SóProvas


ID
2535856
Banca
FUNCERN
Órgão
IF-RN
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A língua continua sendo forte elemento de discriminação social, seja no próprio contexto escolar, seja em outros contextos sociais, como no acesso ao emprego e aos serviços públicos em geral (serviços de saúde, por exemplo).

Por isso, parece ser um grande equívoco a afirmação de que a variação linguística não deve ser matéria de ensino na escola básica. Assim, a questão crucial, para nós, é saber como tratá-la pedagogicamente, ou seja, como desenvolver uma pedagogia da variação linguística no sistema escolar de uma sociedade que ainda não reconheceu sua complexa cara linguística e, como resultado da profunda divisão socioeconômica que caracterizou historicamente sua formação (uma sociedade que foi, por trezentos anos, escravocrata), ainda discrimina fortemente pela língua os grupos socioeconômicos que recebem as menores parcelas da renda nacional.

A maioria dos alunos que chegam à escola pública é oriunda precisamente desses grupos socioeconômicos. E há, entre nossas crenças pedagógicas, um pressuposto de que cabe à escola pública contribuir, pela oferta de educação de qualidade, para favorecer, mesmo que indiretamente, uma melhor redistribuição da renda nacional.

Obviamente, não se pode compreender a educação apenas como vetor de criação de valor econômico. É preciso vê-la principalmente como uma experiência sociocognitiva que dá acesso amplo ao universo das práticas socioculturais em toda a sua diversidade, universo este em que as linguagens (e a linguagem verbal em especial) têm papel constitutivo.

Boa parte de uma educação de qualidade tem a ver precisamente com o ensino de língua – um ensino que garanta o domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui o das variedades linguísticas historicamente identificadas como as mais próprias a essas práticas, ou seja, o conjunto de variedades escritas e faladas constitutivas da chamada norma culta (o que pressupõe, inclusive, uma ampla discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas características no Brasil contemporâneo).

Parece claro hoje que o domínio dessas variedades caminha junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais. Não se trata de desenvolver uma pedagogia que se concentre nas formas léxico-gramaticais típicas dessas variedades, mas de uma pedagogia que integre o domínio das variedades ao domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala no espaço público. Sabemos fazer isso concretamente? Já conseguimos ir além das asserções de generalidades? Se não, que problemas têm de ser enfrentados e que caminhos concretos seriam viáveis para a construção de uma pedagogia da variedade linguística consequente com as crenças que acabamos de expor?

Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de desenvolver uma pedagogia que garanta o domínio das práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas. Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas populares, parece que o que nos desafia é a construção de toda uma cultura escolar aberta à crítica da discriminação pela língua e preparada para combatê-la, o que pressupõe uma adequada compreensão da heterogeneidade linguística do país, sua história social e suas características atuais. Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os próprios educadores e, em seguida, os educandos.

Fonte: FARACO, C. A; ZILLES, A. M. S. (Org.). Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2015. p. 8-9.

Considere o trecho:


Parece claro hoje que o domínio dessas variedades caminha junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais (1). Não se trata de desenvolver uma pedagogia (2) que se concentre nas formas léxico-gramaticais típicas dessas variedades (3), mas (4) de uma pedagogia (5) que integre o domínio das variedades ao domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala no espaço público (6).


Assinale a opção que classifica, adequada e respectivamente, as orações enumeradas de 1 a 6.

Alternativas
Comentários
  • No modo atalho, basta identificar que a frase: Não se trata de desenvolver uma pedagogia (2) é subordinada substantiva objetiva indireta para acertar a questão. Claro que sempre é recomendável aplicar todo conhecimento.

     

     

     

    Letra B

     

     

    Qcom - Questão comentada

    https://www.youtube.com/channel/UCBY27FNGgRpPa-PgFubwjPQ

  • LETRA B.

    Parece claro hoje (ISSO PARECE CLAROque o domínio dessas variedades caminha junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais (sujeito = ISSO(1: oração subordinada substantiva SUBJETIVA). Não se trata de desenvolver uma pedagogia (objeto indireto = DISSO) (2: oração subordinada substantiva OBJETIVA INDIRETA) que (pronome relativo, retoma uma pedagogia) se concentre nas formas léxico- gramaticais típicas dessas variedades (3: oração subordinada adjetiva RESTRITIVA), mas (4: oração coordenada sindética ADVERSATIVA) de uma pedagogia (trata DISSO = de uma pedagogia) (5: oração subordinada substantiva OBJETIVA INDIRETA ) que (pronome relativo, retoma uma pedagogia) integre o domínio das variedades ao domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala no espaço público (6: oração subordinada adjetiva RESTRITIVA).

  • Verbo tratar= VTI VTI + se = se é índice de indeterminação do sujeito Frase com sujeito e indeterminado e VTI= oração subordinada objetiva indireta
  • Pessoal, não entendi porque a oração 2 é Subordinada substantiva objetiva indireta e não Direta.

  • Junior S, pela preposição "de".

    Quem trata, trata de algo/alguém/alguma coisa.

  • ISSO Parece claro ISSO hoje que o domínio dessas variedades caminha junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais (1).  Não se trata DISSO de desenvolver uma pedagogia (2) A QUAL que se concentre nas formas léxico-gramaticais típicas dessas variedades (3), MAS (4) DISSO de uma pedagogia (5) A QUAL que integre o domínio das variedades ao domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala no espaço público (6).

    Primeiro - identificar o verbo ou o nome diante dos pronomes: ISSO/ESSE, A ISSO/A ESSE, NISSO/NESSE, DISSO/DESSE e QUAL.

    Segundo: substituir a oração subordinada por um dos pronomes.

    Terceiro: Classificar o pronome diante do verbo ou do nome.

    ISSO/ESSE - Geralmente para Objeto Direto [diante do verbo] ou Sujeito. (sempre teste o ISSO antes do verbo) Se a frase ficar coesa, geralmente é um sujeito. Outra questão é que, se o termo retomado estiver depois de dois pontos, será um aposto ou uma apositiva.

    A ISSO/A ESSE- Geralmente para Objeto Indireto [diante do verbo]

    NISSO/NESSE- Geralmente para Objeto Indireto [diante do verbo]

    DISSO/DESSE - Geralmente para Objeto Indireto [diante do verbo] ou Complemento Nominal [diante do nome] ou adjunto adnominal [diante do nome].

    QUAL - Geralmente para subordinada adjetiva [diante do nome].