SóProvas


ID
2593687
Banca
COPEVE-UFAL
Órgão
MPE-AL
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Com base na compreensão global do texto e de elementos da composição textual, responda a questão.


                           As raízes do caráter nacional


      Parece possível distinguir duas tendências fundamentais na reação ao grupo estranho: uma de admiração e aceitação, outra de desprezo e recusa. 


      Aparentemente, quase todos os seres humanos apresentam essas duas tendências fundamentais. A participação em nosso grupo provoca sentimentos de segurança e bem estar, pois supomos entender que os que falam a nossa língua têm um passado em comum conosco, e também sabem o que esperar de nós. Mesmo quando nos desentendemos, sabemos por que isso ocorre, podemos esperar que nosso interlocutor acabe por nos entender e aceitar. E nisso talvez a linguagem desempenhe um papel fundamental, pois os homens geralmente são incapazes de utilizar perfeitamente mais de uma língua, e só naquela aprendida na infância somos capazes de exprimir todas as sutilezas do pensamento, todas as formas de ódio e amor. Além disso, o local em que nascemos e crescemos, a paisagem que conhecemos, tudo isso parece constituir um universo próximo e amigo, cujo reencontro é sempre uma alegria e uma consolação.

      No outro extremo, o estrangeiro provoca a nossa desconfiança, às vezes o nosso medo. Nem sempre entendemos os seus gestos e certamente não compreendemos a sua língua. Ele não se veste como nós, a sua fisionomia pode ser diferente da nossa e não adora nossos deuses. Entre os primitivos, o estrangeiro passava por uma complexa cerimônia, destinada a afastar os malefícios que trouxesse de seus demônios; ao voltar de uma viagem, as pessoas deveriam permanecer isoladas por algum tempo, até que delas se afastassem os demônios estranhos, acaso encontrados pelo caminho.

      E, no entanto, sentimos que o contrário também é verdade. Frequentemente sonhamos com um país distante, a terra prometida onde possamos realizar nossos desejos. Sentimos que aqueles que mais nos conhecem são também capazes de ignorar o que de melhor trazemos conosco. E o provérbio: “ninguém é profeta em sua terra” traduz precisamente essa ideia de que não podemos compreender integralmente quem está muito próximo de nós. As situações novas, além disso, são atraentes e provocantes: o novo ou desconhecido parece, pelo menos durante algum tempo, mais belo e atraente do que o velho; os nossos olhos parecem mais penetrantes ao observar a nova paisagem, ao admirar outras figuras humanas.

(LEITE, D. M. In.: O caráter nacional brasileiro. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1976. p. 11.)

No fragmento retirado do texto: “Ele não se veste como nós, a sua fisionomia pode ser diferente da nossa e não adora nossos deuses.”, temos.

Alternativas
Comentários
  • Pra mim, têm uma oração subordinada adverbial comparativa, depois uma coordenada assindética e depois uma coordenada sindética aditiva. Não sei se foi anulada por isso ou por outra razão.

  • Não há oração subordinada. As três orações são independentes:

    1- Ele não se veste como nós.

    2 - A sua fisionomia pode ser diferente da nossa.

    3- E não adora nossos deuses.

    Daí, é possível eliminar as opções que trazem "oração subordinada" na descrição.

    Visto que todas são coordenadas, resta saber se são sindéticas ou assindéticas. As sindéticas são introduzidas por conjunção. As assindéticas, não. Assim, há apenas uma oração sindética: "e não adora nossos deuses".

    Não pode ser a letra B, pois lá se afirma que são frases sindéticas. Mas há orações assindéticas.

    Não pode ser a letra D, pois lá se afirma que são três orações assindéticas, mas há uma que é sindética.

    Pode até ser que a banca considere uma oração elíptica em "não se veste como nós (nos vestimos)", que seria uma oração adverbial comparativa. De qualquer forma, não há essa descrição nas alternativas.