SóProvas


ID
2829538
Banca
IDECAN
Órgão
CRF-SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

E se o Império Romano não tivesse acabado?

    Em vez da França, a província de Gália. Em vez da Inglaterra, a Bretanha. Em vez da Bulgária, a Trácia. Quem já leu as aventuras de Asterix conhece bem esses nomes esquisitos de regiões dominadas pelos exércitos de Roma (as histórias do herói gaulês se passam por volta de 50 a.C., época do apogeu do Império Romano). Pois assim seria o Velho Mundo se o império com sede em Roma não tivesse se desintegrado: uma única nação contornando o Mediterrâneo ao longo das costas europeia, asiática e africana. Mas a mudança dos nomes das localidades europeias é a menos importante das diferenças. O mundo seria outro. O capitalismo talvez ainda não tivesse surgido e, sem ele, a conquista e a colonização da América não aconteceriam. No final das contas, o Brasil poderia ser até hoje uma terra de índios.
    Mas vamos aos poucos. Primeiro é bom lembrar o que houve com o império de Roma. O poder imperial começou a se esfarelar no século 3, quando ocorreram lutas internas entre generais e vivia-se uma verdadeira anarquia militar. Para se ter uma ideia, em 50 anos houve pelo menos 20 imperadores, que foram destituídos um após o outro (alguns inclusive reinaram simultaneamente, em conflito). 
    Não era para menos. A economia romana era baseada no trabalho escravo e o suprimento de escravos dependia da conquista de novos territórios. O problema foi que o reino tornou-se grande demais para ser administrado, as conquistas minguaram, os escravos escassearam e a vida boa acabou. A arrecadação de impostos diminuiu e a população pobre começou a reclamar. Para ajudar, ainda havia o cristianismo (que era contra a escravidão e a riqueza da elite) e uma peste que varreu a região. Nessa barafunda de problemas, tentou-se de tudo, até a divisão administrativa do império em dois, o do Ocidente (com sede em Roma) e o do Oriente (o Império Bizantino), com sede em Constantinopla (onde antes ficava Bizâncio).
    Para este último, a solução foi eficaz. Mas o Império Romano do Ocidente, assolado pela crise econômica, perdeu seu poder militar e foi aos poucos invadido por guerreiros germânicos. Em 395, a divisão administrativa transformou-se em divisão política e o império rachou em dois. Deixada à própria sorte, a metade ocidental durou pouco. A queda definitiva ocorreu em 476, quando a tribo do rei Odoacro derrubou o último chefe de Roma, Rômulo Augústulo. No Oriente, no entanto, o Império Romano continuou existindo por quase mil anos, até 1453, quando os turcos tomaram Constantinopla.
    Se o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental, diz Pedro Paulo Funari, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em primeiro lugar, o imperador seria também o papa, como em Constantinopla, onde o imperador governava tudo o que interessava: o Exército e a Igreja. Ou isso ou haveria uma divisão de poderes com a Igreja. Essa mistureba de papéis provavelmente criaria situações curiosas, como bispos governando uma província como Portugal, ou melhor, a Lusitânia, e párocos dirigindo cidades.
    A influência religiosa seria ainda maior do que foi na Idade Média ou atualmente. Nas províncias, o divórcio e o aborto provavelmente seriam proibidos e não seria nenhum absurdo que alguns costumes alimentares cristãos, como comer peixe às sextas-feiras, tivessem a força de lei, com penas severas (o açoite, o exílio e a prisão domiciliar eram comuns) para quem degustasse uma costelinha no dia sagrado.
    As línguas derivadas do latim, como o português, o espanhol, o francês e o italiano, provavelmente seriam muito diferentes. O português, por exemplo, não teria sofrido a influência das línguas árabe e germânica, já que, nesse nosso mundo hipotético, possivelmente não ocorreriam as invasões dos germânicos e muçulmanos na península Ibérica. Palavras de origem árabe e tão portuguesas, como azeite, não fariam parte do nosso vocabulário.
    E o capitalismo? “Provavelmente demoraria mais para acontecer”, afirma Funari. “Impérios em geral dificultam o desenvolvimento do capitalismo, que depende do individualismo para se desenvolver. Um Estado muito forte e controlador é um obstáculo”, diz o historiador. Na Europa, o feudalismo e a fragmentação do poder favoreceram o surgimento do capitalismo. No Japão, onde houve a fragmentação do Estado e a implantação de um sistema de shogunato, isso também aconteceu, ao contrário da China, um império que durou até 1911. Retardado o capitalismo, a colonização da América também seria outra. E os astecas, incas, tupinambás e guaranis talvez tivessem se desenvolvido mais e oferecido maior resistência aos europeus. Indo mais longe, um império inca talvez pudesse existir até hoje. Mas essa é uma outra hipótese.

