SóProvas


ID
2048113
Banca
CS-UFG
Órgão
Prefeitura de Goiânia - GO
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                 Texto 3

                        Teoria, ideologia e a urgente necessidade

                                     de pensar contra a má-fé

                                                                                                          Márcia Tiburi

      O teólogo André Musskopf defende que os fundamentalistas têm ajudado o feminismo e os movimentos pela diversidade sexual e de gênero. Em artigo, ele defende que “talvez o mais surpreendente seja que aqueles e aquelas que não queriam falar sobre o assunto de repente se veem obrigadas e obrigados a estudar e conhecer – e até falar sobre ele”. De fato, a gritaria de alguns tem esse outro lado, um efeito inesperado de colocar a questão em pauta, de levar muita gente a repensar o modo como a questão de gênero afeta suas vidas cotidianas. A vida e a sociedade são dialéticas, digamos assim, tudo pode ter dois lados, e o olhar otimista ajuda todos os que sobrevivem a seguir na luta por direitos. Mas infelizmente há o lado péssimo de tudo isso, aquele que é vivido pelas vítimas desse estado de coisas, aqueles para quem não há justiça alguma.

      Quem luta, não pode desistir. Enfraquecer o inimigo é necessário desde que não se menospreze sua força.

      O caminho que devemos seguir quando se trata de pensar em gênero é aquele que reúne o esforço da crítica, da pesquisa, do esclarecimento, o esforço de quem se dedica à educação e à ciência, com o esforço da escuta. Quando escuto alguém falando de “cura gay” imagino o grau de esvaziamento de si, de pobreza subjetiva, que levou essa pessoa a aderir a uma teoria como essa. Infelizmente, esse tipo de teoria popular se transforma em ideologia enquanto, ao mesmo tempo, é usada por “donos do poder”, para vantagens pessoais.

      Importante saber a diferença entre teoria e ideologia. São termos muito complexos. Incontáveis volumes já foram escritos sobre isso, mas podemos resumir nos seguintes termos: teoria é um tipo de pensamento que se expõe, ideologia é um tipo de pensamento que se oculta.

      Há, no entanto, um híbrido, as “teorias ideológicas” que, por sua vez, expõem com a intenção de ocultar, ou ocultam fingindo que expõem.

      Há teorias populares (que constituem o senso comum, as opiniões na forma de discursos que transitam no mundo da vida depois de terem sido lidas em jornais e revistas de divulgação) e teorias científicas (que estão sempre sendo questionadas e podem vir a ser desconstituídas, mas que escorrem para o senso comum e lá são transformadas e, em geral, perdem muito do seu sentido).

      Ideologia, por sua vez, é o conjunto dos discursos e opiniões vigentes que servem para ocultar alguma coisa em vez de promover esclarecimento, investigação e ponderação.

      A ideologia de gênero, sobre a qual se fala hoje em dia, não está na pesquisa que o discute e questiona, mas no poder que, aliado ao senso comum, tenta dizer o que gênero não é.

      Algo muito curioso acontece com o uso do termo ideologia quando se fala em “ideologia de gênero”. Algo, no mínimo, capcioso. Pois quem usa o termo “ideologia de gênero” para combater o que há de elucidativo no termo gênero procura ocultar por meio do termo ideologia não apenas o valor do termo gênero, como, por inversão, o próprio conceito de ideologia. É como se falar de ideologia de gênero servisse para ocultar a ideologia de gênero de quem professa o discurso contra a ideologia de gênero.

      Não se trata apenas de uma manobra em que a autocontradição performativa é ocultada pela força da expressão, mas de um caso evidente de má fé. E quando a má fé vem de pessoas (homens, sobretudo) que se dizem de fé, então, estamos correndo perigo, porque a fé do povo tem sido usada de maneira demoníaca.

      O papel ético e político de quem pesquisa, ensina e luta pela lucidez em uma sociedade em que os traços obscurantistas se tornam cada vez mais intensos é também demonstrar que percebemos o que se passa e que continuaremos do lado crítico a promover lucidez, diálogo e respeito aos direitos fundamentais, inclusive relativos à sexualidade e ao gênero, em que pese a violência simbólica a que estamos submetidos. 

Disponível em: <http://revistacult.uol.com.br/home/2016/02/vamos-conversar-sobre-genero/> . Acesso: em 13 abr. 2016. [Adaptado].

Em várias passagens do texto, nota-se o uso do sinal indicador de aspas. No caso de sua utilização em “cura gay”, “donos do poder”, “teorias ideológicas”, elas

Alternativas
Comentários
  • Pra mim seria "A".

    De acordo com minhas gramáticas, usa-se:

    a) citação de alguém;

    b)expressões estrangeiras,neologismos, gírias;

    c) citar obras artísticas ou científicas.

     

    Ainda achei num site o anunciado da "a":

    Uma situação de uso em que as aspas são empregadas com frequência é quando temos como intenção exprimir ironia ou conferir destaque a uma palavra ou expressão empregada fora de seu contexto habitual. Observe o exemplo:

    Moça linda bem tratada,
    Três séculos de família,
    Burra como uma porta:
    Um “amor”.

     

    AINDA TINHA ISSO AQUI NO SITE:

    Para ressaltar a ocorrência de empréstimos linguísticos (estrangeirismos) no texto, sobretudo quando não estiver disponível a opção “itálico”. Observe o exemplo:

    A “baby-sitter” e o “barman” marcaram um encontro no “hall” do edifício.

     

    FONTE: http://portugues.uol.com.br/gramatica/dicas-sobre-uso-das-aspas.html

     

     

    Se alguém entendeu o gabarito, aguardo explicações. :) 

     

  • GABARITO C 

    demonstram crítica ou ressaltam a discordância do enunciador quanto ao que julga ser inapropriado.  

  • Existe cura gay?Quem é o dono do poder?Teoria ideológica?Teoria não é objetiva, sem ideologia?

    Com essas argumentações, o enunciador critica ou discorda dessas expressões.

    Gabarito C.Bons estudos!

  • Essa banca (CS-UFG) é muito confusa no estilo de examinar compreensão e interpretação de texto.

    As alternativas, quase sempre, nos confundem (INTENCIONAL) pois sempre haverá uma ou outra "parcialmente" correta.

    Portanto o macete para encontrar o item correto é: "Buscar o que seja o menos errado"

    Noutras palavras bem simplórias: "ela (banca) escreve um monte de bobagem, e aquela que for menos idiota será a correta".

    Nessa banca, INFELIZMENTE, sempre haverá mais de um item correto, procure por aquele que esteja o menos errado dentre as opções.