- ID
- 2246200
- Banca
- IBFC
- Órgão
- EBSERH
- Ano
- 2016
- Provas
-
- IBFC - 2016 - EBSERH - Analista Administrativo - Contabilidade (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Analista de Tecnologia da Informação - Suporte de Rede (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Advogado (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Analista Administrativo - Administração (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Analista Administrativo - Administração Hospitalar (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Analista Administrativo - Relações Públicas (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Analista de Tecnologia da Informação - Processos (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Analista de Tecnologia da Informação - Sistemas Operacionais (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Engenheiro Civil (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Engenheiro Clínico (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Engenheiro de Segurança do Trabalho (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Engenheiro Eletricista (HUAP-UFF)
- IBFC - 2016 - EBSERH - Jornalista (HUAP-UFF)
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Texto II
Carnaval de trazer por casa
Quinze dias antes já os olhos se colavam aos pés, com medo de uma queda que acabasse com o Carnaval. Subíamos e descíamos as escadas, como quem pisa algodão. [...] Nós éramos todas meninas. Tínhamos a idade que julgávamos ser eterna. Sonhávamos com os cinco dias mais prometidos do ano. A folia começava sexta-feira e só terminava terça quando as estrelas iam muito altas. Havia o cheiro das bombinhas que tinham um odor aproximado ao dos ovos podres e que se misturava com o pó do baile que se colava aos lábios. Que se ressentiam vermelhos de dor. Havia o cantor esganiçado em palco a tentar a afinação, que quase nunca conseguia: [...] Depois os bombos saíam à rua, noite fora, dia adentro. [...] E na noite que transformava o frio do inverno no calor do Carnaval, eu tinha a certeza de que aquele som dos bombos fazia parte do meu código genético. E que o Carnaval ia estar sempre presente nas ruas estreitas da minha aldeia, assim, igual a si próprio, com os carros de bois a chiar pelas ruas, homens vestidos de mulheres com pernas cheias de pelos, mulheres vestidas de bebês, o meu pai vestido de François Mitterrand e eu com a certeza de que o mundo estava todo certo naqueles cinco dias, na minha aldeia.
O outro, o que via nas televisões, não era meu.
(FREITAS, Eduarda. Revista Carta Capital. Disponível em: http:// www.cartacapital.com.br/sociedade/carnaval-de-trazer-porcasa/?autor=40. Acesso em set. 2016.)