SóProvas


ID
2561827
Banca
FCC
Órgão
TST
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Há algumas dicotomias que parecem ter a força de atravessar o tempo e se imporem a nós com uma evidência inaudita. Em filosofia, conhecemos várias delas, assim como conhecemos suas maneiras de orientar o pensamento e as ações.

      Tais dicotomias podem operar não apenas como um horizonte normativo pressuposto, mas também como base para a consolidação de certas modalidades de pensamento crítico. No entanto, há momentos em que percebemos a necessidade de questionar as próprias estratégias críticas e suas dicotomias. Pois, ao menos para alguns, elas parecem nos paralisar em vez de nos permitir avançar em direção às transformações que desejamos.

      Um exemplo de dicotomia que tem força evidente no pensamento crítico atual é aquela, herdada de Spinoza, entre paixões tristes e paixões alegres. Paixões tristes diminuem nossa potência de agir, paixões alegres aumentam nossa potência de agir e nossa força para existir. A liberdade estaria ligada à força afirmativa das paixões alegres, assim como a servidão seria a perpetuação do caráter reativo das paixões tristes. Haveria pois aquilo que nos afeta de forma tal que permitiria a nossos corpos desenvolver ou não uma potência de agir e existir que é o exercício mesmo da vida em sua atividade soberana.

      Sem querer aqui fazer o exercício infame e sem sentido de discutir a teoria spinozista dos afetos e sua bela complexidade em uma coluna de jornal, gostaria apenas de sublinhar inicialmente a importância desse entendimento de que a capacidade crítica está ligada diretamente a uma compreensão dos afetos e de seus circuitos. Nada de nossas estratégias contemporâneas de crítica seria possível sem esse passo essencial de Spinoza, recuperado depois por vários outros filósofos que o seguiram.

      No entanto, valeria a pena nos perguntarmos o que aconteceria se insistíssemos que talvez não existam paixões tristes e paixões alegres, que talvez essa dicotomia possa e deva ser abandonada (independentemente do que pensemos ou não de Spinoza).

      É claro que isso inicialmente soa como um exercício ocioso de pensamento. Afinal, a existência da tristeza e da alegria nos parece imediatamente evidente, nós podemos sentir tal diferença e nos esforçamos (ou ao menos deveríamos nos esforçar, se não nos deixássemos vencer pelo ressentimento e pela resignação) para nos afastarmos da primeira e nos aproximarmos da segunda.

      Mas o que aconteceria se habitássemos um mundo no qual não faz mais sentido distinguir entre paixões tristes e alegres? Um mundo no qual existem apenas paixões, com a capacidade de às vezes nos fazerem tristes, às vezes alegres. Ou seja, um mundo no qual as paixões têm uma dinâmica que inclui necessariamente o movimento da alegria à tristeza.

     Pois, se esse for o caso, então talvez sejamos obrigados a concluir que não é possível para nós nos afastarmos do que tenderíamos a chamar de "paixões tristes", pois não há paixão que, em vários momentos, não nos entristeça. Não há afetos que não nos contraiam, não há vida que não se deixe paralisar, que não precise se paralisar por certo tempo, que não se vista com sua própria impotência a fim de recompor sua velocidade. Mais, ainda. Não há vida que não se sirva da doença para se desconstituir e reconstruir.

                                                                      (SAFATLE, Wladimir. Folha de S.Paulo, 23/06/2017)

Em a existência da tristeza e da alegria nos parece imediatamente evidente (parágrafo 6), o pronome átono destacado está adequadamente empregado, pois está em posição sintática em que não exerce a função de sujeito da oração. Seguem frases com o mesmo pronome, acompanhada cada uma de breve referência a seu emprego. Há avaliação INCORRETA em:

Alternativas
Comentários
  • Plural de modéstia??

  • Essa PROVA DE PORTUGUÊS parece que foi feita por outra banca. Não parece aquela FCC que conhecemos, com aquelas questões repetidas. Achei bem díficil.

  • A) Apresentou-se A nós, objeto indireto. Quem se apresenta, se apresenta A alguém. (foi meu raciocínio, não sei se está correto).

