Atenção: Leia a crônica a seguir para responder a questão.
O substituto da vida
Quando meu instrumento de trabalho era a máquina de escrever, eu me sentava a ela, punha uma folha de papel no rolo,
escrevia o que tinha de escrever, tirava o papel, lia o que escrevera, fazia eventuais emendas e, se fosse o caso, batia o texto a limpo.
Relia-o para ver se era aquilo mesmo, fechava a máquina, entregava a matéria e ia à vida.
Se trabalhasse num jornal, isso incluiria discutir futebol com o pessoal da editoria de esporte, paquerar a diagramadora do
caderno de turismo, ir à esquina comer um pastel. Se estivesse numa das fases de trabalhar em casa, ao terminar de escrever eu
fechava a máquina e abria um livro, escutava um disco, dava um pulo rapidinho à praia. Só reabria a máquina no dia seguinte.
Hoje, diante do computador, termino de produzir um texto, vou à lista de mensagens para saber quem me escreveu, deleto
mensagens inúteis, respondo às que precisam de resposta, eu próprio mando mensagens inúteis, entro em jornais e revistas on-line.
Quando me dou conta, já é noite lá fora e não saí da frente da tela.
Com o smartphone seria pior ainda. Ele substituiu a caneta, o bloco, a agenda, o telefone, a banca de jornais, a máquina
fotográfica, o álbum de fotos, a câmera de cinema, o DVD, o correio, a secretária eletrônica, o relógio de pulso, o despertador, o
gravador, o rádio, a TV, o CD, a bússola, os mapas, a vida. É por isto que nem chego perto dele – temo que me substitua também.
(Adaptado de: CASTRO, Ruy. A arte de querer bem. Rio de Janeiro, Estação Brasil, 2018, p. 67-68)
... eu me sentava a ela, punha uma folha de papel no rolo, escrevia o que tinha de escrever, tirava o papel, lia o que escrevera, fazia eventuais emendas... (1º parágrafo)
Nesse trecho, as vírgulas servem ao propósito de