Os efeitos de um período de institucionalização prolongado têm sido apontados na literatura, por interferirem na sociabilidade e na manutenção
de vínculos afetivos na vida adulta. Para Carvalho (2002, citado por Siqueira, 2006),
o ambiente institucional não se constitui no melhor ambiente de desenvolvimento, pois o atendimento padronizado, o alto índice de criança por cuidador, a falta de atividades planejadas e a fragilidade das redes de apoio social e
afetivo são alguns dos aspectos relacionados aos prejuízos
que a vivência institucional pode operar no indivíduo. Entretanto, outros estudos apontam as oportunidades oferecidas
pelo atendimento em uma instituição, salientando que, em
casos de situações ainda mais adversas na família, a instituição pode ser a melhor saída (Dell'Aglio, 2000, citado por Siqueira, 2006). Assim,
com o advento do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA, 1990, citado por Siqueira, 2006), buscou-se discutir a influência
das instituições de abrigo sobre o desenvolvimento de crianças e adolescentes, compreendendo-as como um elemento
constituinte da rede de apoio; destacou-se o direito à convivência familiar e comunitária e previu
o fim do isolamento, presente na institucionalização em
décadas anteriores (Rizzini & Rizzini, 2004; Silva, 2004; citado por Siqueira, 2006).
O ECA também preconiza a desinstitucionalização no atendimento de crianças e adolescentes em situação de abandono e valoriza o papel da família, as ações locais e as parcerias no desenvolvimento de atividades de atenção, trazendo mudanças no panorama do funcionamento das instituições de abrigo. Assim, as instituições de abrigo devem
estar configuradas em unidades pequenas, com poucos integrantes, manter um atendimento personalizado, estimular
a participação em atividades comunitárias e preservar o
grupo de irmãos, entre outros pontos. A implantação do
ECA contribuiu para mudanças efetivas no que tange às
instituições de assistência e à sua configuração como um
todo, partindo não de uma visão puramente assistencialista,
mas concebendo-as como espaço de socialização e de desenvolvimento (Siqueira, 2006).
GABARITO: CERTO.
SIQUEIRA, Aline Cardoso; DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. O impacto da
institucionalização na infância e na adolescência: uma revisão de
literatura.
Psicol. Soc., Porto Alegre , v. 18, n. 1, p.
71-80,
Apr. 2006.
Na minha opinião, tornou-se uma questão muito fechada. É claro que é preferível que a criança possa gozar de um contato mais amplo e que esse convívio apenas com outras crianças institucionalizadas PODERÁ trazer prejuízos para o seu desenvolvimento psicossocial, mas dizer que TODAS as crianças sofrerá prejuízo é generalizar os processos, que são particulares. A depender do contexto que essa criança vivia anteriormente, a experiência designada ali, no abrigo, pode ser produto de construção e não só de desconstrução.
A psicologia não generaliza, ela é crítica e considera o contexto. Pelo menos deveria ser assim.