- ID
- 2706970
- Banca
- FUMARC
- Órgão
- COPASA
- Ano
- 2018
- Provas
-
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Médico Trabalho
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Biólogo
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Psicólogo
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Químico
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Engenheiro Mecânico
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Engenheiro Civil
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Administrador
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Advogado
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Analista de Informática
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Contador
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Economista
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Enfermeiro Trabalho
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Engenheiro Controle Automação
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Engenheiro Eletricista
- FUMARC - 2018 - COPASA - Analista de Saneamento - Engenheiro
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Texto II
A medicalização da vida
Jackson César Buonocore
Podemos compreender o conceito de medicalização, como processo que transforma de forma artificial as questões não médicas em problemas médicos. São problemas de diferentes ordens que são apresentados como doenças, transtornos e distúrbios psiquiátricos que escondem as grandes questões econômicas, políticas, sociais, culturais e emocionais – que atingem a vida das pessoas.
A sociedade brasileira vive esse processo de medicalização em todas as dimensões da vida, por uma busca desenfreada por explicações biológicas, fisiológicas e comportamentais – que possam dar conta de diversos tipos de sofrimento psíquico, entre os mais frequentes estão a ansiedade, estresse, depressão, síndrome do pânico, transtorno bipolar e fobias.
A medicalização da vida é uma prática comum, pois tornou-se corriqueiro ir a uma consulta e sair com uma receita em mãos. Nessa busca por um alívio imediato dos sintomas, cada vez mais pessoas colocam sua confiança em receitas rápidas, que possam diminuir o mal-estar sem compreender as origens desse sofrimento.
Assim difunde-se a ideia de que existe um “gene” que poderia explicar o alcoolismo, o sofrimento psíquico, a infelicidade, a falta de atenção, a tristeza, etc., que transformariam os pacientes em portadores de distúrbios de comportamento e de aprendizagem. Essas hipóteses duvidosas ainda são publicadas pela mídia como fatos comprovados, cumprindo a função social de abafar e ocultar violências físicas e psicológicas.
Além da acentuada carga medicamentosa prescrita aos adultos, uma constatação ainda mais preocupante – que é o aumento da medicalização da infância. Atualmente observa-se que crianças e adolescentes que apresentam características de personalidade que diferem dos catalogados como normais são frequentemente enquadrados em categorias nosológicas.
Diante desse contexto inquietante a respeitável psicanalista Elisabeth Roudinesco, alerta: “Que sempre haverá um medicamento a ser receitado, pois cada paciente é tratado como um ser anônimo, pertencente a uma totalidade orgânica. Imerso numa massa em que todos são criados à imagem de um clone, ele vê ser-lhe receitado à mesma gama de medicamentos, seja qual for o seu sintoma”.
Na mesma linha de raciocínio, o renomado jornalista americano Robert Whitaker, questiona os métodos de tratamento adotados pela psiquiatria para os casos de pacientes com doenças mentais. Whitaker escreveu dois livros analisando a evolução de pacientes com esquizofrenia em países como Índia, Nigéria e Estados Unidos, e afirma que a psiquiatria está entrando em um período de crise e conclui: “A história que nos contaram desde os anos oitenta caiu por terra, de que a esquizofrenia e a depressão são causadas por desequilíbrios químicos no cérebro”.
Não há dúvidas da importância da utilidade dessas substâncias químicas e do conforto e da qualidade vida que elas trazem aos pacientes, desde que os psicofármacos – sejam prescritos de forma criteriosa e responsável são aliados indispensáveis na luta contra o sofrimento psíquico. Portanto, é preciso contextualizar o uso abusivo que se faz de antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos.
(Jackson César Buonocore Sociólogo e Psicanalista. Disponível em https://www.psicologiasdobrasil.com.br/medicalizacao-da-vida/.
Acesso em 20/04/2018).
Atente para o excerto:
"Na mesma linha de raciocínio, o renomado jornalista americano Robert Whitaker, questiona os métodos de tratamento adotados pela psiquiatria para os casos de pacientes com doenças mentais. Whitaker escreveu dois livros analisando a evolução de pacientes com esquizofrenia em países como Índia, Nigéria e Estados Unidos, e afirma que a psiquiatria está entrando em um período de crise e conclui: “A história que nos contaram desde os anos oitenta caiu por terra, de que a esquizofrenia e a depressão são causadas por desequilíbrios químicos no cérebro”.
Assinale a afirmativa INCORRETA: