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ID
3187294
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
TJ-AM
Ano
2019
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a institucionalização deveria ser excepcional e provisória, sem caracterizar privação de liberdade. Entretanto, na realidade brasileira, há crianças e adolescentes abrigados que permanecem institucionalizados por toda a infância, e até atingem a maioridade nessa condição. Com relação a esse assunto, julgue o próximo item.


O convívio apenas com outros abrigados durante o tempo de institucionalização é danoso para o desenvolvimento psicossocial da criança e do adolescente abrigados, por inviabilizar a observação comportamental de pares na sociedade em geral.

Alternativas
Comentários
  • Porque em convívio familiar é melhor.

  • o que seria esse "inviabilizar o convívio em pares" ???????

  • Questão Correta.

    O vínculo apenas institucional não é o mais adequado para a criança ou adolescente. É preferível que a criança seja colada em um lar adotivo ou em seu família original a ficar em um abrigo. Como exemplo dessa extrapolação necessária ao contexto da instituição, temos os projetos de "apadrinhamento" por pessoas físicas ou jurídicas, que possibilitam uma convivência social e profissional sem necessariamente passar por um processo de adoção em si.

  • Até aqui "O convívio apenas com outros abrigados durante o tempo de institucionalização é danoso para o desenvolvimento psicossocial da criança e do adolescente abrigados" a questão me parece correta. Entretanto, a justificativa que a questão traz, não me parece ser suficiente para justificar os danos do desenvolvimentos que são tão amplos em diversos campos. É muito mais que "inviabilizar a observação do comportamento em pares". Acho que a segunda parte não justifica a primeira.

  • Os efeitos de um período de institucionalização prolongado têm sido apontados na literatura, por interferirem na sociabilidade e na manutenção  de vínculos afetivos na vida adulta. Para Carvalho (2002, citado por Siqueira, 2006),  o ambiente institucional não se constitui no melhor ambiente de desenvolvimento, pois o atendimento padronizado, o alto índice de criança por cuidador, a falta de atividades planejadas e a fragilidade das redes de apoio social e  afetivo são alguns dos aspectos relacionados aos prejuízos que a vivência institucional pode operar no indivíduo. Entretanto, outros estudos apontam as oportunidades oferecidas  pelo atendimento em uma instituição, salientando que, em  casos de situações ainda mais adversas na família, a instituição pode ser a melhor saída (Dell'Aglio, 2000, citado por Siqueira, 2006). Assim,  com o advento do Estatuto da Criança e do  Adolescente (ECA, 1990, citado por Siqueira, 2006), buscou-se discutir a influência  das instituições de abrigo sobre o desenvolvimento de crianças e adolescentes, compreendendo-as como um elemento  constituinte da rede de apoio; destacou-se o direito à convivência familiar e comunitária e previu  o fim do isolamento, presente na institucionalização em  décadas anteriores (Rizzini & Rizzini, 2004; Silva, 2004; citado por Siqueira, 2006).
    O ECA também preconiza a desinstitucionalização no atendimento de crianças e adolescentes em situação de abandono e valoriza o papel da família, as ações locais e as parcerias no desenvolvimento de atividades de atenção, trazendo mudanças no panorama do funcionamento das instituições de abrigo. Assim, as instituições de abrigo devem  estar configuradas em unidades pequenas, com poucos integrantes, manter um atendimento personalizado, estimular  a participação em atividades comunitárias e preservar o  grupo de irmãos, entre outros pontos. A implantação do  ECA contribuiu para mudanças efetivas no que tange às  instituições de assistência e à sua configuração como um todo, partindo não de uma visão puramente assistencialista,  mas concebendo-as como espaço de socialização e de desenvolvimento (Siqueira, 2006).

    GABARITO: CERTO.

    SIQUEIRA, Aline Cardoso; DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. O impacto da institucionalização na infância e na adolescência: uma revisão de literatura. Psicol. Soc.,  Porto Alegre ,  v. 18, n. 1, p. 71-80,  Apr.  2006.

  • Na minha opinião, tornou-se uma questão muito fechada. É claro que é preferível que a criança possa gozar de um contato mais amplo e que esse convívio apenas com outras crianças institucionalizadas PODERÁ trazer prejuízos para o seu desenvolvimento psicossocial, mas dizer que TODAS as crianças sofrerá prejuízo é generalizar os processos, que são particulares. A depender do contexto que essa criança vivia anteriormente, a experiência designada ali, no abrigo, pode ser produto de construção e não só de desconstrução.

    A psicologia não generaliza, ela é crítica e considera o contexto. Pelo menos deveria ser assim.