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ID
2876188
Banca
VUNESP
Órgão
Câmara Municipal de São José dos Campos - SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                          Meu bem, meu mal


      Na psicologia social, há uma definição de comportamento conhecida como “licença moral”. É o consentimento que autoriza as pessoas que praticam uma boa ação a compensá-la com o avesso. Dito de outro modo: quando alguém está certo de ter feito o bem, com compaixão e generosidade, pode sentir-se liberado para fazer o mal, com posturas egoístas, preconceituosas, antiéticas e – que surpresa! – até corruptas. No mundo corporativo, em que se aplaudem as companhias que cultivam valores morais e éticos, com doações e responsabilidade social, os desvios costumam cair como baldes de água fria e decepção – e estão longe de representar uma raridade. “No Brasil, muitas das empresas que são investigadas em esquemas de corrupção têm o seu instituto e sua fundação com ações filantrópicas, mas ao mesmo tempo estão envolvidas em conluio setorial, cartel implícito ou formas de ganhar recursos de bancos públicos”, diz o professor Sérgio Lazzarini, colunista de VEJA.

      Esse fenômeno acaba de receber amparo acadêmico. Um trabalho realizado pelos economistas John List e Fatemeh Momeni, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, põe em xeque a tese da benevolência como uma postura inquebrantável. O estudo revela que trabalhar para uma empresa socialmente responsável pode motivar os empregados a agir de forma exatamente oposta em outras searas. Eles se tornam irresponsáveis, mais propensos a trapacear. Para os autores, o gesto de bondade deflagra uma espécie de crédito para praticar desvios em outros contextos.

      Mas, afinal de contas, todas as pessoas que doam trapaceiam? É atávico? Não necessariamente. A construção psicológica que diz que, “se fiz um bem, posso então relaxar e fazer algo errado” não é aplicada a todos, de modo incondicional. Há regras morais claras, muitas vezes jogadas para debaixo do tapete, mas que nunca deixam de incomodar, silenciosamente. Diz a psicóloga e professora Denise Ramos: “Nenhum corrupto é inconsciente. A pessoa sempre sabe o que está fazendo”. O nó, descoberto pelos professores de Chicago, é que, numa brincadeira com o batido adágio, assim como não há mal que dure para sempre, também não há bem que se eternize. É uma pena. Mas é humano, demasiadamente humano.

                                  (Natália Cuminale. Veja, 07.03.2018. Adaptado)

Observe o emprego de dois-pontos e do travessão duplo na seguinte passagem:


(I) Dito de outro modo: quando alguém está certo de ter feito o bem, com compaixão e generosidade, pode sentir-se liberado para fazer o mal, com posturas egoístas, preconceituosas, antiéticas e (II) – que surpresa! – até corruptas.


É correto afirmar que, com esses sinais de pontuação, a autora tem o objetivo de

Alternativas
Comentários
  • Uso do sinal de dois pontos:


    -Ligar orações coordenadas que tenham natureza de conclusão ou explicação. Ex. O dólar estava muito alto: não viajei. (I)


    -Introduzir enumeração. Ex. Eu aceito você de volta sob três condições: você vai pedir desculpas, devolver o dinheiro e nunca mais repetir esse comportamento.


    -Isolar oração subordinada substantiva apositiva (introduzida por conjunção integrante). Ex. Ela queria apenas uma coisa: que a prova viesse logo. (o aposto também pode vir na forma de uma oração desenvolvida.)


    -Introduzir citação: O uso mais clássico do sinal de dois pontos é marcar o discurso direto e inserir. uma fala alheia. Ex: Dizia ele: estou indo pra Brasília, neste país lugar melhor não há. Nesse caso, é comum haver aspas na reprodução literal do comentário citado.


    Uso dos travessões:


    -Isolar termos ou orações intercalados de caráter explicativo ou para dar destaque/ênfase. Ex. Esse seu carro — se é que pode ser chamado assim — é uma “carroça”. (II)


    -Mudança de interlocutor no diálogo:

    Ex. — Pai, tirei 7.5 no exame!

    — Parabéns, filho! Qual exame?

    — O exame do bafômetro. Eles ficaram com seu carro...


    Resposta: Alternativa D


    Fonte: Estratégia Concursos.

  • Alternativa D.

  • Discordo do gabarito ser D. Apoiando-se com base nos trechos, a expressão "dito de outro modo" visa a apresentar uma nova versão, uma nova forma de explicar. E a expressão "que surpresa", serve para mostrar ao leitor que é algo chocante, que não estava previsto. Pra mim, o correto seria a alternativa C.

  • Alternativa D.

    (I) Na psicologia social, há uma definição de comportamento conhecida como “licença moral”. É o consentimento que autoriza as pessoas que praticam uma boa ação a compensá-la com o avesso. Dito de outro modo:

    A autora dá início à explicação - ou detalhamento - do termo anterior. Pode-se substituir a expressão "dito de outro modo" por: detalhadamente, em outras palavras...

    (II) ... pode sentir-se liberado para fazer o mal, com posturas egoístas, preconceituosas, antiéticas e (II) – que surpresa! – até corruptas.

    O comportamento destacado pela autora está em negrito, e não de menor importância, sua reação: "que surpresa!".