SóProvas


ID
2338564
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
EBSERH
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                      SOMOS OS MAIORES INIMIGOS DE NOSSA

                                  POSSIBILIDADE DE PENSAR

                                                                                                   Contardo Calligaris

      Um ano atrás, decidi seguir os conselhos de meu filho e abri uma conta no Facebook. A conta é no nome da cachorra pointer que foi minha grande companheira nos anos 1970 e funciona assim: ninguém sabe que é minha conta, não tenho amigos, não posto nada e não converso com ninguém. Uso o Face apenas para selecionar um “feed” de notícias, que são minha primeira leitura rápida de cada dia.

      Meu plano era acordar e verificar imediatamente os editoriais e as chamadas dos jornais, sites, blogs que escolhi e, claro, percorrer a opinião de meus colunistas preferidos, nos EUA e na Europa. Alguns links eu abriria, mas sem usurpar excessivamente o tempo dedicado à leitura do jornal, que acontece depois, enquanto tomo meu café.

      Tudo ótimo, no melhor dos mundos. Até o dia em que me dei conta do seguinte: sem que esta fosse minha intenção, eu tinha selecionado só a mídia que pensa como eu – ou quase. Meu dia começava excessivamente feliz, com a sensação de que eu vivia (até que enfim) na paz de um consenso universal. Mesmo na minha juventude, eu nunca tinha conhecido um tamanho sentimento de unanimidade. Naquela época, eu lia “L’Unità” e, a cada dia, identificava-me com o editorial. Não havia propriamente colunistas: a linguagem usada no jornal inteiro já continha e propunha uma visão do mundo. Ora, junto com “L’Unità” eu sempre lia mais um jornal – o “Corriere della Sera”, se eu estivesse em Milão, o “Journal de Genève”, em Genebra, e o “Le Monde”, em Paris. Nesses segundos jornais, eu verificava os fatos (não dava para acreditar nem mesmo no lado da gente) e assim esbarrava nos colunistas – em geral laicos e independentes, sem posições partidárias ou religiosas definidas.

      Em sua grande maioria, eles não escreviam para convencer o leitor: preferiam levantar dúvidas, inclusive neles mesmos. E era isso que eu apreciava. Hoje, os colunistas desse tipo ainda existem, embora sejam poucos. Eles estão mais na imprensa tradicional; na internet, duvidar não é uma boa ideia, porque é preciso criar e alimentar os consensos do “feed” do Face.

      O “feed” do Face, elogiado por muitos por ser uma espécie de jornal sob medida, transforma-se, para cada um, numa voz única, um jornal que apresenta apenas uma visão, piorado por uma falsa sensação de pluralidade (produzida pelo número de links).

      A gente se queixa que a mídia estaria difundindo uma versão única e parcial de fatos e ideias, mas a realidade é pior: não são os conglomerados, somos nós que, ao confeccionar um jornal de nossas notícias preferidas, criamos nosso próprio isolamento e vivemos nele. Como sempre acontece, somos nossos piores censores, os maiores inimigos de nossa possibilidade de pensar.

      De um lado, o leitor do “feed” não se informa para saber o que aconteceu e decidir o que pensar, ele se informa para fazer grupo, para fazer parte de um consenso. Do outro, o comentarista escreve, sobretudo para ser integrado nesses consensos e para se tornar seu porta-voz. O resultado é uma escrita extrema, em que os escritores competem por leitores tanto mais polarizados que eles conseguiram excluir de seu “jornal” as notícias e as ideias com as quais eles poderiam não concordar: leitores à procura de quem pensa como eles.

      Claro, que não é um caso de ignorância completa, mas a internet potencializa a vontade de se perder na opinião do grupo e de não pensar por conta própria. Essa vontade é a mesma que tínhamos no meu tempo de juventude – se não cresceu. O que temos, na verdade, é uma paixão pelo consenso.

      Entre consensos opostos, obviamente, não há diálogo nem argumentos, só ódio.

      Em suma, provavelmente, o resultado último da informação à la carte (que a internet e o “feed” facilitam) será a polarização e o tribalismo.

      Eu mesmo me surpreendo: em geral, acho chatérrimos os profetas do apocalipse, que estão com medo de que o mundo se torne líquido ou coisa que valha. Mas, por uma vez, a contemporaneidade me deixa, digamos, pensativo.

Texto adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2016/09/1817706-somos-os-maiores-inimigos-de-nossa-possibilidade-de-pensar.shtml

A respeito das palavras destacadas nos excertos “Um ano atrás, decidi seguir os conselhos de meu filho e abri uma conta no Facebook.” e “Claro, que não é um caso de ignorância completa [...]”, é correto afirmar que

Alternativas
Comentários
  • Dígrafo ou digrama é o encontro de duas letras para representar um único fonema. Os dígrafos podem ser consonantais ou vocálicos.

    Dígrafos consonantal: ch, lh, nh, rr, sc, sç,  ss, xc, gu, qu.

