SóProvas


ID
2955400
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Aracruz - ES
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA


            Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.

Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor. 

Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.

- Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para rábula ordinário como Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui.

A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando... 

João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudarse, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível. 

- É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.

Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crâneo. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria nada, não se julgava capaz de nada...

Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca...

João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalinho magro e partiu.

Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.

- Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens? 

- Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.

- Mas, como? Agora que você está delegado? 

- Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.

E sumiu.

(LOBATO, Monteiro. “Conto de Cidades Mortas”. In www. gotasdeliteraturabrasileira.blogspot.com)

Reescrevendo-se o período composto por coordenação “Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa” (2º §), para que se mantenha o sentido original, o período deverá ter a seguinte redação:

Alternativas
Comentários
  • Não só é aditivo. gab B

  • GABARITO B

     “Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa” (conjunção aditiva)

    B) Não só nunca fora nada na vida, bem como não admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa (função aditiva)

    Qualquer erro, mandem mensagem ¬¬

  • Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa” (conjunção aditiva)

    Simples é só trocar por outro conectivo aditivo bem como. LETRA B

  • De maneira rápida:

    ( Nem) neste caso tem valor aditivo como no exemplo:

    Não trabalha nem estuda...

    é possível visualizar quando implicitamente se usa; não só mas também..

    Não só nunca fora nada na vida, bem como não admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.

    sucesso, bons estudos, Nãodesista!

  • boa errei, ams aprendi qeu não so é aditivo

  • Por que nao pode ser letra A? "também" não é aditivo?

  • Lu Ramos, a alternativa A não pode ser, pois é introduzida por um nexo concessivo, em sua forma reduzida, "apesar de (que)", o que alteraria o sentido do período.

    Espero ter esclarecido a dúvida.

    Qualquer erro, corrijam-me.

  • a) Apesar de - Concessiva

    b) Correta - Coordenada aditiva

    c) Conquanto - Concessiva

    d) Contanto que - Condicional

    e) Porque - Explicativa

  • Gabarito''B''.

    Reescrevendo-se o período composto por coordenação “Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa” (2º §), para que se mantenha o sentido original, o período deverá ter a seguinte redação:

    B) Não só nunca fora nada na vida, bem como não admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.

    Os conectivos que coordenam as orações aditivas são: e, nem, não só, mas também, mas ainda, como, assim,bem como,Não só.

    Estudar é o caminho para o sucesso.

  • GAB BBBBBBB

    Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa -> Isso nos traz uma ideia de adição.

    B) Não só nunca fora nada na vida, bem como não admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.-> Isso também nos traz uma ideia de adição

  • @Luana Ramos

    Apesar de -----> Concessiva

  • Achei estranha a construção frasal da B. Mas ok.

  • e o "Também" na letra A? se o gabarito fosse esse era fácil justificar

  • E , nem , não Só , mas também são conjuncoes aditiva

  • Ao+ infinitvo= tempo

    A+ infinitivo= condição

    Por+ infinitivo=causa

    Para+ infinitivo=finalidade

    APESAR DE+ infinitivo=concessão ( erro da letra "A")

  • Gabarito: B.

    “Nunca fora isso, nem admitia aquilo” --> (Nunca fora isso, e também não admitia aquilo.)

    "Não só isso, bem como não aquilo." --> (Não só isso, como também não aquilo.)

  • Na frase “Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa”, temos uma ideia de adição: "nunca isso e nem aquilo".

    Conjunções coordenativas aditivas: têm valor semântico de adição, soma, acréscimo ... 

    São elas: e, nem (e não), não só... mas também, mas ainda, como também, ademais, outrossim... 

    Ex.: Estudaram muito e passaram no concurso. 

    .

    A Apesar de nunca ter sido nada na vida, também não admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.

    Conjunções subordinativas concessivas: têm valor semântico de concessão, contraste, consentimento, licença, quebra de expectativa... 

    São elas: embora, ainda que, se bem que, mesmo que, nem que, mesmo quando, posto que, apesar de que, conquanto, malgrado, não obstante, inobstante... 

    Ex.: Apesar de discordar, aceitei sua explicação. 

    B Não só nunca fora nada na vida, bem como não admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.

    "Não só" e "bem como" trazem ideia de ADIÇÃO! Portanto, este é o gabarito da questão.

    C Conquanto nunca tivesse sido nada na vida, tampouco admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.

    "Conquanto" é conjunções subordinativa concessiva.

    D Contanto que nunca tivesse sido nada na vida, nem por isso admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.

    Conjunções subordinativas condicionais: têm valor semântico de condição, pré-requisito, algo supostamente esperado... 

    São elas: se, caso, desde que, contanto que, exceto se, salvo se, a menos que, a não ser que... 

    Ex.: Contanto que você estude muito, passará no concurso. 

    E Nunca fora nada na vida, porque não admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.

    Oração subordinada adverbial causal: exprime ideia de causa do fato expresso na oração principal. É introduzida pelas conjunções porque, pois, porquanto, uma vez que, visto que, já que, como... 

    Ex.: Porque você estudou muito, suas chances de passar são enormes. 

    Gabarito: Letra B