(Lia Hama e Adriano Sambugaro – http://super.abril.com.br/cultura/se-imperio-romano-nao-tivesse-acabado-444330.shtml?utm_source= redesabril_super&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_jovem.)

Por se tratar de um texto que constitui uma realidade conjectural, os autores se valem de diferentes estratégias lexicais e gramaticais para caracterizar dessa maneira algumas informações. Das estratégias apresentadas a seguir para que se obtenha esse efeito nas informações de natureza hipotética, apenas uma NÃO pode ser encontrada no texto. Que característica é essa?

Alternativas
Comentários
  • Conjectura é um substantivo feminino que significa um juízo ou opinião com fundamentação incerta, ou uma dedução de um acontecimento que poderá acontecer no futuro, baseado em uma presunção.


    Usa-se nessa situação recursos condicionais, advérbios e alguns tempos verbais como o futuro do pretérito do indicativo.

  • Questão passivel de anulação. Nota-se que a questão pede a alternativa que não está contida no texto e a alternativa B está contida sim, veja:


    "...Quem já leu as aventuras de Asterix conhece bem esses nomes esquisitos de regiões dominadas..."

    Quem é pronome indefinido como também pronome relativo

  • Dúvida nada a ver com a questão: Bretanha não remete à região francesa? Não seria o certo "Britânia"? Eu cresci achando que bretanha se relacionava a Inglaterra, depois de velho que tive um choque ao descobrir que é uma região da França. Agora não sei mais nada hehe

  • Nesta parte do texto, tem também NENHUM... não seria pronome indefinido?

    "não seria nenhum absurdo que alguns costumes alimentares cristãos"



  • Questão absurda! Como pode ser letra B se há diversos pronomes indefinidos?? Vide o pronome "outros(as)" em diversas partes do texto! Questão que deve ser anulada, inclusive aqui no QC!

  • Por se tratar de um texto que constitui uma realidade conjectural, os autores se valem de diferentes estratégias lexicais e gramaticais para caracterizar dessa maneira algumas informações. Das estratégias apresentadas a seguir para que se obtenha esse efeito nas informações de natureza hipotética, apenas uma NÃO pode ser encontrada no texto. Que característica é essa?

    A) Uso de advérbios de dúvida. (SIM, natureza hipotética)

    [...] Se o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental,[...] provavelmente criaria situações curiosas, como bispos governando uma província como Portugal, ou melhor, a Lusitânia, e párocos dirigindo cidades.[...]

    Significado de Possivelmente: advérbio. Desígnio de algo que pode ou não acontecer. Existe a possibilidade para que aconteça, mas não há certezas.

    Significado de Provavelmente: advérbio. De modo provável; em que há uma grande probabilidade de se realizar;

    B) Uso de pronomes indefinidos. (NÃO, GABARITO)

    C) Uso de orações adverbiais condicionais. (SIM, natureza hipotética)

    [...]Se o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental[...]

    Se o Império Romano resistisse. → Oração subordinada condicional.

    possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental → oração principal

    D) Uso do futuro do pretérito do indicativo. (SIM, natureza hipotética)

    Se o Império Romano resistisse, possivelmente ele seria parecido com sua metade oriental.