  • que diabos é plural de modéstia?

  • O desafio se apresentou "a nós" muito maior que imaginávamos. ( tá errado, mas assim fica mais fácil para enxegar se od ou oi).

    como "a nós" é Objeto Indireto e banca relacionou com diante ( que é preposiçao) somente poderia ser OI e não OD.

     

  • essa prova deve ter sido dificil porque é pro cargo de taquigrafo...só pode

  • Para quem, assim como eu, não sabia o que é plural de modéstia, aí vai um conceito:  ocorre, na língua falada ou escrita, quando quem escreve ou fala se refere a si próprio usando a primeira pessoa do plural (nós) em vez de usar a primeira pessoa do singular (eu).

  • a)

    O desafio se nos apresentou (O DESAFIO FOI APRESENTADO A NÓS) muito maior do que imaginávamos. / Objeto direto, com valor de “diante de nós”. 

     

    a única certeza que tenho é que esse verbo ai "apresentou" é direto e indireto.

     

     

    ALGUEM PODE EXPLICAR A E?

  • A) O desafio se nos apresentou muito maior do que imaginávamos. / Objeto direto, com valor de “diante de nós”. (INCORRETA)..

    É Objeto Indireto. (O desafio se apresentou A NÓS).

     

    B) Atribuímo-nos vantagens que não são devidas. / Reflexividade da ação; objeto indireto. (CERTO) 

    Atribuir é VTDI: Quem atribui, atribui algo (vantagens) a alguém (a nós), portanto, pronome reflexivo.

     

    C) Demo-nos uns aos outros calorosos aplausos. / Reciprocidade da ação; objeto indireto. (CERTO)

    Dar é VTDI: Quem dá, dá algo (calorosos aplausos) a alguém (nós uns aos outros), portanto, pronome recíproco.

     

    D) Escolhido entre tantos, nos comportaremos à altura da responsabilidade. / Plural de modéstia. (CERTO)

    Plural de modéstia ocorre quando quem escreve/fala se refere a si próprio usando a 1ª pessoa do plural (nós) em vez de usar a 1ª singular (eu). Perceba “ESCOLHIDO entre nós...” Começou usando a 1ª do singular e só depois a 1ª do plural. 

     

    E) Vocês nos são tão agradecidas, mas somente cumprimos nosso dever. / Complemento nominal. (CERTO) 

    (Vocês são tão agradecidas “a nós”). Nos é CN pois complementa  “agradecidas” (que é predicativo do sujeito).

  • BRUNO TRT

    Eu entendi que a "E"  está correta pelo seguinte motivo:

    Quem é agradecido, é agradecido a alguém por algo.

    Agredecido é um adjetivo, como é um adjetivo, assim o complemento de um nome (no caso de um adjetivo) é tido por complemento nominal. 

    Complemento nominal é o termo que complementa o sentido de uma palavra que não seja verbo. Assim, pode se referir a substantivos, adjetivos ou advérbios, sempre por meio de preposição. Fonte: Complemento nominal – Wikipédia, a enciclopédia livre

     e) Vocês nos são tão agradecidas, mas somente cumprimos nosso dever. / Complemento nominal. 

    O "nos" nesse caso é o complemento nominal do adjetivo -agradecido.

    Espero que esteja certo o meu entendimento, e ter ajudado, em caso de erro, me avisem, por favor.


     

  • O desafio se nos apresentou muito maior do que imaginávamos

    "O desafio se apresentou a nós" - Agente da passiva.

  •  Cada dia um 7 x 1 diferente. 

  • To passada com essa prova....

  • Vtdi-aceita tanto lhe como [o a ] ?

  • Como sempre, mais uma questão difícil não respondida pelos professores do QC...

    Não adianta pedir, eles não respondem questões complexas.

  • Quem apresenta, apresenta algo A alguém (VTDI) , logo, não pode ser obj. direto como diz a A.

    Sorte que pediu a incorreta, pq se fosse a correta eu estaria lascado kkkkkkkkkkk

  • Tu tava mais perdido que órfão em dia das mães, espero que tenha melhorado. Juros Passivos a Transcorrer é uma conta retificadora do passivo