SóProvas


ID
3057931
Banca
UPENET/IAUPE
Órgão
Prefeitura de Petrolina - PE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 1

O "cidadão de bem", os Direitos Humanos e a opinião pública

É comum que a opinião pública adote, conforme o quadro social, determinados posicionamentos que predominam nos populares. Trata-se de uma uniformização de discursos, um consenso entre a maioria dos cidadãos sobre certo assunto. É evidente que o discurso não é sempre correto. O número de pessoas que fala a mesma coisa não é capaz de alterar o mundo dos fatos. Em outras palavras, quantidade não é qualidade.

No entanto, desde os primórdios, a intelectualidade gosta de nadar contra a maré. Dizer o contrário do que a maioria da população diz e acredita já deu causa a diversas descobertas, hoje consensos: antes de Galileu Galilei, a opinião pública acreditava que a Terra era plana; antes de Copérnico, era a Terra o centro do Universo. Isso não significa,todavia, que adotar posições antagônicas à opinião pública o tornará um descobridor, um visionário. Há muitas coisas em que a opinião pública está correta. [...]

Cada dia mais há publicações irônicas acerca do chamado "cidadão de bem", questionando a diferenciação desse com relação ao marginal. Há muito tempo o conceito de criminoso nato foi abandonado. Não há traços físicos de pessoas tendentes ao cometimento de delitos. Ademais, qualquer indivíduo está sujeito ao cometimento de práticas delituosas, uma vez que os dispositivos penais nem sempre refletem o sentimento coletivo ou mesmo individual do que é, de fato, uma grave transgressão.

Não se pode desconsiderar, todavia, que a prática criminosa reiterada deriva de desvios de conduta decorrentes de uma formação moral frágil, ou da simples ausência dela. Em uma sociedade, há quem não tenha coragem de subtrair um alfinete, enquanto outros estão dispostos a matar se for preciso ("necessidade" essa não tão latente quanto possa parecer).

João trabalha há 30 anos em uma empresa de vigilância. Exerce uma carga horária de 8 horas, de segunda a sexta-feira, com uma remuneração um pouco superior a 1 salário mínimo e meio. Já foi assaltado 12 vezes e teve um filho morto em um assalto a mão armada. Pedro, por sua vez, não exerce função remunerada regular. Tem extensa ficha criminal, sobrevive com pequenos bicos e roubos a mão armada. Um deles sai à noite do trabalho temendo os altos índices de violência na cidade em que mora; o outro, é grande colaborador para os índices apontados. É fácil perceber que a arma nas mãos de um deles seria um exclusivo meio de defesa, para o outro, um objeto para práticas delituosas.

O disposto a cometer crimes, provavelmente, não se importará de transgredir outra lei penal: adquirirá ilegalmente uma arma também. Mas quem gostaria de tê-la como meio de defesa respeita as normas impostas pelo Estado e fica à mercê da criminalidade e da ineficaz segurança pública. Entre João e Pedro não é difícil visualizar qual é considerado "cidadão de bem" e qual não é.

Se a opinião pública encabeça, atualmente, um movimento cada vez mais punitivista, é porque se cansou de ficar à deriva, entre um Estado que não o protege (e não o deixa se defender) e uma criminalidade que cresce de forma exponencial. Ainda assim, toda vez que João liga a televisão, ouve ONGs de Direitos Humanos afirmando que os presídios estão superlotados; que é preciso desencarcerar; que os apenados sofrem com a opressão do Estado; que prisão não resolve, porque não cumpre sua finalidade ressocializadora.

É evidente que o indivíduo vê-se exausto de "ver prosperar a desonra, de ver crescer a injustiça" e demoniza os Direitos Humanos. Não que os Direitos Humanos em si sejam algo negativo, mas as instituições que os representam atualmente têm deturpado as suas finalidades. Há que se reconhecer o benefício histórico do movimento, sobretudo quando, em tempos sombrios, o Estado se excedia em face do indivíduo. Mas é preciso ponderação.

Os indivíduos devem deixar de transgredir por princípios morais, mas também por temer as consequências de seus atos. Se a educação não resolveu, o desvio precisa ser coibido. É preciso prevenção, mas também repressão. Por isso,a teoria não pode, jamais, desconsiderar a prática. Atacar a opinião pública sem analisar a sua perspectiva é injusto com quem é compelido a seguir os padrões morais e legais impostos pela vida em sociedade. E talvez o "cidadão debem" não esteja tão errado assim...

Hyago de Souza Otto. Disponível em: https://hyagootto.jusbrasil.com.br/artigos/421032742/o-cidadao-de-bem-os-direitos-humanos-e-a-opiniao-publica?ref=topic_feed. Acesso em: 29/01/2019. Adaptado.

Releia o seguinte trecho do Texto 1: “O número de pessoas que fala a mesma coisa não é capaz de alterar o mundo dos fatos.”.

O segmento em destaque desempenha no enunciado uma função:

Alternativas
Comentários
  • Oração Subordinada Adjetiva Restritiva

    GABARITO. D

  • GABARITO: LETRA D

    → “O número de pessoas que fala a mesma coisa não é capaz de alterar o mundo dos fatos.

    → temos uma oração subordinada adjetiva restritiva (sem pontuação), iniciada pelo pronome relativo "que", as explicativas são isoladas por pontuação.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Nesse tipo de questão, afeiçoei-me a fazer uma observação. Se a banca tivesse solicitado qual a função sintática do termo em destaque e oferecesse como resposta "adjunto adnominal", eis a resposta. Lembrem-se sempre de que TODA oração adjetiva exerce função sintática de adjunto adnominal.

    Letra D

  • O comentário o Shelking está correto. Importante sempre correlacionar os assuntos, ainda mais em português.

  • Questão bem parecida para treinar Q1024784

  • SUBSTITUIR POR O QUAL

  • letra

    D) adjetiva.

  • “O número de pessoas que fala a mesma coisa não é capaz de alterar o mundo dos fatos.”. -> Nesse tipo de questão, é válido observar se o QUE é Pronome Relativo ou se o QUE é Conjunção integrante. Pra saber se é pronome relativo é só substituir por (o qual) e seus variantes. Se for relativo, o que vier posteriormente exercerá função adjetiva.

  • Gabarito: D

    As orações adjetivas são introduzidas por pronomes relativos. (que, o qual, a qual, os quais etc.)

    Com vírgulas: Explicativa

    Sem vírgulas: Restritiva

  • O número de pessoas que fala a mesma coisa não é capaz de alterar o mundo dos fatos.”.

    Se der pra trocar por um pronome relativo : os quais, as quais . Será adjetiva .

  • D - Adjetiva

    O número de pessoas que fala a mesma coisa 

    Posso substituir por falantes, repetitivas

    Pessoas falantes, pessoas repetitivas

    Que = conjunção integrante, vazia de função sintática.

  • oração sub adj restritiva, presença de verbo de ação, adjunto adnominal, função adjetiva, sem vírgula sempre!

  • @KAROL LEITE, Trata-se de um pronome relativo e não de uma conjunção integrante o uso do QUE na questão. Nota-se que a substituição do pronome relativo QUE na questão pode ser substituído : "por a qual as quais ..." sem prejuizos.

  • As orações adjetivas são introduzidas por pronomes relativos. (que, o qual, a qual, os quais etc.)

    Com vírgulas: Explicativa

    Sem vírgulas: Restritiva