SóProvas


ID
2712514
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
TRT - 1ª REGIÃO (RJ)
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                          Texto I


                    Os medos que o poder transforma em

                        mercadoria política e comercial

                                                                                    Zygmunt Bauman


      O medo faz parte da condição humana. Poderíamos até conseguir eliminar uma por uma a maioria das ameaças que geram medo (era justamente para isto que servia, segundo Freud, a civilização como uma organização das coisas humanas: para limitar ou para eliminar totalmente as ameaças devidas à casualidade da Natureza, à fraqueza física e à inimizade do próximo): mas, pelo menos até agora, as nossas capacidades estão bem longe de apagar a “mãe de todos os medos”, o “medo dos medos”, aquele medo ancestral que decorre da consciência da nossa mortalidade e da impossibilidade de fugir da morte.

      Embora hoje vivamos imersos em uma “cultura do medo”, a nossa consciência de que a morte é inevitável é o principal motivo pelo qual existe a cultura, primeira fonte e motor de cada e toda cultura. Pode-se até conceber a cultura como esforço constante, perenemente incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivível uma vida mortal. Ou pode-se dar mais um passo: é a nossa consciência de ser mortais e, portanto, o nosso perene medo de morrer que nos tornam humanos e que tornam humano o nosso modo de ser-no-mundo.

      A cultura é o sedimento da tentativa incessante de tornar possível viver com a consciência da mortalidade. E se, por puro acaso, nos tornássemos imortais, como às vezes (estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de repente [...].

      Foi precisamente a consciência de ter que morrer, da inevitável brevidade do tempo, da possibilidade de que os projetos fiquem incompletos que impulsionou os homens a agir e a imaginação humana a alçar voo. Foi essa consciência que tornou necessária a criação cultural e que transformou os seres humanos em criaturas culturais. Desde o seu início e ao longo de toda a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o abismo que separa o transitório do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para construir uma ponte para passar de um lado para outro do precipício; o instinto de permitir que nós, mortais, tenhamos incidência sobre a eternidade, deixando nela um sinal imortal da nossa passagem, embora fugaz.

      Tudo isso, naturalmente, não significa que as fontes do medo, o lugar que ele ocupa na existência e o ponto focal das reações que ele evoca sejam imutáveis. Ao contrário, todo tipo de sociedade e toda época histórica têm os seus próprios medos, específicos desse tempo e dessa sociedade. Se é incauto divertir-se com a possibilidade de um mundo alternativo “sem medo”, em vez disso, descrever com precisão os traços distintivos do medo na nossa época e na nossa sociedade é condição indispensável para a clareza dos fins e para o realismo das propostas. [...]

(Adaptado de http://www.ihu.unisinos.br/563878-os-medos-que-o -poder-transforma-em-mercadoria-politica-e-comercial-artigo-dezygmunt-bauman - Acesso em 26/03/2018)

Assinale a alternativa em que o termo “até” apresenta o mesmo valor semântico que recebe na frase “Pode-se até conceber a cultura como esforço constante, perenemente incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivível uma vida mortal. Ou pode-se dar mais um passo [...]”.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito : Letra B

     

    Você pode até (inclusive) tentar, mas não conseguirá se esconder.

     

    Na frase acima, a palavra até tem ideia de inclusão, funcionando como advérbio e podendo ser substituída por inclusive.

     

     

    Quando indica limite ou espaço ou quantidade, a palavra até é uma preposição. Exemplificando: «podemos caminhar até aqui»; «o espetáculo dura até amanhã»; «estamos a pensar ir até ao Gerês»; «o pavilhão alberga até 3000 pessoas».

     

     

    Se existir uma ideia de inclusão – «puseram tudo em cima da mesa, até o computador» –, está-se perante um advérbio.

     

    Fonte : https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/ate-preposicao-e-adverbio/34095

  • "Até" foi utilizado com o sentido de INCLUSÃO, podendo ser substituído por "inclusive".

     

    "Pode-se até (inclusive) conceber a cultura como esforço constante, perenemente incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivível uma vida mortal. Ou pode-se dar mais um passo [...]”.

