SóProvas


ID
2689876
Banca
FUMARC
Órgão
CEMIG - MG
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                         Do moderno ao pós-moderno


                                                                                                       Frei Betto / 14/05/2017 - 06h00

       A morte da modernidade merece missa de sétimo dia? Os pais da modernidade nos deixaram de herança a confiança nas possibilidades da razão. E nos ensinaram a situar o homem no centro do pensamento e a acreditar que a razão, sem dogmas e donos, construiria uma sociedade livre e justa.       

     Pouco afeitos ao delírio e à poesia, não prestamos atenção à crítica romântica da modernidade – Byron, Rimbaud, Burckhardt, Nietzsche e Jarry. Agora, olhamos em volta e o que vemos? As ruínas do Muro de Berlim, a Estátua da Liberdade tendo o mesmo efeito no planeta que o Cristo do Corcovado na vida cristã dos cariocas, o desencanto com a política, o ceticismo frente aos valores.

    Somos invadidos pela incerteza, a consciência fragmentária, o sincretismo do olhar, a disseminação, a ruptura e a dispersão. O evento soa mais importante que a história e o detalhe sobrepuja a fundamentação.

    O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de vida. É a cultura de evasão da realidade. De fato, não estamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gastando mais em pílulas de emagrecimento que em livros, e causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado e, rasgadas as antigas bandeiras, nossos ideais transformam-se em gravatas estampadas. Já não há utopias de um futuro diferente. Hoje, é considerado politicamente incorreto propagar a tese de conquista de uma sociedade onde todos tenham iguais direitos e oportunidades.

     Agora predominam o efêmero, o individual, o subjetivo e o estético. Que análise de realidade previu a volta da Rússia à sociedade de classes? Resta-nos captar fragmentos do real (e aceitar que o saber é uma construção coletiva). Nosso processo de conhecimento se caracteriza pela indeterminação, descontinuidade e pluralismo.

     A desconfiança da razão nos impele ao esotérico, ao espiritualismo de consumo imediato, ao hedonismo consumista, em progressiva mimetização generalizada de hábitos e costumes. Estamos em pleno naufrágio ou, como predisse Heidegger, caminhando por veredas perdidas.

     Sem o resgate da ética, da cidadania e das esperanças libertárias, e do Estado-síndico dos interesses da maioria, não haverá justiça, exceto aquela que o mais forte faz com as próprias mãos.

     Ingressamos na era da globalização. Graças às redes de computadores, um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa. Bilhões de dólares são eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, derivativo de ricos. Caem as fronteiras culturais e econômicas, afrouxam-se as políticas e morais. Prevalece o padrão do mais forte.

    A globalização tem sombras e luzes. Se de um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunicação, de outro ela assume, nas esferas econômica e cultural, o caráter de globocolonização.


(Disponível em: http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/domoderno-ao-p%C3%B3s-moderno-1.464377. Acesso 05 jan. 2018) 

Foram indicadas corretamente as ideias representadas pelos conectivos destacados, EXCETO em:

Alternativas
Comentários
  • muito mais itens manufaturados, como eletrônicos, automóveis. Acho que o gabarito está ertrado, deveria ser exemplificação.

  • Os conectivos (connectives, ou linking words), também conhecidos como palavras de transição (conjuctive adverbs / transitional adverbs), servem para estabelecer uma ligação entre conceitos, ideias ou palavras em uma mesma frase ou entre frases distintas. Estes termos são importantes para manter o que chamamos de coesão de um texto, isto é, quando as ideias transmitidas em frases e parágrafos estão interligadas e seguem uma lógica. É justamente por existir coesão em um texto que podemos dizer que ele ficou claro ou fácil de compreender.

    ⇒ Exemplificação

    Função: Fornecer exemplos para ilustrar ideias ou conceitos.

    Exemplos:

    For instance (Por exemplo)

    For example (Por exemplo)

    In particular (Em particular)

    In this case (Neste caso)

    Such as (Tal como)

     

    Fonte: https://www.infoescola.com/ingles/conectivos-connectives/

  • ISSO É UMA CONCESSÃO GAB B E NÃO UMA CONDIÇÃO

  • SINCERAMENTE NAO ENTENDI O GABARITO...PRA MIM O "SEM QUE" ERA CONDIÇÃO!

    Condicionais: introduzem uma oração que indica a hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc. Por exemplo:

  • kleyton henrique está correto. Simples assim. Eu errei a questão, mas, com a explicação dele, consegui me lembrar. Sem que, nesse caso, pode ser substituída por embora.

  • “... um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa.”  ➔ condição


    Galera, é bater o olho e ver que não há, no trecho, CAUSA e CONDIÇÃO


    O fragmento apenas descreve que É POSSÍVEL ter um namoro, sem que o casal tenha que sair de casa.


    "Ambos não sairem de casa" não é condição para "Um rapaz de SP poder namorar uma chinesa de Beijing"


  • Troque por "embora" que tem valor concessivo.

  • GAB-B

  • Sem que --> ainda que ---> embora

    É uma concessão.

  • A locução "sem que" expressa uma oposição concessiva. Trata-se de uma oposição que não impede a concretização de algo. No texto, o fato de os dois não saírem de casa ão os impede de namorar um ao outro.

    Fica mais evidente o sentido de concessão por meio da seguinte reescrita:

    “... um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa.”

    = “... um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing apresar de nenhum dos dois saírem de casa.”

    Resposta: B

  • CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS: 

      

    Temporais: Quando, enquanto, apenas, mal, desde que, logo que, até que, antes que, depois que, assim que, sempre que, senão quando, ao tempo que. 

    Proporcionais: quanto mais...tanto mais, ao passo que, à medida que, quanto menos...tanto menos, à proporção que. 

    Causais: já que, porque, que, visto que, uma vez que, sendo que, como, pois que, visto como. 

    Condicionais: se, salvo se, caso, sem que, a menos que, contanto que, exceto se, a não ser que, com tal que. 

    Conformativa: consoante, segundo, conforme, da mesma maneira que, assim como, com que. 

    Finais: Para que, a fim de que, que, porque. 

    Comparativa: como, tal como, tão como, tanto quanto, mais...(do) que, menos...(do) que, assim como. 

    Consecutiva: tanto que, de modo que, de sorte que, tão...que, sem que. 

    Concessiva: embora, ainda que, conquanto, dado que, posto que, em que, quando mesmo, mesmo que, por menos que, por pouco que, apesar de que.