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ID
2668651
Banca
FCC
Órgão
TRT - 6ª Região (PE)
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Para responder a questão abaixo, considere o texto abaixo.


    Vou falar da palavra pessoa, que persona lembra. Acho que aprendi o que vou contar com meu pai. Quando elogiavam demais alguém, ele resumia sóbrio e calmo: é, ele é uma pessoa. Até hoje digo, como se fosse o máximo que se pode dizer de alguém que venceu numa luta, e digo com o coração orgulhoso de pertencer à humanidade: ele, ele é um homem.

    Persona. Tenho pouca memória, por isso já não sei se era no antigo teatro grego que os atores, antes de entrar em cena, pregavam ao rosto uma máscara que representava pela expressão o que o papel de cada um deles iria exprimir.

    Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e que a máscara as esconde. Por que então me agrada tanto a ideia de atores entrarem no palco sem rosto próprio? Quem sabe, eu acho que a máscara é um dar-se tão importane quanto o dar-se pela dor do rosto. Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que vão vivendo fabricam a própria máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em diante se vai passar a representar um papel é uma surpresa amedrontadora. É a liberdade horrível de não ser. E a hora da escolha.

    Mesmo sem ser atriz nem ter pertencido ao teatro grego – uso uma máscara. Aquela mesma que nos partos de adolescência se escolhe para não se ficar desnudo para o resto da luta. Não, não é que se faça mal em deixar o próprio rosto exposto à sensibilidade. Mas é que esse rosto que estava nu poderia, ao ferir-se, fechar-se sozinho em súbita máscara involuntária e terrível. É, pois, menos perigoso escolher sozinho ser uma pessoa. Escolher a própria máscara é o primeiro gesto involuntário humano. E solitário. Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo que se escolheu para representar o mundo, o corpo ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-se altiva como a de quem superou um obstáculo. A pessoa é.

    Se bem que pode acontecer uma coisa que me humilha contar.

    É que depois de anos de verdadeiro sucesso com a máscara, de repente – ah, menos que de repente, por causa de um olhar passageiro ou uma palavra ouvida – de repente a máscara de guerra de vida cresta-se toda no rosto como lama seca, e os pedaços irregulares caem com um ruído oco no chão. Eis o rosto agora nu, maduro, sensível quando já não era mais para ser. E ele chora em silêncio para não morrer. Pois nessa certeza sou implacável: este ser morrerá. A menos que renasça até que dele se possa dizer “esta é uma pessoa”.


(Adaptado de: LISPECTOR, Clarice. “Persona”, em Clarice na cabeceira: crônicas. Rio de Janeiro, Rocco Digital, 2015)

Nos segmentos que representava (2o parágrafo), as esconde (3o parágrafo) e como a de quem superou um obstáculo (4o parágrafo), os termos sublinhados se referem, respectivamente, a:

Alternativas
Comentários
  • Letra (b)

     

    A questão abordou sobre recurso anaforico - que é usada para retomar um termo anterior

     

    Tenho pouca memória, por isso já não sei se era no antigo teatro grego que os atores, antes de entrar em cena, pregavam ao rosto uma máscara que representava pela expressão o que o papel de cada um deles iria exprimir.

     

    Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e que a máscara as esconde. Por que então me agrada tanto a ideia de atores entrarem no palco sem rosto próprio? Quem sabe, eu acho que a máscara é um dar-se tão importane quanto o dar-se pela dor do rosto. Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que vão vivendo fabricam a própria máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em diante se vai passar a representar um papel é uma surpresa amedrontadora. É a liberdade horrível de não ser. E a hora da escolha.

     

    (...) É, pois, menos perigoso escolher sozinho ser uma pessoa. Escolher a própria máscara é o primeiro gesto involuntário humano. E solitário. Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo que se escolheu para representar o mundo, o corpo ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-se altiva como a de quem superou um obstáculo. A pessoa é.

  • mutações sensíveis é o termo antecedente mais próximo. Ou seja, qualidade está fora.

  • GABARITO B

     

    Tenho pouca memória, por isso já não sei se era no antigo teatro grego que os atores, antes de entrar em cena, pregavam ao rosto uma máscara que ( MÁSCARA A QUAL) representava pela expressão o que o papel de cada um deles iria exprimir.

     

    Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e que a máscara as (E QUE AS MÁSCARAS ESDODEM AS MUTAÇÕES SINSÍVEIS) esconde. Por que então me agrada tanto a ideia de atores entrarem no palco sem rosto próprio? Quem sabe, eu acho que a máscara é um dar-se tão importane quanto o dar-se pela dor do rosto. Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que vão vivendo fabricam a própria máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em diante se vai passar a representar um papel é uma surpresa amedrontadora. É a liberdade horrível de não ser. E a hora da escolha.

     

    Mesmo sem ser atriz nem ter pertencido ao teatro grego – uso uma máscara. Aquela mesma que nos partos de adolescência se escolhe para não se ficar desnudo para o resto da luta. Não, não é que se faça mal em deixar o próprio rosto exposto à sensibilidade. Mas é que esse rosto que estava nu poderia, ao ferir-se, fechar-se sozinho em súbita máscara involuntária e terrível. É, pois, menos perigoso escolher sozinho ser uma pessoa. Escolher a própria máscara é o primeiro gesto involuntário humano. E solitário. Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo que se escolheu para representar o mundo, o corpo ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-se altiva como a (COMO A CABEÇA DE QUEM SUPEROU UM ABSTÁCULO) de quem superou um obstáculo. A pessoa é.

     

  • 08 de Maio de 2018, às 07h26  Tiago Costa

    08 de Maio de 2018, às 07h27  Daniel Barbosa

    08 de Maio de 2018, às 07h28   Einstein Concurseiro

     

    Tenso o negócio aqui no QC

  • Tiago, esse é o diferencial do site! kkkkkkkkkkkkkkkk

     

    Como já dizia Elbert:

    "Os sábios reconhecem que o único modo de ajudar a si mesmo é ajudando os outros."

  • Super concordo com vc, Einstein Concurseiro.

    Falei aquilo mais de zoação..kkkkkkk...abraço parceiro.

  • "Persona. Tenho pouca memória, por isso já não sei se era no antigo teatro grego que os atores, antes de entrar em cena, pregavam ao rosto uma máscara que representava (quem representava? a máscara) pela expressão o que o papel de cada um deles iria exprimir."

     

    "Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e que a máscara as esconde." (a máscara esconde o quê? as mutações)

     

    "Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo que se escolheu para representar o mundo, o corpo ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-se altiva como a de quem superou (quem superou? a cabeça) um obstáculo."

     

    Gab: Letra B

  • Não tem outra. Temos que voltar ao texto com fins de analisar o contexto.

     

    Bons estudos

  • jurei de pés juntos que eram as qualidades. Essas assim me deixam muito confuso.

  • No trecho “... pregavam ao rosto uma máscara que representava... ”, o pronome relativo “que” retoma o termo antecedente “máscara”.

    No trecho “Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e que a máscara as esconde.”, o pronome “as” retoma “mutações sensíveis”.

    No trecho “... a cabeça ergue-se altiva como a de quem superou um obstáculo.”, o pronome demonstrativo “a” substitui “cabeça”.

    A resposta é a letra B, portanto!

    Resposta: B