SóProvas


ID
2713222
Banca
FCC
Órgão
DPE-RS
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Tomando resolutamente a sério as narrativas dos “selvagens”, a análise estrutural nos ensina, já há alguns anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um sistema de interrogações que elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento propriamente dito. Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente, investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra.


Talvez, entretanto, o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco de nos levar a tomá-los muito “a sério” desta vez e, por assim dizer, a avaliar mal sua dimensão de pensamento. Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma espécie de mitomania esquecida de um traço todavia comum a muitos mitos, e não exclusivo de sua gravidade: o seu humor.


      Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem ou leem, os mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa impressão de cômico; eles desempenham às vezes a função explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hilaridade. Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam.


      A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua dureza, não se desenvolve sempre sob o signo do esforço ou da inquietude; também eles sabem propiciar-se verdadeiros momentos de distensão, e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temores. Ora, não raro essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa forma, sua existência.


      Essas narrativas, ora burlescas, ora libertinas, mas nem por isso desprovidas de alguma poesia, são bem conhecidas de todos os membros da tribo, jovens e velhos; mas, quando eles têm vontade de rir realmente, pedem a algum velho versado no saber tradicional para contá-las mais uma vez. O efeito nunca se desmente: os sorrisos do início passam a cacarejos mal reprimidos, o riso explode em francas gargalhadas que acabam transformando-se em uivos de alegria.


(Adaptado de: CLASTRES, Pierre. A Sociedade contra o Estado. São Paulo, Ubu, 2017) 

Mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido original, os termos sublinhados em Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas... (1° parágrafo) e ... desdramatizando, de certa forma, sua existência... (4° parágrafo) podem ser substituídos por:

Alternativas
Comentários
  • Poxa QC, os termos não ficam sublinhados no app. Poderiam funcionalizá-lo para podermos resolver essas questões.
  • Algum colega para explicar a questao.Obrigada!

  • Para quem não consegue ver os destaques, os termos sublinhados no enunciado da questão são Sabendo e desdramatizando

  • fui na D errei, o erro estaria no tempo verbal?

  • abre no chrome que fica sublinhado

  • Alguém pode explicar o erro  B ?

  • Coloquei para indicada para comentário.

  • Os verbos sublinhados (sabendo e desdramatizando) estão no gerundio, sendo, portanto, orações reduzidas. A questão pede como ficariam na forma desenvolvida.

    No contexto, percebe-se que a oração: "Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos não falam para nada dizerem,  eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio" é oração subordinada adverbial causal, pois saber que os mitos não falam para nada dizerem é causa para que eles adquiram a nossos olhos um novo prestígio.  Uma vez que (conjunção causal) sei que os mitos não falam para nada dizerem, meu olhar adquire novo prestígio aos mitos.

    Também no contexto, percebe-se que a oração: "Ora, não raro essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa forma, sua existência" é uma oração subordinada adverbial consecutiva, pois percebe-se que desdramatizar a existência dos homens é consequência da tarefa dos mitos de distrair os homens. Ou seja, os mitos distraem os homens, de modo a (conjunção consecutiva) desdramatizar suas existências.

    Assim, 

    a) Uma vez que: conjunção causal; De modo: conjunção consecutiva;

    b) Ainda que: concessiva; A fim de: final

    c) Conquanto: concessiva; Porque: causal

    d) Uma vez que: causal; À medida que: proporcional (CUIDADO: não confundir com "na medida em que" que é causal;

    e) Embora: concessiva; A ponto de: ????? Não sei onde se classifica

     

     

  • Os dois verbos estão no gerúndio; então, deveria haver uma representação de gerúndio

    Abraços

  • Matheus, é porque teve um erro de edição do qc! O segundo parágrafo inicia em "Talvez, entretanto..."

  • ORAÇÕES REDUZIDAS NO GERÚNDIO

     

    No gerúndio, os verbos da 1.ª conjugação terminam em -ando, os da 2.ª conjugação terminam em -endo e os da 3.ª conjugação terminam em -indo.

