SóProvas


ID
2979952
Banca
CETAP
Órgão
Prefeitura de São João de Pirabas - PA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                    Rio de Lama, Rio de Lágrimas.


      Ainda aturdida por duas imensas tragédias sem conserto para vidas e lugares atingidos, escrevo sobre uma, na Europa, que assusta o mundo e outra, no Brasil, que deveria nos assustar especialmente. Vejo em capitais brasileiras vigílias pela carnificina em Paris. São justas, não só porque qualquer cidade assim ferida merece homenagens, mas porque para muitíssimos Paris é uma cidade especial. E esse foi anunciado pelos autores como sendo apenas um primeiro golpe na tempestade. Pela extensão e sofisticação de sua capacidade destrutiva, e pelos locais de preparação antes nunca imaginados, mas que começam a ser descobertos, outros países estão na mira, pela Europa inteira. Sem falar na Olimpíada do ano próximo, no Brasil.

      Todos alertas, todos assustados, todos um tanto perplexos com essa tragédia - e outra ainda maior e mais complexa se anuncia, ou já começou: a chegada de milhões de refugiados, migrantes sofridos e necessitados, parece ser cavalo de Troia com que se movem facilmente bandos de terroristas assassinos. O que fazer, como fazer, perguntam-se os líderes dos países envolvidos. Mesmo quem recebia os migrantes com alguma boa vontade começa a rever sua postura, pensar em mudar leis, levantar muros de toda sorte: pagarão inocentes por alguns culpados. “A vida não é justa”, suspiramos.

      Mas esperei entre nós vigília e lágrimas pelo Brasil por este que é um dos maiores crimes ambientais do mundo: protesto e pranto pela morte do Rio Doce, miseravelmente envenenado e travado pela lama, que mata as águas do Doce e de seus afluentes, os peixes, os bichos, os campos cultivados, as pastagens, as plantações, as pessoas - quantas de verdade? Que providências se tomam? O que se faz para encontrá-las, além de urubus, cães e paus enfiados na lama repulsiva para ver se dali sai “odor”?

      Morrem também profissões na região, como as de agricultor e pescador: um velho pescador declara aos prantos que sua profissão não existe mais por ali. A extensão é vastíssima, quilômetros de esterilização, envenenamento, em suma, assassinato. Pois o desastre era previsível: laudos anteriores alertavam para a fragilidade das barragens, e aparentemente nada foi feito, além de negar, desviar os olhos, e de novo negar. “Nada de barulho, pois podemos ter problemas.” E os trágicos problemas chegaram: segundo Sebastião Salgado, a “cura” das águas e terras levará de vinte a trinta anos.

      O grande fotógrafo e humanista (sim) internacionalmente admirado nasceu e cresceu junto ao Doce, onde criou com sua parceira, Lélia, o maravilhoso projeto de revitalização de zonas quase mortas décadas atrás, o Instituto Terra. Agora, tudo está pior do que antes dos esforços deles. Recuperar toda aquela região, que vai de Mariana ao mar no Espírito Santo, onde certamente haverá muita contaminação, custará não apenas somas incríveis - projeto que ele já tinha proposto ao BNDES algum tempo atrás foi aprovado, mas não houve o repasse do dinheiro -, como terá de manter aceso por décadas o interesse num país de momento tão superficial, tão desinteressado, tão focado em poder, poder, e fuga à responsabilidade, ocultamento de crimes, e salvação das próprias feias peles. Não sou otimista. Até aqui só vi, como em geral neste país, promessas de planos, projetos, eternas comissões ineficientes e mornas, pouquíssima ação concreta, também nesta crise: mesmo na busca de mortos, lenta e atrasada. Ficarão emparedados na lama que, ao secar, parece cimento. Homens, mulheres, crianças, velhos, eternamente ocultos, a não ser para os corações que por eles choram. O que está fazendo o Brasil para compensar todo esse sofrimento, cada vez menos mencionado?

      Precisamos de lágrimas e vigílias pelos inocentes chacinados na França, mas de movimentos vibrantes pelo que, aqui entre nós, vem sendo lentamente assassinado, e agora foi brutalmente soterrado pelo rio de lama, de lágrimas, de pouca esperança. Vamos trabalhar, e nos manifestar, e chorar, com Sebastião Salgado.

                                                                               Fonte: Lya Luft - 25 de novembro de 2015)

Utilize o fragmento textual seguinte “Mas esperei entre nós vigília e lágrimas pelo Brasil por este que é um dos maiores crimes ambientais do mundo (...)” para responder a questão.


É INCORRETO afirmar sobre o fragmento:

Alternativas
Comentários
  • Gab - E

    Na verdade trata-se da regra de acentuação para monossílabas tônicas. Acentuam-se as terminadas em a(s), e(s), o(s)

  • GABARITO: LETRA E

    ===> a questão pede a alternativa incorreta:

    “Nós” é acentuado por ser oxítona terminado em “o”, seguido de “s”.

    ===> é acentuado pois é um monossílabo tônico terminado em -o, são acentuados os terminados em: p(A), p(E), p(O), seguidos ou não de S.

    Força, guerreiros(as)!!

  • Os monossílabos tônicos possuem autonomia fonética e semântica, ou seja, são proferidos com força e mantêm o seu significado próprio, independentemente de virem inseridos numa frase ou isolados.

    Podem ser ou não acentuados. É apenas a acentuação dos monossílabos tônicos terminados em: a, as, e, es, o, os, éu, éus, éi, éis, ói, óis

    Terminados em o, os: pó; só; nó; dó; cós; pôs; pós; nós; vós;

  • Mas é conjunção adversativa que estabelece uma contradição em relação à oração anterior.

