SóProvas


ID
224299
Banca
FCC
Órgão
TRE-AC
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Multidões de mascarados e maquiados com cores alegóricas
das nacionalidades envolvidas nas disputas da Copa do
Mundo falam por esse meio uma linguagem que simbolicamente
quer dizer muito mais do que pode parecer. Trata-se de um
ritual cíclico de renovação de identidades nacionais expressas
nos ornamentos e paramentos do que é funcionalmente uma
nova religião no vazio contemporâneo. Aqui no Brasil as manifestações
simbólicas relacionadas com o futebol e seus significados
têm tudo a ver com o modo como entre nós se difundiu
a modernidade, nas peculiaridades de nossa história social.

Embora não fosse essa a intenção, rapidamente esse
esporte assumiu entre nós funções sociais extrafutebolísticas
que se prolongam até nossos dias e respondem por sua imensa
popularidade. A República, em que todos se tornaram juridicamente
brancos, sucedeu a monarquia segmentada em senhores
e escravos, brancos e negros, todos acomodados numa dessas
duas identidades. A República criou o brasileiro genérico e
abstrato. O advento do futebol entre nós coincidiu com a busca
de identidades reais para preencher as incertezas dessa ficção
jurídica. Clubes futebolísticos de nacionalidades, de empresas,
de bairros, de opções subjetivas disfarçaram as diferenças
sociais reais e profundas, sobrepuseram-se a elas e tornaram
funcionais os conflitos próprios da nova realidade criada pela
abolição da escravatura.

No futebol há espaço para acomodações e inclusões,
mesmo porque, sem a diversidade de clubes e sem a competição,
o futebol não teria sentido. O receituário da modernidade
inclui, justamente, esses detalhes de convivência com a diversidade
e com a rotatividade dos que triunfam. Nela, a vida recomeça
continuamente; depois da vitória é preciso lutar pela vitória
seguinte.

O futebol, essencialmente, massificou e institucionalizou
a competição e a concorrência, elevou-as à condição de valores
sociais e demonstrou as oportunidades de vitória de cada um no
rodízio dos vitoriosos. Nele, a derrota nunca é definitiva nem
permanente. Por esse meio, o que era mero requisito do funcionamento
do mercado e da multiplicação do capital tornou-se
expressamente um rito de difusão de seus princípios no modo
de vida, na mentalidade e no cotidiano das pessoas comuns.

É nesse sentido que o futebol só pode existir em sociedades
competitivas e de antagonismos sociais administráveis.
Fora delas, não é compreendido. Há alguns anos, um antropólogo
que estava fazendo pesquisa com os índios xerentes, de
Goiás, surpreendeu-se ao ver que eles haviam adotado entusiasticamente
o futebol. Com uma diferença: os 22 jogadores
não atuavam como dois times de 11, mas como um único time
jogando contra a bola, perseguida em campo todo o tempo.
Interpretaram o futebol como ritual de caça. Algo próprio de uma
sociedade tribal e comunitária.


(Adaptado de José de Souza Martins. O Estado de S. Paulo,
aliás, J7, 4 de julho de 2010)

A República criou o brasileiro genérico e abstrato. (2o parágrafo)

O mesmo tipo de complemento verbal grifado acima está na frase:

Alternativas
Comentários
  • RESPOSTA:  "A".

     

    Repare que em "A República criou o brasileiro genérico e abstrato"  o termo sublinhado é objeto direto.

    O mesmo acontece na alternativa "A" pois o verbo "assumir" não pede preposição, o "entre nós" não é complemento verbal.

     

  • Comentário objetivo:

    Questão clássica da FCC...

    A República criou o brasileiro genérico e abstrato.

    O verbo criar é VTD (quam cria, cria alguma coisa). Assim, precisamos encontrar em qual oração abaixo o verbo apresentado também é VTD:

    a) ... esse esporte assumiu entre nós funções sociais extrafutebolísticas ...
    Assumir: VTD

    b) ... respondem por sua imensa popularidade.
    Responder: VTI

    c) O advento do futebol entre nós coincidiu com a busca de identidades reais ...
    Coincidir: VTI

    d) ... a vida recomeça continuamente ...
    Recomeça: VI

    e) ... os 22 jogadores não atuavam como dois times de 11 ...
    Atuar: VTI

  • acho que nosso colega Daniel está equivocado ,vamos lembra que os adjuntos adverbiais também podem 

    vir com preposição (por sua imensa popularidade ,exprime uma circunstância de causa ) ...

  • a) ... esse esporte assumiu entre nós funções sociais extrafutebolísticas  

    ESSE ESPORTE ASSUMIU ,,,,(ALGO) VTD, O QUÊ?

    ASSUMIU( FUNÇÕES SOCIAIS EXTRAFUTEBOLÍSTICAS).

  • Olá pessoal!!

    Só tirando a dúvida do meu amigo Jardem Moura, do comentário acima, "assumiu" é um verbo transitivo direto porque não rege nenhuma preposição.

    Quem assume, assume algo, e pronto!!

    Valeu pessoal!!!
  • Qual seria o erro da alternativa E? Eu fiquei em dúvida quanto ao termo "...como dois times de 11...", pois também não possui preposição. Acredito que seja adjunto adverbial de modo, certo?

    Se alguém puder clarear aí, eu agradeço! rs
  • Olá pessoal! na questão "e" o verbo atuar é intransitivo, por isso não é a resposta certa!

  • "....assumiu entre..." o que ele é ?

  • a) V.T.D

    b) V.T.I
    c) V.T.I
    d) V.I (Advérbio de modo)
    e) V.I (Advérbio de modo)
  • DUVIDA

    Por que a letra A esta correta se ENTRE É PREPOSIÇÃO? A LETRA E NÃO SERIA CORRETA POR NÃO TER PREPOSIÇÃO??

  • Letra C: Quem coincide, coincide algo ou alguém?

  • Como assim.

    *1: As formas oblíquas tônicas dos pronomes mim, ti, ele(a), nós, vós, eles(as) só se usam antecedidas de preposição.

    *2: São preposições: entre, com, de, etc...

    *3: Se a expressão "entre nós..." não é OBJETO INDIRETO do verbo "assumiu", ela é o quê. OBJETO DIRETO é que não vai ser.

    Qual será o gabarito. De onde foi tirado isso.

  • esse esporte assumiu entre nós funções sociais extrafutebolísticas ...

    Quem assume, assume alguma coisa;

    Objeto Direto

  • sempre pensei q ENTRE era preposição