     

    Oração subordinada adverbial causal

     

    Reduzida: Não sendo honesta, só arrumou confusão.
    Desenvolvida: Como não foi honesta, só arrumou confusão.

     

     

     

    ORAÇÕES REDUZIDAS DE INFINITIVO

     

    No infinitivo impessoal, os verbos da 1.ª conjugação terminam em -ar, os da 2.ª conjugação terminam em -er e os da 3.ª conjugação terminam em -ir. Nas orações reduzidas, os verbos podem aparecer também no infinitivo pessoal, sendo flexionados em número e pessoa.

     

    Oração subordinada adverbial consecutiva

     

    Reduzida: Ela comeu tanto, ao ponto de vomitar tudo
    Desenvolvida: Ela comeu tanto, ao ponto que vomitou tudo. 

     

     

     

    Fonte: https://www.normaculta.com.br/oracoes-reduzidas/

     

     

    "Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor."

     

     

     

     

     

  • Comentário: Primeiro, devemos observar os conectivos que tentam substituir o verbo “Sabendo”.
    Um detalhe importante na resolução da questão é que conjunção concessiva força o verbo ao modo subjuntivo. A banca já insere o verbo “sabe” no presente do indicativo, diante das conjunções concessivas “Conquanto” e “embora” para você já eliminar as alternativas (C) e (E).

    A locução conjuntiva “Uma vez que” tem valor adverbial condicional quando o verbo se encontra no modo subjuntivo, e notamos na oração
    reduzida de gerúndio uma base de pensamento, não uma condição ou hipótese. Assim, não cabe a alternativa (D), pois “uma vez que se saiba” transmitiria uma noção de condição, o que não cabe neste contexto.
    Agora, vamos passar para os conectivos que tentam substituir o verbo “desdramatizando”. Note que esse verbo transmite uma ideia de resultado, efeito, o que só pode ser transmitido pela expressão “de modo a desdramatizar” e a alternativa (A) é a correta. Além disso, voltando ao primeiro verbo (“Sabendo”), notamos nele uma base de argumentação, uma causa, por isso cabe a expressão “Uma vez que se sabe”. Compare abaixo o original e as expressões da alternativa (A):
    Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente, investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra. (...)
    Ora, não raro essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa forma, sua existência.
    Uma vez que se sabe a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente, investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra. (...) Ora, não raro essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, de modo a desdramatizar, de certa forma, sua existência.
    Gabarito: A

    FONTE: DÉCIO TERROR

    ESTRATÉGIA

  • TOMEMOS  CUIDADO MEUS AMIGOS CURTAM OS COMENTÁRIOS, TODAVIA COM MUITA ATENÇÃO!!! 

    Segundo o prof. Fernando Pestana. UMA VEZ QUE seguido de verbo no subjuntivo (SE SABE) é CONJUNÇÃO CONDICIONAL. Em relação ao parágrafo 4...   Confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens. Ora!!! Não há de se falar em CONJUNÇÃO CONSECUTIVA, visto que tem como sua principal característica a ideia de CONSEQUÊNCIA, mas sim em FINALIDADE ( DE MODO A DRAMATIZAR ). Portanto, temos uma CONJUNÇÃO FINAL. 

    NÃO BAIXEM A GUARDA GUERREIROS, AVANTE LEVANTEM A CABEÇA ESTA GUERRA NÃO ESTÁ PERDIDA!!! 

     

    JESUS CRISTO SALVA. LOUVADO SEJA PARA TODO SEMPRE AMÉM!!!!! 

  • CAUSA   (por que motivo)     x         CONSEQUÊNCIA (fez com que, por tudo isso, de maneira que)

    -  CAUSA     =          POR QUE MOTIVO

    *** PORQUANTO    =      CAUSA /    PORQUE, UMA VEZ QUE, POIS, JÁ

    -   CONSEQUÊNCIA   =    FEZ COM QUE, DE MANEIRA QUE, por tudo isso

             Consecutiva = TESÃO    ( TAL, TANTO, TAMANHO)        QUE = TAL, TÃO, DE SORTE   TANTO QUE