Todas as afirmativas da questão foram retiradas no livro de José Paulo Neto "Introdução ao estudo do método de Marx". A banca,como tantas outras, recortou simplesmente partes do livro. Pra mim, esses recortes podem influenciar sobremaneira as avaliações durante a realização da prova, ainda mais quando se trata de uma tema tão complexo. Por exemplo, ao ler o livro, percebemos realmente a afirmativa III, tal como cobrada na prova, mas a continuidade da discussão traz elementos que superam/elucidam em muito essa afirmação. Essa afirmação solta poderia ser confundida até com a afirmação IV, que se diz respeito aos empiristas, até mais quando se afirma que independe das aspirações do pesquisador, podendo remeter à neutralidade. Mas no livro fica claro que "o conhecimento do objeto tão como ele é em si mesmo" implica um processo extremamente complexo e isso só é compreendido páginas adiante da afirmação anterior. Também deixa mais nítido no decorrer da leitura o quer quer dizer com "independe das representações do pesquisador",reafirmando que o objeto de pesquisa de Marx é a sociedade burguesa e que, portanto,a pesquisa e a teoria que dela resulta exclui qualquer pretensão de neutralidade.
I-a teoria tem uma instância de verificação de sua verdade, instância que é a prática social e histórica.(p.23)
II-Para ele, a teoria não se reduz ao exame sistemático das formas dadas de um objeto, com o pesquisador descrevendo-o detalhadamente e construindo modelos explicativos para dar conta - à base de hipóteses que apontam para relações de causa/efeito - de seu movimento visível, tal como ocorre nos procedimentos da tradição empirista e/ou positivista. E não é, também, a construção de enunciados discursivas sobre os quais a chamada comunidade científica pode ou não estabelecer consensos intersubjetivos, verdadeiros jogos de linguagem ou exercícios e combates retóricos, como querem alguns pós-modernos (Lyotard, 2008; Santos, 2000, cap. 1).(p.20)
III-Para Marx, a teoria é uma modalidade peculiar de conhecimento, entre outras (como, por exemplo, a arte, o conhecimento prático da vida cotidiana, o conhecimento mágico-religioso- cf. Marx, 1982, p. 15). Mas a teoria se distingue de todas essas modalidades e tem especificidades: o conhecimento teórico é o conhecimento do objeto - de sua estrutura e dinâmica - tal como ele é em si mesmo, na sua existência real e efetiva, independentemente dos desejos, das aspirações e das representações do pesquisador. A teoria é, para Marx, a reprodução ideal do movimento real do objeto pelo sujeito que pesquisa: pela teoria, o sujeito reproduz em seu pensamento a estrutura e a dinâmica do objeto que pesquisa. E esta reprodução (que constitui propriamente o conhecimento teórico) será tanto mais correta e verdadeira quanto mais fiel o sujeito for ao objeto. (...)Assim, a teoria é o movimento real do objeto transposto para o cérebro do pesquisador - é o real reproduzido e interpretado no plano ideal (do pensamento). (p.20-21)
IV-Vide II