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FIOS E TRAMAS
Gláucia Leal
A máxima de que à medida que ampliamos nosso conhecimento sobre algo mais teremos consciência de que ainda há muito para aprender parece se aplicar muito bem ao funcionamento do cérebro. Um bom exemplo disso: durante mais de um século, as células gliais - existentes aos milhares em nossa cabeça - atraíram pouca atenção dos neurocientistas. No entanto, à medida que o conhecimento sobre o funcionamento cerebral se ampliou, as descobertas trouxeram indagações a respeito da implicação das gliais na instalação de doenças neurológicas e transtornos psiquiátricos, bem como no processo de aprendizado.
"Até recentemente nossa compreensão do cérebro se baseava em ideias conhecidas como doutrina neural, mas essa teoria de mais de 100 anos, segundo a qual toda a comunicação do sistema nervoso é transmitida por impulsos elétricos através de redes de neurônicos, está equivocada", afirma o neurocientista R. Douglas Fields, autor do tema de capa desta edição. "Hoje sabemos que muitas informações passam ao largo dos neurônios, fluindo sem eletricidade, pela rede de células gliais", explica.
Um tema complexo que novas pesquisas ajudam a compreender melhor é a memória, uma das funções da inteligência. Os dados que fixamos proporcionam não só aos humanos, mas aos seres vivos de forma geral, aptidões diversas, que favorecem a sobrevivência e a qualidade de vida: por meio desse processo complexo obtemos benefícios de experiências passadas que nos ajudam a resolver problemas e tomar melhores decisões. Na prática, se algumas situações de esquecimento são incômodas, ainda que nem sempre as consequências não sejam trágicas, as falhas da memória costumam despertar a sensação, mesmo que momentânea, de "perda de si mesmo". Nesses casos, pode ser muito útil investigar as causas desse sintoma e também recorrer a estratégias comprovadamente eficazes para exercitar a memória e, assim, driblar as armadilhas que nos tornam tão inseguros quando somos "traídos" por esse aspecto mental. Como se seguíssemos "fios de Ariadne" - a princesa de Creta que, segundo a mitologia grega, ajudou seu amado Teseu a escapar do labirinto onde vivia o minotauro, sugerindo a ele que desenrolasse um novelo de lã para encontrar o caminho de volta -, podemos entender melhor as tramas que enredam os fios de nossas lembranças. E, ainda que não possamos retê-las, talvez seja possível ao menos nos apropriar da possibilidade de saber mais sobre nós mesmos...
Disponível em: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/fios_ e_ tramas.html. Acesso em: 14 fev. 2019.
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