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ID
2380930
Banca
COPESE - UFT
Órgão
UFT
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leio o texto a seguir e responda a questão.

Texto I

Transporte é apenas parte das soluções para mobilidade urbana 

  Pensar em soluções para mobilidade urbana não pode se resumir a criar ou expandir sistemas de transporte, mas sim integrar um conjunto de ações que passam também pelo uso e ocupação racional do solo, sobre como as cidades são ocupadas.
   A afirmação é de Paulo Resende, coordenador do núcleo de infraestrutura da Fundação Dom Cabral. Além disso, Resende defende a revisão do papel do setor público como provedor de soluções em mobilidade, a criação de agências metropolitanas com mandato supramunicipal e um arcabouço jurídico e social que garanta a continuidade dos projetos estruturantes.
  Suas recomendações têm como base a constatação de que hoje as grandes e médias cidades em todo o mundo vivem uma escolha entre o caos e a prosperidade.
  "O gestor público ainda insiste no mito de que a redução dos congestionamentos é o objetivo de todas as políticas de mobilidade, mas Los Angeles, por exemplo, tem 400 km diários de congestionamento", exemplifica.
   Para ele, a diferença entre a cidade norte-americana e São Paulo ou Bangalore, na Índia, é que lá trata-se de uma opção. "Lá, assim como em outras grandes cidades do mundo, há alternativas para quem quiser optar por não usar o transporte individual. No Brasil não há."
  Quando se fala em um uso racional do espaço, o principal efeito sobre uma mobilidade mais eficiente é a redução dos deslocamentos. Moradias longe dos destinos, sejam eles o trabalho ou escola, obrigam as pessoas a atravessarem diariamente grandes distâncias.
  Desenvolvimento regional é parte dessa política. É por isso que o especialista defende também ações de âmbito metropolitano. "Municipalizar a questão da mobilidade só transfere o caos para as periferias".
  Resende lembra que não são só os mais pobres que vivem longe do centro. Há um movimento forte da classe alta para condomínios e cidades da região metropolitana. Nesse aspecto, criar vias só beneficia o carro.
  "Não adianta apenas focar em obras sem transporte de massa, a integração entre os sistemas e a redução dos deslocamentos. Respostas urgentes, como mais vias, são de soluções de engenharia, não de inteligência."
  E Resende vai além: para ele, o metrô é onde o rico anda com o pobre em qualquer grande cidade do mundo, que também tem processos de suburbanização de várias classes sociais, mas o Brasil é o único país onde as cidades ainda insistem na segregação. "Quem é favorecido por esse sistema", questiona. 
  Segundo Resende, São Paulo tem 170 km2 de vias e 445 km2 de carros. Simplesmente não cabe. Ainda de acordo com o especialista, a cidade perde R$ 80 bilhões por ano com os congestionamentos, já descontados o que é considerado um congestionamento natural numa cidade como essa.
  "A falta de soluções para a mobilidade leva as pessoas ao carro, o que retroalimenta o caos", conclui.

Fonte: Dimalice Nunes. Diálogos Capitais. Disponível em: <http:// http://www.cartacapital.com.br/dialogos-capitais/transporte-e-apenas-parte-dassolucoes-para-mobilidade-urbana>. Acesso em: 26 jan. 2017. (Texto adaptado).


Analise as afirmativas a seguir em relação aos aspectos coesivos do texto.

I. A expressão: “coordenador do núcleo de infraestrutura da Fundação Dom Cabral” (2.º parágrafo), estabelece a coesão lexical a fim de se referir a “Paulo Resende” (2.º parágrafo).
II. Em “Suas recomendações” (3.º parágrafo), o pronome em destaque faz referência às recomendações de Paulo Resende.
III. Expressões como: “o gestor público” (4.º parágrafo) e “o especialista” (7.º parágrafo), são mecanismos de coesão denominados de elipse nominal.
IV. Em: “para ele” (10.º parágrafo), o termo em destaque é um mecanismo de coesão que possibilita a referência a um nome próprio expresso anteriormente.

Assinale a alternativa CORRETA.

Alternativas
Comentários
  • Expressões como: “o gestor público” (4.º parágrafo) e “o especialista” (7.º parágrafo), são mecanismos de coesão denominados de elipse nominal. (Incorreto)

    A elipse nominal ocorre quando um nome comum deixa de ser dito e um dos modificadores assume a posição de núcleo no sintagma:

    “Indiquei duas camisas pretas, mas ele escolheu uma branca.”(A elipse de “camisa” elevou o adjetivo”branca” á função de núcleo do sintagma nominal.)

    “Aquelas duas senhoras são viúvas. A de blusa verde é minha tia.”(=A senhora de blusa verde)

    Um modificador exclui ou elimina outro da mesma função ou categoria:

    “ Os três primeiros botões de rosa caíram.Teremos de esperar os próximos. O termo” os próximos” exclui “três”, porque ambos aí são numerativos.

    Em “perdi um lápis. Você me empresta o seu?, “ o se” exclui “o meu”, porque é um dêitico, na elipse, elimina outro.

    (Exemplos adaptados da p.151 do livro de Halliday e Hasan)

  • o especialista= refere-se ao especialista Paulo Resende.

     

  • Elipse é a omissão de um termo que não foi citado na oração.

  • Na alternativa III não houve elipse nominal.

    O mecanismo de coesão apresentado é: substituição por metonímia