    Nos exemplos que indica, a conjunção mas é mais corrente do que as alternativas indicadas (porémtodaviacontudo) e facilita a comunicação. Alguns autores, demonstrando um grande domínio da língua portuguesa, utilizam mas no princípio de um parágrafo, realçando a oração e simplificando o discurso.

    O uso estilístico da conjunção mas no princípio das frases é legítimo, gramaticalmente e estilisticamente correcto. Nos exemplos a que se refere, dá realce à oração. O mas utilizado no princípio da frase tem um uso enfático muito apreciado por certos autores de renome como os que refere.

  • E quanto a alternativa B?

  • André Luis Guerra,

    A letra B está correta:

    Veja bem:

    Mas eu esperei entre nós - o que - vigília e lágrimas

    Temos na frase o sujeito que está elíptico, mas está ali;

    O termo "entre nós" é adjunto adverbial deslocado, mas é de pequena extensão, portanto é facultativo estar entre vírgulas;

    O verbo "esperar" pergunta: que é que esperei...vigília e lágrimas - caso normal de verbo transitivo.

  • "nós" monossilabo tônico

  • monossílabo tônico. São tônicos os substantivos, adjetivos, advérbios, verbos e pronomes (nem todos).

  • uma dúvida: o verbo é VTDI? e o objeto indireto seria pelo brasil?

  • Nós, no caso, é acentuado por ser um monossílabo tônico.

  • Gabarito"E''.

     “Mas esperei entre nós vigília e lágrimas pelo Brasil por este que é um dos maiores crimes ambientais do mundo (...)” 

    É INCORRETO afirmar sobre o fragmento:

    E)“Nós”===>Correto é o monossílabos tônicos possuem autonomia fonética e semântica, ou seja, são proferidos com força e mantêm o seu significado próprio, independentemente de virem inseridos numa frase ou isolados.

    Podem ser ou não acentuados. É apenas obrigatória a acentuação dos monossílabos tônicos terminados em: a, as, e, es, o, os, éu, éus, éi, éis, ói, óis.

    Estudar é o caminho para o sucesso.

  • Pra mim essa história de diferenciar as monossilabas das oxítonas é uma das maiores armadilhas dos concursos. Existe uma discordância entre os gramáticos sobre esse assunto: alguns incluem palavras monossilabas na classificação das oxítonas, enquanto que outros não incluem.

  • Nós é acentuado por ser uma monossílaba tônico.

  • Nós - monossílabo tônico

    Resposta letra E

  • Não entendi o "Entre Nós" da ideia de lugar.

  • Entendo que a A alternativa E está correta. Nós é acentuada por ser uma oxítona terminada em o, seguida de s, segundo o novo acordo ortográfico. A regra do monossílabo tônico se uniu a regra das oxítonas. A professora Raquel Vega explicou isso aqui nas aulas do QC. Ao meu ver a questão está se baseando na regra antiga.Por favor, me corrijam se eu tiver entendido errado.

  • a letra A tbm está errada, pois o sujeito está elíptico ''Mas (Eu) esperei entre nós vigília e lágrimas pelo Brasil por este que é um dos maiores crimes ambientais do mundo (...)”

  • ADRIANA LYRA DE OLIVEIRA eu também achava isso, acento em monossílabo tônico ( A, E e O)'s , até um professor me falar que esse acento e pra diferenciar o "nós do nos" assim como "tem e têm" ambos estão certos.
  • Cetap gosta de igualar monossílabo e oxítona pra induzir o candidato ao erro.
  • Pra mim toda monossílaba é oxítona, por definição, mas não sou gramático.

  • Nós é monossilabo tônico e não oxítona.

    Acentuam-se todos os monossílabos tônico terminados em a, e, o E as oxitonias também.

  • Nós é monossilabo tônico e não oxítona.

    Acentuam-se todos os monossílabos tônico terminados em a, e, o E as oxitonias também.

  • Achei que ¨NÓS fosse acentuado por ser um pronome do CASO OBLÍCUO TÔNICO ACOMPANHADO DE PREPOSIÇÃO ( no caso a preposição ËNTRE¨ ) , Mas , nesse caso , ( entre nos ) é um ADJUNTO ADVERVIAL DE LUGAR., embora ENTRE não deixa de uma preposição.....

  • Mas esperei entre nós vigília e lágrimas pelo Brasil por este que é um dos maiores crimes ambientais do mundo

    A) que o sujeito é elíptico.

    Certo, pois o sujeito esta oculto/ implícito mas consegue ser identificado; esperei( eu)

    B) que “vigília” e “lágrimas” são objetos diretos.

    Certo, quem espera, espera alguma coisa( não há preposição); espera vigília e lágrimas.

    C) “Mas” é uma conjunção adversativa.

    Certo.

    D) “entre nós” é um adjunto adverbial de lugar.

    Certo; ideia de lugar: aqui, ali, lá, entre nós...

    E) Nós” é acentuado por ser oxítona terminado em “o”, seguido de “s”.

    Errado, nós é um monossílabo tônico, acentuam-se os monossílabos terminados em: A(s), E(s), O(s); tipo lá, pé, pó, ré

    Exemplo de oxítona: Pa, guara; Para, Maracu...

  • Em questões de acentuação, temos que atentar a o que a banca está acostumada a cobrar. Algumas bancas entendem que "nós" é uma palavra acentuada em razão de ser uma oxítona terminada em a(s),e(s),o(s), em, ens. E já outras bancas admitem a razão da acentuação devido a palavra "nós" ser um monossílabo tônico. É complicado. Além de termos que aprender o conteúdo, temos também que lidar com o entendimento de cada banca. Mas não podemos parar, força pra nós!
  • isto e uma corvadrdia,como pode ser oxitona,nao se admite separaçao silabica,e dificil entender esta banca

  • Errei por pensar no correto e não no incorreto