SóProvas


ID
2222875
Banca
IBADE
Órgão
Câmara de Santa Maria Madalena - RJ
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Longe dos olhos, longe da consciência


   Alguns anos atrás os jornais noticiaram, com destaque, que a praça da Sé estava voltando a ser um aprazível ponto turístico de São Paulo.

  A providência higienizadora do nosso marco zero consistiu na retirada dos menores que por lá perambulavam. Com a saneadora medida, a praça estava salva, voltava a ser nossa. A sua crônica sujeira não mais incomodava. Os menores estavam fora, pouco importava a permanência dos marreteiros, pregadores da Bíblia, comedores de faca e fogo, ciganos, repentistas e os saudáveis churrasquinhos e pastéis. Até os trombadões permaneceram. Aliás, é compreensível; é bem mais fácil remover as crianças do que deter os trombadões.

  Anteriormente, competente e sensível autoridade levou dezenas de menores para fora das fronteiras de nosso Estado. A operação expurgo foi também bastante noticiada.

  No Rio de Janeiro a providência teve caráter definitivo. As crianças foram mortas na Candelária.

   Em Belo Horizonte, também há algum tempo, uma operação militar foi montada para retirar das ruas cerca de 500 crianças. A imprensa exibiu fotos de crianças de até quatro anos, várias com chupetas na boca, sendo colocadas em camburões pelos amáveis e carinhosos soldados da milícia mineira, que souberam respeitar as crianças, deixando-as com suas chupetas.

  Riscar as crianças dos mapas urbanos já não está mais nos planos dos zelosos defensores das nossas urbes e da nossa incolumidade física. Viram ser essa uma missão inócua. Retiradas daqui ou dali, passam a habitar lá ou acolá. Saem da praça da Sé, vão para a praça Ramos ou para as praças da zona Leste, Oeste, Norte ou Sul. Saem de uma capital e vão para outra, de um extremo ao outro do país.

  Ironias à parte, cuidar dos menores para evitar o abandono, para suprir as suas carências e para protegê-los da violência que os atinge é obrigação humanitária de todos nós. E, para quem não tem a solidariedade como móvel de sua conduta, que aja ao menos impulsionado pelo egoísmo em nome da autopreservação.

  No entanto novamente se assiste ao retumbante coral repressivo, que entoa a surrada, falsa e enganosa solução da cadeia para os que já cometeram infrações e, para os demais, esperar que as cometam, para irem fazer companhia aos outros.

  A verdade é que sempre quisemos distância das nossas crianças carentes. Longe dos olhos, longe da consciência. A sociedade só se preocupa com os menores porque eles estão assaltando. Estivessem quietos, amargando inertes as suas carências, continuariam esquecidos e excluídos.

  Esse problema, reduzido à fórmula simplista de solução - diminuição da idade -, bem mostra como a questão criminal no país é tratada de forma leviana, demagógica e irresponsável. Colocam-se nas penitenciárias ou nas delegacias os maiores de 16 anos e ponto final. Tudo resolvido.

  A indagação pertinente é por que diminuir a responsabilidade penal só para 16 anos. Há crianças com dez ou oito anos assaltando? Vamos encarcerá-las. Melhor, nascituros também poderiam ser isolados. Dependendo das condições em que irão viver, poderão estar fadados a nos agredir futuramente. Não será melhor criá-los longe dos centros urbanos, isolá-los em rincões distantes para que não nos ponham em risco?

  Parece estar na hora - tardia, diga-se de passagem - de encararmos com honestidade e com olhos de ver a questão do crime no país, especialmente do menor infrator e do menor carente. Chega de demagogia e de hipocrisia. Vamos cuidar da criança e do adolescente. Aliás, não só do carente e do abandonado, mas também daqueles poucos bem nascidos, pois também estavam cometendo crimes. Destes esperamos que os pais acordem e imponham regras e limites, deem menos liberdade, facilidades e dinheiro e mais educação, respeito pelo próximo e conhecimento da trágica realidade do país.

  Em relação aos outros, esperamos que a sociedade e o Estado, em vez de os porem na cadeia, eduquem-nos, deem-lhes afeto e os ajudem a adquirir autoestima, única maneira de os proteger do crime de abandono.

OLIVEIRA, Antônio Cláudio Mariz de. Longe dos olhos, longe da consciência. Folha de S. Paulo, São Paulo, 11 ago. 2004. Brasil, Opinião, p. A3.

A oração destacada em "DEPENDENDO DAS CONDIÇÕES EM QUE IRÃO VIVER, poderão estar fadados a nos agredir futuramente.” pode ser adequadamente substituída, sem alteração de sentido, pela seguinte oração desenvolvida:

Alternativas
Comentários
  • Interpretei como uma hipótese:  "DEPENDENDO..." ( a depender das condições tal...)

     

    logo, uma condição: Se dependesse das condições em que irão viver.

     

    [Gab. B]

     

    bons estudos

  • Eu interpretei pelo verbo no subjuntivo que trás dúvidas, e a questão (B) trás a correção grámatical correta com o verbo no subjuntivo. SE DEPENDESSE

  • Gabarito Letra 'B"

     

    "DEPENDENDO DAS CONDIÇÕES EM QUE IRÃO VIVER(...)" Condicional. 

