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O processo de luto é instalado para a elaboração de uma perda, consistindo no desligamento da libido a cada uma das lembranças e expectativas relacionadas ao objeto perdido, por isso, é considerado um processo lento e penoso. Ocorre uma catexia concentrada no objeto do qual se sente falta ou que está perdido, por não poder ser apaziguada – afinal o objeto não existe mais – tende a aumentar efetivamente, sendo assim hipercatexizadas. Enquanto o ego se vê absorvido no processo de luto por meio da hipercatexia, a sua elaboração ocorre sob a influência do teste de realidade, fundamental para a constatação de que esse objeto não existe mais.
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Aqui, penso que a questão quis deixar o candidato confuso sobre os conceitos de Luto e Melancolia. Vamos relembrar?
Para Freud, a melancolia pode, como o luto, ser uma reação à perda de um objeto amado, porém ele a coloca como uma perda de natureza mais ideal. A melancolia estaria relacionada a uma perda do objeto retirada da consciência, enquanto o luto, a perda não teria características inconscientes.
Na melancolia, a inibição e a perda de interesse são explicadas pela absorção do ego ( o objeto perdido estará incorporado ao seu - investido por identificação-, devido ao processo de formação narcísica incompleta; quando este objeto que foi incorporado é perdido, não há como realizar um luto, pois este outro nada mais é do que o próprio eu. Não há como deixar de investir neste objeto.)!
No luto, a realidade da ausência prova ao eu que o objeto não existe mais, obrigando-o a retirar seus investimentos desse objeto e deslocá-los para outro - reinvestir em um novo objeto- , o que não acontece na melancolia.
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Freud, em "Luto e Melancolia", traz que:
"Em que consiste, portanto, o trabalho que o luto realiza? O teste da realidade revelou que o objeto amado não existe mais, passando a exigir que toda a libido seja retirada de suas ligações com aquele objeto. Essa exigência provoca uma oposição compreensível - é fato notório que as pessoas nunca abandonam de bom grado uma posição libidinal, nem mesmo, na realidade, quando um substituto já se lhes acena [...] Normalmente, prevalece o respeito pela realidade, ainda que suas ordens não possam ser obedecidas de imediato: são executadas pouco a pouco, com grande dispêndio de tempo e de energia catexial [...] Cada uma das lembranças e expectativas isoladas através das quais a libido está vinculada ao objeto é evocada e hipercatexizada, e o desligamento da libido se realiza em relação a cada uma delas [...] Contudo, o fato é que, quando o trabalho do luto se conclui, o ego fica outra vez livre e desinibido."
Quem escolheu a busca não pode recusar a travessia - Guimarães Rosa
Gabarito: Certo
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GABARITO: CERTO