     

    Você pode até (inclusive) tentar, mas não conseguirá se esconder.

  • A construção "até mesmo" também denota inclusão. Se preferir, baster fazer a inserção da palavra "mesmo" e perceber que frase continua fazendo sentido:

     

     “Pode-se até [mesmo] conceber a cultura..."

     

    Realizando o mesmo processo nas alternativas:

     

     

    a) É melhor escondê-lo, pelo menos até [mesmo] conseguirmos um local seguro.

    Incorreto. Carece de sentido.

     

     

    b) Você pode até [mesmo] tentar, mas não conseguirá se esconder.

    Correto. Há sentido.

     

     

    c) Chorei até [mesmo] ficar cansado.

    Incorreto. Carece de sentido.

     

     

    d) Você pode andar até [mesmo] aqui ou pode chegar mais longe.

    Incorreto. Carece de sentido.

     

     

     e) O produto custa até [mesmo] quatro vezes mais que seu genérico.

    Incorreto. Carece de sentido.

     

    Letra B

  • até = Dessa forma

     

     a)

    É melhor escondê-lo, pelo menos  DESSA FORMAconseguirmos um local seguro. OI?

     b)

    Você pode DESSA FORMA tentar, mas não conseguirá se esconder.

     c)

    Chorei DESSA FORMA ficar cansado. OI?

     d)

    Você pode andar DESSA FORMA aqui ou pode chegar mais longe. WATHS?

     e)

    O produto custa DESSA FORMA quatro vezes mais que seu genérico. PROSPERA 

  • b-

    Nas demais opcoes, o "ate" indica distancia ou tempo percorridos. Na resposta, tem conotação negativa, sendo equivalente a "ate mesmo"

  • ATÉ..

    1. Indica limite espacial ou temporal
    2. Indica lugar de destino
    3. Indica inclusão; sem excepção de.

  • Funções morfossintáticas da palavra “até”

    I) PREPOSIÇÃO → inicia termos que expressam limites (de tempo, de espaço...) 

    II) ADVÉRBIO → relaciona-se ao verbo, acrescentando-lhe circunstância de inclusão. É sinônimo de termos como também, inclusive, mesmo, no máximo...

    III) PALAVRA DENOTATIVA DE INCLUSÃO → não pertence a classe gramatical alguma, portanto não exerce função sintática. Apresenta apenas sentido de inclusão, sendo sinônima dos termos também, mesmo e inclusive.

  • Tem ideia de "até mesmo". Já mata a questão.


    Força e hora, amigos. Nossa hora está chegado. Você crê?

  • O até no caso pedido funciona como um "realce". Ou seja, sua retirada da frase não prejudica o entendimento. Para achar a afirmativa correta, é só retirar o até das frases e optar por aquela que continua fazendo sentido.

  • Para facilitar na questão, troca-se o "Até" pelo "Inclusive". A alternativa que se tornar coesa, será a certa.

  • Em “Pode-se até conceber”, temos um sentido de inclusão enfática: você pode fazer tudo, pode inclusive conceber... O mesmo sentido encontramos em “pode até tentar”. Nas demais alternativas, temos a clássica ideia de limite.

    Gabarito letra B.

    Fonte: Prof. Felipe Luccas

  • Fui pela lógica do ATE + VERBO NO INFITIVO + VIRGULA....KKKK E DEU CERTO

  • Meu Jesus! Eu acertei isso depois de fazer todo um malabarismo. Não via a hora de correr nos comentários e descobrir a melhor forma de resolver isso.

  • Eu vi que cabia um on"até MESMO", depois foi só colocar "mesmo" em todas as alternativas e pronto.

  • Cara, eu acertei em um segundo; li a 1ª, li a 2ª e já a marquei, sem precisar continuar lendo as outras opções, mas quer saber? Eu não sou um gênio, não tenho capacidade superiores à média. O segredo? A LEITURA; leia, leia, leia muito. As pessoas bem mais sucedidas, nesse sentido, são as q leem muito. Qual a diferença entre um fracassado e um cara realizado? A leitura. Qual é a característica dominante da ralé? A falta de leitura. LEIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!