SóProvas


ID
2521333
Banca
FCC
Órgão
DPE-RS
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                              Sem privacidade


      Ainda é possível ter privacidade em meio a celulares, redes sociais e dispositivos outros das mais variadas conexões? Os mais velhos devem se lembrar do tempo em que era feio “ouvir conversa alheia”. Hoje é impossível transitar por qualquer espaço público sem recolher informações pessoais de todo mundo. Viajando de ônibus, por exemplo, acompanham-se em conversas ao celular brigas de casal, reclamações trabalhistas, queixas de pais a filhos e vice-versa, declarações românticas, acordo de negócios, informações técnicas, transmissão de dados e um sem-número de situações de que se é testemunha compulsória. Em clara e alta voz, lances da vida alheia se expõem aos nossos ouvidos, desfazendo-se por completo a fronteira que outrora distinguia entre a intimidade e a mais aberta exposição.

      Nas redes sociais, emoções destemperadas convivem com confissões perturbadoras, o humor de mau gosto disputa espaço com falácias políticas – tudo deixando ver que agora o sujeito só pode existir na medida em que proclama para o mundo inteiro seu gosto, sua opinião, seu juízo, sua reação emotiva. É como se todos se obrigassem a deixar bem claro para o resto da humanidade o sentido de sua existência, seu propósito no mundo. A discrição, a fala contida, o recolhimento íntimo parecem fazer parte de uma civilização extinta, de quando fazia sentido proteger os limites da própria individualidade.

      Em meio a tais processos da irrestrita divulgação da personalidade, as reticências, a reflexão silenciosa e o olhar contemplativo surgem como sintomas problemáticos de alienação. Impõe-se um tipo de coletivismo no qual todos se obrigam a se falar, na esperança de que sejam ouvidos por todos. Nesse imenso ruído social, a reclamação por privacidade é recebida como o mais condenável egoísmo. Pretender identificar-se como um sujeito singular passou a soar como uma provocação escandalosa, em tempos de celebração do paradigma público da informação.

                                                                             (Jeremias Tancredo Paz, inédito

Diante do fenômeno caracterizado no texto como irrestrita divulgação da personalidade, seu autor posiciona-se

Alternativas
Comentários
  • LETRA D. Obsessão moderna pela irrefreável conectividade social X privacidade nas relações do passado.

     

    "Ainda é possível ter privacidade em meio a celulares, redes sociais e dispositivos outros das mais variadas conexões? Os mais velhos devem se lembrar do tempo em que era feio “ouvir conversa alheia”. Hoje é impossível transitar por qualquer espaço público sem recolher informações pessoais de todo mundo.(...) A discrição, a fala contida, o recolhimento íntimo parecem fazer parte de uma civilização extinta, de quando fazia sentido proteger os limites da própria individualidade.

          Em meio a tais processos da irrestrita divulgação da personalidade, as reticências, a reflexão silenciosa e o olhar contemplativo surgem como sintomas problemáticos de alienação. Impõe-se um tipo de coletivismo no qual todos se obrigam a se falar, na esperança de que sejam ouvidos por todos. Nesse imenso ruído social, a reclamação por privacidade é recebida como o mais condenável egoísmo. Pretender identificar-se como um sujeito singular passou a soar como uma provocação escandalosa, em tempos de celebração do paradigma público da informação."

  • Em suma, o autor está puto com os textoes do facebook

     

    vamos pegar leve ai

  • LETRA D 

    Desde o início , o autor se mostra contrário à exposição da vida privada em mecanismos sociais ( celulares etc...)

  • Há confronto entre a obsessão moderna pela irrefreável conectividade X privacidade que era preservada nas relações sociais do passado. 


    Ainda é possível ter privacidade X em meio a celulares, redes sociais e dispositivos outros das mais variadas conexões?

    Os mais velhos devem se lembrar do tempo em que era feio “ouvir conversa alheia”.

    Hoje é impossível transitar por qualquer espaço público sem recolher informações pessoais de todo mundo.

  • É impossível não ler o texto e lembrar de Leandro Karnal ao abordar o tema "A servidão voluntária".

    Leandro Karnal • Nossas vidas expostas ao mundo - https://www.youtube.com/watch?v=qyjps4Oa1aA - vídeo com 6 minutinhos..

  • Letra (d)

     

    Em clara e alta voz, lances da vida alheia se expõem aos nossos ouvidos, desfazendo-se por completo a fronteira que outrora distinguia entre a intimidade e a mais aberta exposição.

  • Que texto MARAVILHOSO!!!!!

  • Letra D.

    É como se todos se obrigassem a deixar bem claro para o resto da humanidade o sentido de sua existência, seu propósito no mundo. A discrição, ...