquo "se" está colocado de forma correta, em próclise, porque o primeiro "Se" o atrai, por ser uma conjunçao subordinativa condicional; e também o pronome demonstrativo "seu". "Vejo bons augúrios para nossa educaçao se em seu modelo se inspirarem".(forma direta). E apesar do verbo "inspirarem" estar no infinitivo, ele está flexionado e está somado a frase com preposiçao: "Se em seu modelo se inspirarem". (em = preposiçao). OBS: Frases com preposiçao + infinitivo flexionado = próclise

     

    Fonte: http://www.educacional.com.br/upload/dados/materialapoio/55010001/2119252/coloca%C3%A7%C3%A3o%20pronominal%202.pdf

     

  • Não iria acertar nunca

  • Lourena Thais, nem sempre!

    TODA ÊNCLISE A UM VERBO NO INFINITIVO É CORRETA, AINDA QUE EXISTA UM FATOR DE PRÓCLISE.

    Ex: A fim de não encontrá-lo no consultórios, deixei para ir no dia seguinte.

    [...] ou que, paradoxalmente, se sente na obrigação de estudar escondido e jactar-se de não fazê-lo.”

  • a)


    Tanto proclise quanto ênclise podem ocorrer quando o infinitivo estiver precedido de preposição ou palavra atrativa.
    Exemplos: 
    Encontramos um meio de não o incomodar.
    Encontramos um meiode não incomodá-lo.

  • Marquei de cara a letra D como errada, pois, nenhuma oração deve iniciar com Pronome Oblíquio.

    Caso esteja equivocado, corrijam-me. 

  • rpz essas bancas estao fazendo o q querem

  • @AlaN Spier

    Nesse caso, o SE está como uma conjunção condicional

    Cuidado com essas duas:

     

    Conjunção subordinativa condicional – estabelece um sentido de condição, podendo equivaler-se a “caso não”.

    Se todos tivessem estudado, as notas seriam altas....

    Conjunção subordinativa causal – relaciona-se a “já que”, “uma vez que”. 

    Se não tinha competência para o cargo, não poderia ter aceitado a proposta. 
     

  • É uma regra Especial:

    Verbo no infinitivo, precedido de palavra negativa ou preposição: usa-se a próclise ou ênclise.

     

    Consutem suas gramática! Bjos de Lúz.

  • Graças a DEUS eu errei esta questão antes da minha prova.

    Fiz uma conferência na gramática, e bem lá no rodapé da pág 538 mestre CEGALLA.

    * Se a palavra negativa preceder um infinitivo, é possível a ênclise.

    Ex: Calei-me para não magoá-lo.

     

    Foco na .40

  • Gabarito letra A.

    Com infinitivos, o pronome pode vir antes ou depois do verbo, mesmo havendo palavra atrativa: é uma faculdade. 

  • Camila FocoForçaFé,

    seu comentario está perfeito, mas fazendo algumas correções.

    B) "quem" não é pronome relativo, é pronome indefinido

    D) "seu" não é pronome demonstrativo, é pronome possessivo

    no mais, otima explicação

  • "de estudar escondido e jactar-se de não fazê-lo.”

    "de estudar escondido e jactar-se de não o fazer.”

  • Para responder esta questão, exige-se conhecimento em colocação pronominal. O candidato deve indicar qual alternativa possui uma situação que o pronome pode ficar em mais de uma posição. Vejamos:

    Os pronomes pessoais oblíquos átonos me, te, se, lhe(s), o(s), a(s), nos e vos podem estar em três posições ao verbo ao qual se ligam.

    Próclise é antes do verbo⇾ Nada me faz tão bem quanto passar em concurso.

    Mesóclise é no meio do verbo⇾ Abraçar-lhe-ei…

    Ênclise é após o verbo⇾ Falaram-me que você está muito bem.

    Após vermos o conceito e os exemplos, iremos analisar cada assertiva a fim de encontrarmos a resposta correta. Analisemos:

    a) Correta.

    “[...] ou que, paradoxalmente, se sente na obrigação de estudar escondido e jactar-se de não fazê-lo.”

    O verbo "fazer" está no infinitivo, dessa forma, pode o pronome oblíquo ficar em próclise ou ênclise, mesmo com a presença da palavra negativa "não" (não o fazer)

    b) Incorreta.

    “Foi-lhe perguntado em quem se inspirava como piloto iniciante.”

    Diante de pronome indefinido o pronome oblíquo deve ficar em próclise.

    c) Incorreta.

    “O cê-dê-efe é diminuído, menosprezado, é um pobre-diabo que só obtém bons resultados porque se mata de estudar.”

    Diante de conjunção subordinativa o pronome oblíquo fica em posição de próclise.

    d) Incorreta.

    "Se em seu modelo se inspirarem, vejo bons augúrios para nossa educação.”

    Em oração subordinativa, o pronome oblíquo deve ficar em próclise, a primeira oração é condicional, tanto é verdade que inicia com "se" de condição.

    Gabarito do monitor: A