SóProvas


ID
2243827
Banca
IDECAN
Órgão
SEARH - RN
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                   Arte e natureza

      A natureza é uma grande musa. É por ela, e por meio dela, que sentimos a força criadora do entusiasmo – energia maior da inspiração que nos permite registrar, com prazer, a experiência da beleza refletida na harmonia das formas e no delicado equilíbrio das cores naturais. Para os antigos gregos, o entusiasmo (em + theos) nascia do encontro com o daimon, um gênio bondoso que seria o nosso guia pela vida inteira. Essa experiência nos permite também ter uma simpatia especial com o natural. E desperta a nossa criança interior, que estaria ansiosa para continuar brincando.

      Esse é o momento em que o fotógrafo de natureza pega sua câmera, pois escuta a voz interior da inspiração falar: “Vá, exercite suas asas, faça o registro, descubra sua luz e espalhe sua voz pelos quatro cantos do mundo!” O desejo começará a fazer as pazes com o coração para que todos possam aprender, apreciar e amar a natureza. Conjugar o natural com o artístico, fazer da imagem um ornamento, um texto atraente – eis as primeiras condições de uma estética do natural.

      O belo natural é a matriz primeira do belo artístico. Essa é a expressão mimética mais convincente da beleza ideal como tanto defendia Kant. É por isso que a arte ecológica tanto nos seduz, porque estimula o olhar na ampliação desse grande mistério que é ser. O artista é o que intui melhor esse sentimento e busca compulsivamente exprimi‐lo por meio do seu trabalho. O artista ecológico vive dessa temperatura e é por meio da natureza que ele fala, ou melhor, é por ela que ele aprende a falar com sua própria voz. E o momento da criação surge quando, levados por aquela força inspiradora, a intuição e a experiência racional se abraçam numa feliz alquimia. Fiat lux! É o instante em que esse encontro torna‐se obra, registro e documentação.

      Se o artista foi tocado pela musa, desse momento em diante será sempre favorecido por esse impulso. Essa força não é apenas a expressão passageira de uma vontade, mas uma busca pela vida toda na direção de algo ansioso por se tornar imagem. Esse algo é a obra de arte cuja função não vai ser apenas a de agradar, mas a de transmitir a mensagem daquela conivência.

      Quando o homem está inspirado, nada o detém. Se o sofrimento e toda sorte de obstáculos o atingem, ele cria na dor; e esse sacrifício (sacro‐ofício), ao término da obra, se tornaria um exemplo de persistência e de nobreza de espírito. Se está feliz, ele expressa sua felicidade no trabalho. Nesse instante, por exemplo, o fotógrafo da natureza, no sozinho da sua alma, poderá dizer: “Translúcida inspiração, eu a vejo em brilho com seu sorriso pintado em azul. Deixe‐me por um momento desenhar seu vulto na alquimia luminosa da minha lente!”

      Podemos concluir que o brilho de uma obra de arte nunca se apaga, isto é, ela nunca termina de dizer. No sentido de que, enquanto houver espectador para avaliar, apreciar, cuidar, guardar e restaurar, haverá obra e, assim, ela estará sempre acima do tempo. Desse tempo que destrói, desfigura e mata. O quadro “Guernica”, do pintor espanhol Pablo Picasso, por exemplo, devolve ao avaliador uma mensagem tão poderosa que aquela obra provocará surpresa e admiração enquanto existir um olhar que a contemple e avalie.

      E é esse olhar que faz da obra do tempo histórico uma surpreendente permanência, a despeito da perda do efêmero e do fugidio. No final, o artista, o espectador, a obra e o tempo se congratulam. É essa junção de forças que mantém vivo todo trabalho artístico. Ainda bem que a natureza sabe escolher com paciência seus artesãos. Isto é, aqueles que vão dizê‐la com suas próprias vozes, como o fotógrafo, o escultor, o desenhista, o músico e o pintor.

     (Alfeu Trancoso – Ambientalista e professor de Filosofia da PUC/ Minas.)

O texto deve ser incluído, por suas marcas predominantes, entre o seguinte modo de organização discursiva

Alternativas
Comentários
  • - Dissertativo Expositivo:

    É o texto de ideias, explana, discute, revela o que o autor sabe sobre determinado assunto. Sua linguagem é objetiva, clara, impessoal, Traz abordagem sobre um tema, permitindo que o leitor desenvolva sua própria opinião sobre o assunto.

    Neste texto o autor não manifesta, ao menos explicitamente, suas opiniões sobre o tema tratado.

    Segundo Pestana:Todo texto de cunho expositivo, que tem por objetivo definir algo, como um dicionário, por exemplo, apresenta linguagem técnica, sóbria, pois o objeto é informar da maneira mais clara possível. E mais, faz um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma pessoa, um animal, um pensamento, um objeto, um movimento etc.