    Seria → Futuro do pretérito

    'Emprega-se o futuro do pretérito para:

    Exprimir uma opção ou fato futuro hipotético, dependente de certo acontecimento, que talvez nem venha a ocorrer:

    "Mundo mundo vasto mundo

    se eu me chamasse Raimundo

    seria uma rima, não seria uma solução" (Carlos Drummond de Andrade)'

    Fonte: Gramática da Língua Portuguesa, Melo Mesquita, Roberto.

  • ...Alguns inclusive reinaram... neste trecho temos pronome indefinido alguns. Ta de brincadeira essa banca de 5. Categoria
  • Há pronomes indefinidos sim no texto, mas eles não contribuem para que as informações de natureza hipotética sejam fortalecidas. Observem o comando da questão: "Das estratégias apresentadas a seguir para que se obtenha esse efeito nas informações de natureza hipotética (...)"

  • Pronomes Indefinidos:

    São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade indeterminada.

    Por exemplo, algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. 


    No texto:


    Para se ter uma ideia, em 50 anos houve pelo menos 20 imperadores, que foram destituídos UM após o OUTRO (ALGUNS inclusive reinaram simultaneamente, em conflito). 

    (...)

    não seria NENHUM absurdo que alguns costumes alimentares cristãos.

    (...)

    Mas essa é uma OUTRA hipótese.

  • Leia as considerações de Ghuiara Zanotelli

  • Pessoal,

    Pronomes indefinidos não tem natureza hipotética!  O comentário do Marcelo está perfeito. Essa banca é diferente mesmo. Só precisamos pegar esse jeitão esquisofrenico dela....

  • a) "... um império inca talvez pudesse existir até hoje."

    c) "Se o Império Romano resistisse..."

    d) "... pois assim seria o Velho Mundo ..."

     

    Quem escolheu a busca não pode recusar a travessia - Guimarães Rosa

    ------------------- 

    Gabarito: B

  • Uma dessa na hora da prova é de matar.

  • Todo meu conhecimento de português não está servindo de muito com essa banca.. 5/6 erros nessa prova...

    Por enquanto já vou ter que dar 5 voltas correndo, vamos ver se a penalidade aumenta..

  • "O mundo seria OUTRO".

    Se isso não é pronome indefinido, é o que então?

    NÃO pode ser encontrado no texto...

    Poderia ter colocado: aquele que aparece com menos frequência!!!!!

  • Eu eu entendi que, no enunciado da questão, onde está escrito "nas informacões hipotéticas" -> a banca se referiu à primeira parte do texto: "em vez de França, província de galia". Concluí que nesse frase não tem pronome indefinido.
  • O problema não são as opções e sim a falta de interpretação do comando da questão...

  • Acredito que temos que ter uma bola de cristal para adivinhar o que a banca pede no enunciado. Ao me ver ele está falando do texto do caso hipotético ou seja o primeiro parágrafo, no segundo em diante não é hipotético. No primeiro parágrafo não consta pronome indefinido. Mas consta as outras opções.

    Se eu estiver errada me corrijam.

    Bons estudos!!

  • A típica questão que gera vergonha alheia...

  • B

  • Me sinto extremamente leigo em português com as questões da IDECAN. :/

  • A questão pede a que não há no texto.

    A) Uso de advérbios de dúvida. ERRADO.

    advérbios de dúvida: Possivelmente, provavelmente, acaso, porventura, quiçá, será, talvez, casualmente.

    B) Uso de pronomes indefinidos. CERTO.

    São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade indeterminada.

    C) Uso de orações adverbiais condicionais. ERRADO.

    D) Uso do futuro do pretérito do indicativo. ERRADO.

    O futuro do pretérito do indicativo se refere a um fato que poderia ter acontecido posteriormente a uma situação passada. É utilizado para indicar uma ação que é consequente de outra, encontrando-se condicionada.

