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ID
2107738
Banca
IMAM
Órgão
Prefeitura de Lavras - MG
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I
Assisto, logo existo
Sintoma William Moreira. Eis a definição do psicólogo Carlos Perktold para a dificuldade da geração pós-64 de entender o que lê.
Por Maurício Dias

Quando leu os resultados da avaliação do desempenho dos estudantes brasileiros do ensino fundamental, revelados pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), o psicólogo mineiro Carlos Perktold viu ali, multiplicada milhares de vezes, a situação do jovem Tiago D., de 17 anos, de quem ele cuida profissionalmente. 
Tiago, assim como grande parte dos 53 mil alunos que responderam à prova de português do SAEB, são portadores de um problema que Perktold, membro do círculo psicanalítico de Minas Gerais, batizou de sintoma William Moreira. 
Todo portador desse sintoma tem uma singularidade: entende apenas o que ouve e não o que lê. Tiago, por exemplo, reclamava de um erro no computador e recebeu instruções escritas para corrigi-lo. Não conseguiu entender o que leu. Depois de ouvir a leitura do que estava escrito disse: “Ah, é isso? Não tem problema, faço agora”. 
O sintoma William Moreira parece, mas não é, oligofrenia. Também não é analfabetismo funcional, porque não se manifesta apenas em pessoas com baixa escolaridade. Não é, enfim, uma doença catalogável. É, sim, um fenômeno intelectual de um tempo em que o texto praticamente sucumbiu ao recurso visual e, principalmente, à imagem da televisão. 
O batismo do sintoma vem, assim, do cruzamento dos nomes dos dois mais conhecidos locutores-apresentadores de televisão: William, de William Bonner, e Moreira, de Cid Moreira. Em geral, os portadores do sintoma são bem informados sobre tudo o que ouviram, mas nunca sobre o que leram. 
Perktold – cuja paixão pela pintura o levou a integrar a Associação Brasileira de Críticos de Arte – contou a história de Tiago no livro Ensaios de Pintura e Psicanálise, lançado no início deste ano. Ele explica, nesta entrevista a Carta Capital, como e por que o problema é preocupante.
 [...]
Carta Capital: Uma boa dose de leitura ajuda a reverter a situação?
Carlos Perktold: O portador do sintoma William Moreira não sabe que ele foi construído ao longo de uma existência sem leitura. Com a leitura nasce algo internamente. A dificuldade causadora de sua existência começa quando é chegado o momento de compreender as palavras escritas, formadoras de uma frase, de um pensamento; o momento de ler ou de escrever um simples bilhete. 
Na nossa existência há uma hora na qual “a ficha cai” dentro de cada um e o texto passa a ter a sua importância. A minha experiência indica que isso ocorre quando há leituras sucessivas. Quando alguém me pede, aconselho a começar a ler textos menores: crônicas e contos que sirvam de iscas intelectuais. Aconselho também a buscar nos dicionários o significado das palavras desconhecidas. É assim que melhoramos nosso vocabulário e aprendemos a expressar o que queremos.
[...] 
Carlos Perktold: A televisão é uma máquina “emburrecedora”. Acabado um programa inteligente, ninguém tem tempo para elaborar [...] o que viu. Surge outro de conteúdo diferente e, com frequência, sem ligação com o primeiro. O show deve continuar. Além disso, há realmente um interesse ideológico de que as pessoas pensem? Por fim, temos essa maravilhosa praga chamada internet. A geração atual imagina encontrar nela casa, comida, roupa lavada e vários salários mínimos, creditados em conta corrente bancária mensalmente. Não descobriram ainda que ela é a velha biblioteca modificada no tempo e no espaço.
Carta Capital, 07 de julho de 2004

Oligofrenia: escassez de desenvolvimento mental que pode ter causas diversas (hereditárias ou adquiridas)..

“Assisto, logo existo”.
A classificação CORRETA da segunda oração na frase acima é:

Alternativas
Comentários
  • Algumas conjuções e locuções conjucionais coordenada sindética conclusiva: LOGO, pois, portanto, assim, por isso, por consequência, por conseguinte, consequentemente, de modo que, desse modo, então, etc


  • “Assisto,

    logo existo”.

    c)  coordenada conclusiva.

     

    Por que período composto? Pois tem duas orações, isto é, 2 verbos. Cada verbo - uma oração. (ASSISTO, EXISTO)

    Por que Coordenada? Pois são orações independentes, compreensíveis quando lidas separadamente.

    Por que sindéticas? Pois são ligadas por conjunções, nesse caso,  por conjunção coordenativa (LOGO)

    Por que conclusiva? Pois a segunda oração expressa uma ideia conclusiva da ideia exposta na primeira oração.

  • GABARITO C


    Basta substituir a conjunção LOGO pela PORTANTO, que saberemos ser conclusiva e teremos a resposta.


    bons estudos

  • coordenada conclusiva.

  • A questão quer a classificação da segunda oração em "Assisto, logo existo". Nesse caso, temos uma oração iniciada pela conjunção coordenativa conclusiva "logo". Analisemos as alternativas.

    A subordinada adverbial causal.

    Oração subordinada adverbial causal: exprime ideia de causa do fato expresso na oração principal. É introduzida pelas conjunções porque, porquanto, uma vez que, visto que, já que, como... 

    Ex.: Já que você estudou muito, suas chances de passar são enormes. 

    B subordinada adverbial consecutiva.

    Oração subordinada adverbial consecutiva: exprime consequência do fato expresso na oração principal. É introduzida pelas conjunções que (precedido de tão, tal, tanto, tamanho), sem que, de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que... 

    Ex.: Estudou tanto que passou na prova. 

    C coordenada conclusiva.

    Oração coordenada sindética conclusiva: tem valor semântico de conclusão, fechamento, finalização... É ligada às outras por meio das seguintes conjunções: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois (depois do verbo), então, destarte, dessarte... 

    Ex.: Estudamos muito, portanto passaremos no concurso. 

    D coordenada explicativa.

    Oração coordenada sindética explicativa: tem valor semântico de explicação, justificativa, motivo, razão. É ligada às outras por meio das seguintes conjunções: porque, pois (antes do verbo), que, porquanto... 

    Ex.: Não espere meu apoio, pois seu pedido é absurdo. 

    Gabarito: Letra C