  • Resposta: Letra C.

    Essa questão é controversa e foi objeto de recurso.

    Evidentemente, a maior parte do texto apresenta exposição de ideias, caracterizando-se como dissertação expositiva. Não obstante, o autor apresenta-se, em poucas ocasiões, na primeira pessoa do plural e demonstra, ao final, intuito de convencer o leitor sobre a atemporalidade da obra de arte; há, portanto, dissertação argumentativa. Desse modo, verifica-se conflito: alguns estudiosos alegam que a presença de pequeno trecho argumentativo é suficiente para caracterizá-lo como argumentativo; outros consideram que a ocorrência de pequeno argumento não anula as características gerais do texto.

    Em resposta a recurso, a Banca Examinadora adota a última ideia: "Raramente encontramos um texto que seja, por exemplo, totalmente narrativo ou totalmente argumentativo. Em geral, os textos são formados por 'sequências' de um determinado tipo. Contudo ao observar os diferentes gêneros textuais, perceberemos que muitos deles apresentam sequência tipológica predominante e, por essa razão, tem assim, estabelecida sua tipologia. // O texto em questão possui características de um texto expositivo por ter, predominantemente, uma linguagem objetiva, verbos no presente, narrativa em 3ª pessoa para expor informações e transmitir conhecimentos. Os outros elementos também presentes no texto mesclam outras tipologias, mas o fator expositivo predomina". Se forem prestar concurso pelo IDECAN, recomendo considerarem esse pensamento durante a prova...

    Espero ter contribuído...

    Abraços!

  • Começando  a amar o cespe.

  • 3. Dissertação
    Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Dependendo do objetivo do autor, pode ter caráter expositivo ou argumentativo.
     

    3.1 Dissertação-Exposição

    Apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Apresenta informações sobre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia ideias de modo objetivo. O texto expositivo apenas expõe ideias sobre um determinado assunto. A intenção é informar, esclarecer.  Ex: aula, resumo, textos científicos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais,  etc.

     

    3.1 Dissertação-Argumentação

    Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponto de vista do autor. O texto, além de explicar, também persuade o interlocutor, objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias. Geralmente utiliza linguagem denotativa. É tipo predominante em: sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica, editorial de jornais e revistas.

    fonte: http://www.portuguesxconcursos.com.br/p/tipologia-textual-tipos-generos.html

  • Alternativa "C".

     

    A linguagem desse gênero textual é objetiva.

     

    Para expor um assunto com clareza, os autores investigam ou conhecem bastante o tema em voga.

     

    Em geral, eles são especialistas (profissionais que se dedicam a um determinado trabalho), como jornalistas e escritores.


    Na leitura de um texto expositivo, você encontra explicações, descrições (relação das características sobre determinado assunto) e conceitos (definições sobre dado tema) relacionados com o conteúdo apresentado pelo autor.

  • Perfeiro, Victor Campos!

    Eu respondi LETRA D convicto.

  • Letra C e a resposta correta. o texto informa apresenta informações sobre o assunto. Por favor não postem alternativas se realmente não souber a resposta. Como postaram anteriormente a letra D como opção. No entanto está errada.

  • Eu ia marcar letra C, mas prestei atenção no último parágráfo e achei que era argumentativo. Mas é só se atentar à pergunta. PREDOMINIO, ele é praticamente todo expositivo, errei por não prestar atenção no que a questão queria.

  • Marquei a D por falta de atenção

  • Sinceramente, não dá pra concordar muito com esse gabarito..

    Vejo trechos com termos que apresentam argumentação e opinião do autor em quase todos os parágrafos...

    Vejam:

    = > É por ela, e por meio dela, que sentimos a força criadora do entusiasmo.....

    ..... Essa experiência nos permite também ter ....

    = > ...É por isso que a arte ecológica tanto nos seduz, porque...

     .....é por meio da natureza que ele fala, ou melhor, é por ela que ele aprende a falar...

    = > ...Essa força não é apenas a expressão passageira ...

    = > ... Podemos concluir que o brilho de uma obra de arte nunca se apaga, isto é,

    = > ... Ainda bem que a natureza sabe escolher com paciência seus artesãos. Isto é, aqueles que vão dizê‐la com suas próprias vozes.....

    Alguns até comentaram aqui que essas informações não teriam o intuito de convencer o leitor, mas na minha opinião sim.

    É um tipo de questão que, possivelmente, eu não arriscaria marcar como "expositivo" na prova.

    Mas..... não aceitaram o recurso. Então, contamos com a sorte de não aparecer uma dessas.

    Segue o baile!!!!!!!!!

  • Pior que ele é mais descritivo e argumentativo do que expositivo mesmo.