     

     a) Para depender das condições em que irão viver. (traz ideia de finalidade);

     

     b) Se dependesse das condições em que irão viver. (Gabarito, - condicional - Fiquei na dúvida, pois jogando para o subjuntivo,  o verbo poderão tbm deveria ser alterado, mas a questão não fala nada em erro ortográfico, só em sentido, por isso essa é a correta);

     

     c) Embora dependesse das condições em que irão viver. (adversativa);

     

     d) Quando depender das condições em que irão viver.(temporal);

     

    e) Porque depende das condições em que irão viver. (o porque pode ser causal ou explicativo)

  • c) Embora dependesse das condições em que irão viver. (adversativa);

    Esta forma estaria correta? não seria (concessiva).

  • O único porém da alternativa B é que seria necessário alterar o verbo da segunda frase, por isso não consegui encontrar resposta para a questão. Mas o enunciado não fala nada sobre questões gramaticais, então entendo que não haveria realmente problema com o gabarito.

  • Silviney, a oração é reduzida de gerúndio (O. sub. adv. condicional reduzida de gerúndio). A questão pede que vc desenvolva a oração sem alteração de sentido. Logo, a alternativa B é a correta pois o SE é a conjunção adequada. A palavra "Embora" dá ideia concessiva, desse modo alteraria o sentido.

    Espero ter ajudado.

  • É só trocar o DEPENDENDO por A DEPENDER. "A + INFINITIVO" é característico de oração subordinada adverbial condicional, assim como o SE. Por isso, o gabarito é letra B.

  • As orações desenvolvidas possuem: conector +verbo conjugado, o que já elimina as letras A, D e E.

    Utilizando a conjunção "embora", que é utilizada para dar ideia de concessão, o sentido seria alterado

  • Eu inverti:

    "poderão estar fadados a nos agredir futuramente DEPENDENDO DAS CONDIÇÕES EM QUE IRÃO VIVER"

    Fica mais claro notar que é uma condição.

     

  • O. sub. adv. condicional reduzida de gerúndio

    DEPENDENDO DAS CONDIÇÕES EM QUE IRÃO VIVER

     

    SE DEPENDESSE DAS CONDIÇÕES EM QUE IRÃO VIVER

    ORAÇÃO SUBORDINA ADVERBIAL CONDICIONAL

     

    Orações Subordinadas Adverbiais

    a) Causa

       A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do que se declara na oração principal. "É aquilo ou aquele que determina um acontecimento".

     

    Outras conjunções e locuções causais: como (sempre introduzido na oração anteposta à oração principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto que.

     

    As ruas ficaram alagadas  porque a chuva foi muito forte.



    Por ter muito conhecimento (= Porque/Como tem muito conhecimento), é sempre consultado. (Oração Reduzida de Infinitivo)

     

    b) Consequência

    As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem um fato que é consequência, que é efeito do que se declara na oração principal. São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão... que, tanto... que, tamanho... que.

    Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)

     

    É feio  que dói. (É tão feio que, em consequência, causa dor.)
     

    Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida de Infinitivo)
     

     

    c) Condição

    Condição é aquilo que se impõe como necessário para a realização ou não de um fato. As orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se realize ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal.

     

    Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).

     

    Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certamente o melhor time será campeão.

    Não saia sem que eu permita.


    Conhecendo os alunos (= Se conhecesse os alunos), o professor não os teria punido. (Oração Reduzida de Gerúndio)

     

    d) Concessão

       As orações subordinadas adverbiais concessivas indicam concessão às ações do verbo da oração principal, isto é, admitem uma contradição ou um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente ligada ao contraste, à quebra de expectativa. 

     

    Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que.

     

    Só irei  se ele for.

     

    A oração acima expressa uma condição: o fato de "eu" ir só se realizará caso essa condição for satisfeita.

     

    Irei  mesmo que ele não vá.

     

    A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial concessiva.

    Embora fizesse calor, levei agasalho.

    Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

     

     

     

     

  • Conformidade

    As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra, um modelo adotado para a execução do que se declara na oração principal.

    Principal conjunção subordinativa conformativa: CONFORME

    Outras conjunções conformativas: como, consoante segundo (todas com o mesmo valor de conforme).

     

    Fiz o bolo 

    conforme ensina a receita.
    Consoante reza a Constituiçãotodos os cidadãos têm direitos iguais.
    Segundo atesta recente relatório do Banco Mundial, o Brasil é o campeão mundial de má distribuição de renda.

     

    g) Finalidade

    As orações subordinadas adverbiais finais indicam a intenção, a finalidade daquilo que se declara na oração principal.

    Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE

    Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a locução conjuntiva para que.

     

    Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
    Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada entrasse.

     

    h) Proporção

    As orações subordinadas adverbiais proporcionais exprimem ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.

    Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: À PROPORÇÃO QUE

    Outras  locuções conjuntivas proporcionais:  à medida queao passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior... (maior), quanto maior... (menor), quanto menor... (maior), quanto menor... (menor), quanto mais... (mais), quanto mais... (menos),  quanto menos... (mais), quanto menos... (menos).

