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ID
2265121
Banca
IF Sertão - PE
Órgão
IF Sertão - PE
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Utilize o texto a seguir para responder a questão.

                      DO BOM USO DO RELATIVISMO

Hoje pela multimídia, imagens e gentes do mundo inteiro nos entram pelos telhados, portas e janelas e convivem conosco. É o efeito das redes globalizadas de comunicação. A primeira reação é de perplexidade que pode provocar duas atitudes: ou de interesse para melhor conhecer que implica abertura e diálogo ou de distanciamento que pressupõe fechar o espírito e excluir. De todas as formas, surge uma percepção incontornável: nosso modo de ser não é o único. Há gente que, sem deixar de ser gente, é diferente. Quer dizer, nosso modo de ser, de habitar o mundo, de pensar, de valorar e de comer não é absoluto. Há mil outras formas diferentes de sermos humanos, desde a forma dos esquimós siberianos, passando pelos yanomamis do Brasil até chegarmos aos sofisticados moradores de Alphavilles onde se resguardam as elites opulentas e amedrontadas. O mesmo vale para as diferenças de cultura, de língua, de religião, de ética e de lazer.

Deste fato surge, de imediato, o relativismo em dois sentidos: primeiro, importa relativizar todos os modos de ser; nenhum deles é absoluto a ponto de invalidar os demais; impõe-se também a atitude de respeito e de acolhida da diferença porque, pelo simples fato de estar-aí, goza de direito de existir e de coexistir; segundo, o relativo quer expressar o fato de que todos estão de alguma forma relacionados. Eles não podem ser pensados independentemente uns dos outros porque todos são portadores da mesma humanidade. Devemos alargar, pois, a compreensão do humano para além de nossa concretização. Somos uma geosociedade una, múltipla e diferente.

Todas estas manifestações humanas são portadoras de valor e de verdade. Mas é um valor e uma verdade relativos, vale dizer, relacionados uns aos outros, autoimplicados, sendo que nenhum deles, tomado em si, é absoluto. Então não há verdade absoluta? Vale o everything goes de alguns pós-modernos? Quer dizer, o “vale tudo”? Não é o vale tudo. Tudo vale na medida em que mantém relação com os outros, respeitando-os em sua diferença. Cada um é portador de verdade mas ninguém pode ter o monopólio dela. Todos, de alguma forma, participam da verdade. Mas podem crescer para uma verdade mais plena, na medida em que mais e mais se abrem uns aos outros.

                                                  (...)

A ilusão do Ocidente é de imaginar que a única janela que dá acesso à verdade, à religião verdadeira, à autêntica cultura e ao saber crítico é o seu modo ver e de viver. As demais janelas apenas mostram paisagens distorcidas. Ele se condena a um fundamentalismo visceral que o fez, outrora, organizar massacres ao impor a sua religião e, hoje, guerras para forçar a democracia no Iraque e no Afeganistão.

Devemos fazer o bom uso do relativismo, inspirados na culinária. Há uma só culinária, a que prepara os alimentos humanos. Mas ela se concretiza em muitas formas, as várias cozinhas: a mineira, a nordestina, a japonesa, a chinesa, a mexicana e outras. Ninguém pode dizer que só uma é a verdadeira e gostosa e as outras não. Todas são gostosas do seu jeito e todas mostram a extraordinária versatilidade da arte culinária. Por que com a verdade deveria ser diferente?

BOFF, Leonardo. Disponível em: < http://alainet.org>. Acesso em: 21 nov. 2016.  

“Cada um é portador de verdade mas ninguém pode ter o monopólio dela.”

Sobre o fragmento acima, são feitas as seguintes considerações:

I - Os termos “cada” e “ninguém” são, morfologicamente , idênticos;

II – Os termos “mas” e “dela” desempenham o mesmo papel coesivo;

III - Os termos “portador de verdade” e “monopólio” possuem a mesma função sintática;

IV – Contém duas orações que constituem um período composto por coordenação.

Está correto o que se afirma em

Alternativas
Comentários
  • I - cada e ninguém - pronomes indefinidos CORRETO

    II- mas (conjunção) dela(anáfora) ERRADO

    III- portador de verdade (predicativo do sujeito) -  monopólio(OD) ERRADO

    IV- “Cada um é portador de verdade/ mas ninguém pode ter o monopólio dela.” DOIS VERBOS, 2 ORAÇÕES. CORRETO

  • No caso do item IV, a segunda oração não seria uma Oração Subordinada?

  • Tereza, a segunda oração inicia-se com uma conjunção adversativa -  que é mas. Portanto, é uma oração sindética coordenativa adversativa.

  • GABARITO: C 

     

    ORAÇÕES COORDENADAS SÃO INTERLIGADAS PELAS CONJUNÇÕES:

    ADITIVAS =  e, nem, não só...mas também, não só...como também.

    ADVERSATIVAS =  mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto.

    - ALTERNATIVAS =  Ou...ou, ora...ora, quer...quer, já...já.

    - CONCLUSIVAS =  logo, por isso, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.

    - EXPLICATIVAS = que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.

     

  • GAB:C

    Tereza, são uas orações coordenadas adversativas,

    NÃO, NÃO são subordinadas, porque são coordenadas. São duas orações independentes de sentido, mas com um conectivo de adversidade.

    I - Cada e Ninguem são pronomes indefinidos,
    II - mas é uma conjunção e dela tem função anáfora
    III - "Portador de verdades" é predicativo, pois há um verbo de ligação, e ele caracteriza o sujeito, já a locução verbal exige um objeto direto que no caso é "monopólio"
    IV - são duas orações, pois possuem dois verbos, sendo o "é" de ligação e a locução verbal "pode ter", e são conectados por uma conjunção adversativa "mas"

  • I - Os termos “cada” e “ninguém” são, morfologicamente , idênticos;

    Sim, são PRONOMES INDEFINIDOS;

    II – Os termos “mas” e “dela” desempenham o mesmo papel coesivo;

    Não, mas é uma conjunção adversativa e dela é de (preposição) + ela (pronome).

    III - Os termos “portador de verdade” e “monopólio” possuem a mesma função sintática;

    Portador da verdade é predicativo do sujeito, monopólio é núcleo do complemento verbal de “ter”;

    IV – Contém duas orações que constituem um período composto por coordenação. 

    Sim, composto por uma conjunção adversativa.

  • Gabarito ''C''