    Gabarito: B.

  • Advérbio de dúvida : talvez ,caso ,porventura ,oxalá ,quiçá .

    Pronome indefinido : tudo , nada ,algum , nenhum ,muito, certo ,pouco , mais , todo ,vários e qualquer .

    Oracão adverbiais condicionais :exprime uma CONDIÇÃO de que depende da realização , ou não ,do que se declara. " se,salvo se ,exceto se, a menos que ,sem que ,a não ser que ,desde que,contanto que,sem que .

    Futuro do pretérito do indicativo : final + ia

    "Seja forte e corajoso"

  • Não entendi por que é a letra B, se no texto tem a presença de pronome indefinido, como por exemplo, no trecho: "e não seria nenhum absurdo que alguns costumes alimentares cristãos...", já que "alguns" é um pronome indefinido, pois no trecho não é especificado quais seriam esses costumes alimentares cristãos.

    A questão não deveria ser anulada não?

  • Não entendi por que é a letra B, se no texto tem a presença de pronome indefinido, como por exemplo, no trecho: "e não seria nenhum absurdo que alguns costumes alimentares cristãos...", já que "alguns" é um pronome indefinido, pois no trecho não é especificado quais seriam esses costumes alimentares cristãos.

    A questão não deveria ser anulada não?

  • O comando da questão é tudo: "Das estratégias apresentadas a seguir para que se obtenha esse efeito nas informações de natureza hipotética"

    o único que não corresponde ao comando é o pronome indefinido...

    Assim não é passível de anulação.

    Estudar é o melhor caminho... Reclamar não!!!

  • De fato e letra B. Pois, não é sobre o q existe de um modo geral ou não. Mas sim a cerca da circunstâncias hipotética/dúvida e nesse caso exclui-se o P. Indefinido.

  • Acredito que pronomes indefinidos poderiam em situações pontuais expressar hipóteses (situações hipotéticas), porém, dentre as opções, de fato, é a mais subjetiva de se afirmar.

  • Não é que no texto não exista nenhum pronome indefinido. É que na maior parte do texto predominam os outros termos, caracterizando um texto conjectural.

  • não entendo essa banca é muita sacanagem

  • IDECAN TEM AS PIORES QUESTÕES DE PORTUGUÊS DE TODAS BANCAS, NO SENTIDO DE PORCARIA MESMO!

  • LIXO DE BANCA !

  • vi indefinidos, pensei logo q fosse artigo... e não vi q era pronomes indefinidos (todo, alguém, algum, quanta, tanto, vários, muito, pouco, outro, certo...)
  • Fim da IDECAN é o jeito o banca que não sabe elaborar questão de português

  • Nao entendo as reclamações sobre esta questão. O que a questao pede sao palavras que, no texto, nao representem uma situação hipotética, dúvida, ou seja, um " e se isso tivesse acontecido..." e os pronomes indefinidos no texto nao trazem isso. O "SE" de condição, os adverbios de dúvida(provavelmente, possivelmente) e o futuro do preterito do modo indicativo(seria...) é que trás esses conceitos que a questão pediu.

    Bons estudos guerreiros...

  • Galera, interpretação faz parte da questão. Sabendo o conceito de morfologia vocês matam a questão.

    Retirei do texto.

    (a)Uso de advérbios de dúvida. ( possivelmente)

    (b)Uso de pronomes indefinidos. Gabarito

    (c)Uso de orações adverbiais condicionais. ( Se o Império Romano resistisse.......)

    (d)Uso do futuro do pretérito do indicativo. ( Seria, demoraria)

    PCERJ ;)

  • Baseando-se no primeiro parágrafo, é possível resolver a questão.

    Não tem promomes indefinidos

    Gabarito B

  • Caminhei a vida toda para a escola desde os meus 5 anos, passei a vida toda vendo a disciplina de português na escola, porém me sinto absurdamente leigo em português com as questões da IDECAN.