    À proporção que estudávamos, acertávamos mais questões.

    Visito meus amigos à medida que eles me convidam.

    Quanto maior for a altura, maior será o tombo.

     

    À medida que é uma conjunção que expressa ideia de proporção; portanto, pode ser substituída por "à proporção que".
    Na medida em que exprime uma ideia de causa e equivale a "tendo em vista que" e só nesse sentido deve ser usada.


    Na medida em que não há provas contra esse homem, ele deve ser solto.
    Atenção: não use as formas “à medida em que” ou “na medida que”.

     

    i) Tempo

    As orações subordinadas adverbiais temporais acrescentam uma ideia de tempo ao fato expresso na oração principal, podendo exprimir noções de simultaneidade, anterioridade ou posterioridade.

    Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO

    Outras conjunções subordinativas temporais: enquantomal e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que, antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.

     

    Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
    Sempre que ele vem, ocorrem problemas.
    Mal você saiu, ela chegou.
    Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando terminou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)

  • No período composto, podemos encontrar:

     

    a) Orações subordinadas justapostas (sem conectivo):

     

    Ana e Gustavo já se conheciam, 

    mostravam-se muito amigos.

     

    b) Orações cujo verbo encontra-se elíptico (subentendido):

     

    O candidato promete que, 

    se eleito, transformará o país.

     

     

    c) Orações intercaladas ou interferentes:

    São sintaticamente independentes, se interpõem a outras orações expressando uma ressalva, um comentário ou uma opinião. Podem vir de forma intercalada em apenas uma oração ou ainda no meio de outras.

     

     

    No dia da nossa formatura - como me lembro bem! - todos estavam deslumbrantes.

    Este ano, disse a torcedora, o prêmio é do Brasil!

     

     

    Orações Reduzidas de Gerúndio

     

     

    1- Subordinadas Adjetivas

    Encontramos alguns turistas andando perdidos pelo centro da cidade.

     

     

     

    a) Temporais: Retornando ao museu, avise-me.

    b) Causais: Notando seu desânimo, pensei em outra hipótese.

    c) Concessivas: Mesmo cozinhando diariamente, o almoço não ficou bom.

    d) Condicionais: Querendo uma amiga para conversar, conte comigo.

     

    3 -Coordenadas Aditivas

    Organizou os presentes, entregando-os às crianças carentes.

     

     

    Orações Reduzidas de Particípio

     

    1 -Subordinadas Adjetivas

    As orações subordinadas adjetivas podem ser consideradas simples adjuntos adnominais. Veja o exemplo:

    Os documentos trazidos pela secretária serão arquivados.

     

     

     

     

    a) Causais: Assustado com a situação, liguei para a polícia.

    b) Concessivas: Mesmo cansado, tentou cumprir os compromissos.

    c) Condicionais: Desvendado este mistério, o problema será resolvido.

    d)Temporais: Terminada a palestra, alunos e professores aplaudiram.

     

     

    Orações Reduzidas de Infinitivo

     

    1 -Subordinadas Substantivas

     

    a) Subjetivas: Não é conveniente comprar todos estes materiais.

    b) Objetivas Diretas: Quanto ao José, dizem ter viajado para a Europa.

    c) Objetivas Indiretas: O sucesso da tua carreira depende de teres dedicação.

    d) Predicativas: A única alternativa é estudarmos no exterior.

    e) Completivas Nominais: Jorge tinha grande necessidade de passar no concurso.

    f) Apositivas: Diante deste vexame, só nos resta uma saída: ficarmos calados.

     

     

    2 -Subordinadas Adjetivas

     

    Quando saí de casa, encontrei o vizinho a tropeçar no meio da rua.

     

     

    3 -Subordinadas Adverbiais

     

    a) Causais: Não te procurei novamente por encontrar-me doente.

    b) Concessivas: Apesar de ter chorado, sorriu a todos os convidados.

    c) Consecutivas: O professor se atrasou tanto a ponto de não termos aula naquele período.

    d) Condicionais: Meus filhos não  ganham sobremesa sem almoçar direito.

    e) Finais: Estamos aqui para convidá-la para nossa festa.

    f) Temporais: Ao rever o amigo, deu-lhe um longo abraço.

  • "DEPENDENDO DAS CONDIÇÕES EM QUE IRÃO VIVER" poderão estar fadados a nos agredir futuramente.

    Expressa uma ideia de condição, logo as alternativas teriam que ser com condicionais:

    - Caso

    - Se

    - Desde que 

    - Contanto que

  • SE DEPENDENDESSE  =  DEPENDENDO  =  A DEPENDER

  • E o paralelismo vai para o caixa prego... Assim fica difícil. Questão sem resposta certa.

  • GABARITO B

    Oração subordinada adverbial condicional reduzida de gerúndio.

    DEPENDENDO DAS CONDIÇÕES EM QUE IRÃO VIVER, poderão estar fadados a nos agredir futuramente.” 

    São as mais difíceis de se compreender o sentido (Reduzidas de Gerúndio e de Particípio), pois não há "marcas".