Leia o texto a seguir:
A gaiola
de Maria do Carmo B. C. de Melo
E era a gaiola e era a vida era a gaiola
e era o muro a cerca e o preconceito
e era o filho a família e a aliança
e era a grade a filha e era o conceito
e era o relógio o horário o apontamento
e era o estatuto a lei e o mandamento
e a tabuleta dizendo é proibido.
E era a vida era o mundo e era a gaiola
e era a casa o nome a vestimenta
e era o imposto o aluguel a ferramenta
e era o orgulho e o coração fechado
e o sentimento trancado a cadeado.
E era o amor e o desamor e o medo de magoar
e eram os laços e o sinal de não passar.
E era a vida era a vida o mundo e a gaiola
e era a vida e a vida era a gaiola.
(Apud Alda Beraldo. Trabalhando com poesia. São Paulo: Ática,
1990. v. 2, p. 17.),
As palavras em textos literários não apresentam um sentido
único, cujos valores gramaticais são relativizados em virtude
da criatividade do autor. Na construção do poema tem-se a
repetição da conjunção “e” que cumpre o papel de ligar as
palavras e orações. Essa conjunção estabelece entre as ideias
relacionadas no texto um sentido de: