SóProvas


ID
3108664
Banca
FCC
Órgão
SANASA Campinas
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

    De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

      Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

      Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada, amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

      A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de som e sem inflação.

      Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143) 

Os verbos e o sinal indicativo de crase estão empregados corretamente na seguinte frase, redigida a partir do texto:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: C

    A) Caso você queira voltar a um dia da infância, tome chá de carqueja.

    B) Os bondes não se mantiveram com a passagem do tempo.

    C) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais.

    D) Na casa do tio Otacílio, propuseram-se a criar filhos dos outros.

    E) Não era comum que um hostilizasse a outro no morro da Geada.

  • Quanto a colocação de crase:

    A) Caso você quer voltar à um dia da infância, tome chá de carqueja.

    Antecedendo um artigo indefinido (umumaunsumas) a crase não é admitida, uma vez que a palavra seguinte à preposição, mesmo que feminina, já está acompanhada de um determinante.

    B) Os bondes não se manteram com à passagem do tempo.

    Mantiveram

    C) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais.

    Nos dedicávamos ao desenvolvimento

    D)Na casa do tio Otacílio, proporam-se à criar filhos dos outros.

    Não se admite o uso de crase diante de verbos..

    Sem falar que o emprego de proporam é inadequado, pois o correto é propuseram.

    Fonte: Flávia neves , Português.

    E) Cuidado! em alguns casos é possível...faça a troca..

    As colegas elogiavam-se umas às outras em público.

    No nosso caso...estamos diante de o outro (Termo masculino)

    dúvidas, equívocos? Mande msg.

    Sucesso, Bons estudos,Nãodesista!

  • GABARITO: LETRA C

    A) Caso você quer voltar à um dia da infância, tome chá de carqueja. ? voltar a algum lugar (preposição "a"), porém já temos o artigo indefinido "um", logo não há como ocorrer a crase, somente a preposição deve estar presente: a um dia...

    B) Os bondes não se manteram com à passagem do tempo. ? não se manterão com algo (o termo não rege a preposição "a"), logo somente o artigo definido "a" que acompanha o substantivo "passagem" deveria estar presente: com a passagem.

    C) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais. ? nós dedicamos a alguma coisa (preposição) + artigo definido "a" que acompanha o substantivo feminino "criação"= crase (à criação).

    D) Na casa do tio Otacílio, proporam-se à criar filhos dos outros. ? O correto é "propuseram"; crase antes de verbo é incorreto.

    E) Não era comum que um hostiliza-se à outro no morro da Geada. ? temos um pronome masculino "outro", logo ele não é acompanhando pelo artigo definido "a", dessa forma, sem crase.

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! Hoje você acha cansativo, mas mais tarde receberá a recompensa por todo esse tempo que passou estudando.

  • Só complementando o comentário do colega Paulo Henrique que falou dos verbos, na letra E o verbo seria "hostilizasse" para concordar com o primeiro verbo "era" que está no pretérito imperfeito.

  • A questão requer conhecimentos sobre a flexão verbal (tempo, modo e pessoa) e sobre as regras do uso do acento indicativo de crase.

    ALTERNATIVA (A) INCORRETA - Temos nessa primeira oração uma noção de possibilidade, isso pode ser comprovado por conta da conjunção condicional “caso", e o modo verbal que indica possibilidade, hipótese, condição, desejo é o subjuntivo. Portanto, o verbo deveria estar conjugado no presente do subjuntivo. A flexão do verbo “tomar" está correta porque a oração está no imperativo afirmativo estando de acordo com a formação desse modo verbal.

    Lembrando que no modo imperativo não há a 1ª pessoa do singular e os pronomes ele, eles são substituídos por você, vocês. No imperativo afirmativo, as segundas pessoas (tu e vós) derivam do presente do indicativo suprimindo-se o “s" final, as demais pessoas seguem as flexões do presente do subjuntivo.


    NOTA!!! Embora o pronome de tratamento “você" se refira à 2ª pessoa, os verbos e outros pronomes devem ser flexionados na 3ª pessoa.

     

     Ademais, há erro no uso do acento indicativo de crase, visto que não ocorre crase diante de palavras indefinidas.


    O correto seria: “Caso você queira voltar a um dia da infância, tome chá de carqueja." 

    ALTERNATIVA (B) INCORRETA - O erro está na flexão do verbo “manter" e no uso do acento indicativo de crase. O verbo manter é irregular e é conjugado da mesma forma que o verbo ter, pois é derivado dele.

    Em: “com a passagem" não houve a união da preposição a com o artigo definido a, há somente o artigo; por isso, o acento indicativo de crase está indevido.

    O correto seria: “Os bondes não se mantiveram com a passagem do tempo."

    ALTERNATIVA (C) CORRETA - O verbo está perfeitamente conjugado no pretérito imperfeito do modo indicativo, flexionado na 1ª pessoa do plural concordando com o sujeito “nós". O uso do acento indicativo de crase está correto porque o verbo “dedicar-se" é transitivo indireto exigindo a preposição a, e o substantivo “criação" é determinado pelo artigo definido a.

    ALTERNATIVA (D) INCORRETA - O erro está na flexão do verbo “propor" e no uso do acento indicativo de crase. O verbo propor é irregular e é conjugado da mesma forma que o verbo pôr, pois é derivado dele.

    Não há crase diante de verbo, o a é apenas preposição.

    O correto seria: “Na casa do tio Otacílio, propuseram-se a criar filhos dos outros." 

    ALTERNATIVA (E) INCORRETA - Há erro de flexão no verbo “hostilizar", ele deveria estar conjugado no pretérito imperfeito do modo subjuntivo. Além disso, “hostilizar" é verbo transitivo direto, dispensando qualquer preposição, mas, mesmo que fosse transitivo indireto, o acento indicativo de crase estaria errado porque não se usa diante de palavras masculinas.

    O correto seria: “Não era comum que um hostilizasse o outro no morro da Geada."

    GABARITO DA PROFESSORA: ALTERNATIVA (C)

  • GABARITO: C

    A) Caso você queira voltar a um dia da infância, tome chá de carqueja.

    B) Os bondes não se mantiveram com a passagem do tempo.

    C) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais.

    D) Na casa do tio Otacílio, propuseram-se a criar filhos dos outros.

    E) Não era comum que um hostilizasse a outro no morro da Geada.

  • Gabarito: C

    Principais Regras de Crase (à) com base nas questões que já respondi:

    Obrigatório: Verbo (pedindo a preposição “a) + a (à) + Palavra Feminina no Singular; Horas especificadas (substituir por ao meio dia e ver se tem sentido); Locuções adverbiais femininas (às vezes, à direita, à esquerda etc); Mudança de sentido ao colocar a crase, criando uma circunstância.

    Facultativo (Só tem 3 casos, mas esse é o que mais cai): Pronome Possessivo Feminino no Singular na oração (Minha, sua, nossa, tua, vossa) na oração.

    Proibitivo: Palavras masculinos; Uso de verbos; Diante de Pronomes (que, a ela, a ele, nosso, alguém, nenhum etc); Palavras repetidas (Ex: dia-a-dia); Verbo (pedindo a preposição “a”) + a + Palavra Feminina no Plural. 

    DICA DE PARALELISMO: tia DEA não usa crase (Ex: De 8:00 as 10:00) e tio DAAn usa crase (Ex: Das 8:00 às 10:00).

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