    Dígrafos vocálicos: am, an. em, en, im, in, om. on. um, un.


     

    Encontro consonantais são grupos formados por mais de uma consoante sem vogal intermediária.

    Perfeitos -> Consoantes pertencem a mesma sílaba. Nesse caso, geralmente a segunda consoante é l ou r: blu-sa, pra-to, a-plau-so, cri-ti-ca

    Imperfeitos -> Consoantes pertencem a sílabas diferentes: af-ta, ab-so-lu-to, rit-mo, pac-to

    Obs.: gn, mn, pn e ps quando no início das palavras são perfeitos, no interior são imperfeitos:

    gnomo, gnostico;

    cognata, agnóstico;

     

  • ditongo crescente - aquele que é composto por uma semivogal seguida de uma vogal

    ditongo decrescente - aquele que é composto por uma vogal seguida de uma semivogal

     

  • LEMBRANDO AINDA ( adorei...todo mundo deu uma explicação DIFERENTE e complementar para a questão)

    PREFERÊNCIA PARA SER SEMIVOGAL ( na ordem)= ( i, u) > e >  o

    SEMPRE VOGAL = A

    SE VIR ( i , u) JUNTOS=  o 1 vai ser vogal e o 2 vai ser semivogal. ( Caiu)  CA- IU( v+sv).

     

    NO TEXTO= meu ( u tem maior preferência para ser SV) V + SV ( decrescente)

     

     

    Erros, avise-me.

    CURSO DA FLAVIA RITA ( top das galaxias)

    GABARITO ''C''

  • Troquei as bolas quanto ao ditongo crescente/decrescente e porque não acahava que conta seria dígrafo, mas achei a seguinte explicação:

     

    a) poderíamos dizer que na palavra “ponto” há um econtro consonantal das consoantes “nt”?

    A resposta é NÃO!

     

    Nestes casos, a consoante N não funciona como consoante, nem mesmo tem som de consoante. Ela fará parte do dígrafo vocálico “on” (õ), e não constituirá um encontro consonantal.

     

    Fonte: http://www.infoescola.com/portugues/digrafos/

     

  • Avante PMTO 2018, Deus na frente

  • galera tenho uma lógica para entender o termo crescente e decrescente... A E I O U 3 2 1 2 1 O número mais baixo é decrescente...espro q funcionem para vcs pois eu não erro nunca....
  • ∆ ESCALA DE VOGAL |A -> Sempre vogal | | |O -> vogal | |E -> vogal | |i/u quem vier primeiro é vogal ex: Diu v+sv | ex: Muito v+sv + V | ü (u tremado) *sempre sv semivogal Ditongo crescente quando estiver indo do mais baixo para o mais alto, no caso dessa tabelinha. Mais alto o A mais baixo o ü. Ex: Espontâneo termina em ditongo crescente E está abaixo de O na escala. Então é sv+v. Ex: Restaurante o a é sempre vogal
  • ESCALA DE VOGAL (imagine uma seta para cima) /\ |A -> Sempre vogal | | |O -> vogal | |E -> vogal | |i/u quem vier primeiro é vogal ex: Diu v+sv | ex: Muito v+sv + V | ü (u tremado) *sempre sv (semivogal) Quando estiver indo do mais baixo para o mais alto, ü para o A no caso dessa tabelinha será ditongo crescente, e do alto o A mais baixo o ü decrescente. Ex: Espontâneo termina em ditongo crescente E está abaixo de O na escala. Então é sv+v. Ex: Restaurante o A é sempre vogal então a+u é v+sv logo é ditongo decrescente porque sai do topo da régua que é onde está o A e desce para o U. Ex: Caiu V+ v+sv ditongo decrescente Ex: Coração v+sv a é sempre vogal Se subi nessa escala é crescente se descer é decrescente.
  • GABARITO C

     

     

    "há dígrafo em seguir, filho e conta, ditongo decrescente em meu e encontro consonantal em claro. "

     

    Dígrafo: quando duas letras emitem um ÚNICO som. --> seguir (gu) , filho (lh), conta (on).

    Ditongo Crescente: duas vogais juntas (vogal + semivogal) e a última sempre pronunciada em menor tom. (meu)

    Encontro consonantal: encontro de duas consoantes --> claro (cl)

  • Letra C ! 

    Dígrafo: encontro de duas letras que produzem um único som.

    Bizu : 2L > único som (nh, ch, lh, rr, ss )

  • Tomar cuidado com os dígrafos, pois tem os que são as Vogais e semivogais acompanhadas de "M" e "N", por exemplo: Campo - Canta- embalar-venda. São dígrafos que representam vogais nasais.

  • Ditongo é o encontro vocálico, numa única sílaba, de uma semivogal + vogal (ditongo crescente)

    ou vogal + semivogal (ditongo decrescente). Ao estudar os ditongos, consideramos: vogais: os sons /a/, /e/, /o/ semivogais: os sons: /i/ /u/, representando semitons.

    MEU - Ditongo Decrescente - V+SV