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ID
3244837
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Birigui - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto, para responder à questão.

    Certo discurso ambientalista tradicional recorrentemente busca indícios de que o problema ambiental seja universal (e de fato é), atemporal (nem tanto) e generalizado (o que é desejável). Alguma ingenuidade conceitual poderia marcar o ambientalismo apologético; haveria dilemas ambientais em todos os lugares, tempos, culturas. É a bambificação(*) da natureza. Necessária, no entanto, como condição de sobrevivência. Há quem tenha encontrado normas ambientais na Bíblia, no Direito grego, e até no Direito romano. São Francisco de Assis, nessa linha, prosaica, seria o santo padroeiro das causas ambientais; falava com plantas e animais.
    A proteção do meio ambiente seria, nesse contexto, instintiva, predeterminando objeto e objetivo. Por outro lado, e este é o meu argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria freudiana, a pretensão de proteção ambiental seria pulsional, dado que resiste a uma pressão contínua, variável na intensidade. Assim, numa dimensão qualitativa, e não quantitativa, é que se deveria enfrentar a questão, que também é cultural. E que culturalmente pode ser abordada.
    O problema, no entanto, é substancialmente econômico. O dilema ambiental só se revela como tal quando o meio ambiente passa a ser limite para o avanço da atividade econômica. É nesse sentido que a chamada internalização da externalidade negativa exige justificativa para uma atuação contra-fática.
    Uma nuvem de problematização supostamente filosófica também rondaria a discussão. Antropocêntricos acreditam que a proteção ambiental seria narcisística, centrada e referenciada no próprio homem. Os geocêntricos piamente entendem que a natureza deva ser protegida por próprios e intrínsecos fundamentos e características. Posições se radicalizam.
    A linha de argumento do ambientalista ingênuo lembra-nos o “salto do tigre” enunciado pelo filósofo da cultura Walter Benjamin, em uma de suas teses sobre a filosofia da história. Qual um tigre mergulhamos no passado, e apenas apreendemos o que interessa para nossa argumentação. É o que se faz, a todo tempo.
(Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2011. Acesso em: 10.08.2019. Adaptado)

(*) Referência ao personagem Bambi, filhote de cervo conhecido como “Príncipe da Floresta”, em sua saga pela sobrevivência na natureza. 

A passagem do texto em que a expressão destacada introduz uma contraposição entre concepções acerca da proteção ambiental é:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito A

    (A) Por outro lado, e este é o meu argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria freudiana... ⇢ Expressa uma ideia contrariar. Sendo equivalentes a porém, contrariamente, em vez de. 

    (B) Qual um tigre mergulhamos no passado, e apenas apreendemos o que interessa para nossa argumentação. ⇢ Indica circunstância de tempo.

    (C) É nesse sentido que a chamada internalização da externalidade negativa exige justificativa para uma atuação contra-fática. ⇢ Expressa ideia de conclusão.

    (D) Assim, numa dimensão qualitativa, e não quantitativa, é que se deveria enfrentar a questão...⇢ Expressa ideia de conclusão. Sendo equivalentes a logo, pois, assim sendo.

    (E) ... a pretensão de proteção ambiental seria pulsional, dado que resiste a uma pressão contínua... ⇢ Expressa condição.

  • GABARITO: LETRA A

    ? A proteção do meio ambiente seria, nesse contexto, instintiva, predeterminando objeto e objetivo. Por outro lado, e este é o meu argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria freudiana, a pretensão de proteção ambiental seria pulsional, dado que resiste a uma pressão contínua, variável na intensidade.

    ? Temos uma ideia acerca da proteção do meio ambiente e depois vem a expressão "por outro lado" equivalendo a "em contrapartida", "em oposição", traz esse valor opositivo que procuramos.

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  • Assertiva A

    Por outro lado

    A expressão por outro lado só deve ser usada para se estabelecer um contraste entre dois elementos. Repare-se que uma análise atenta a este conector do discurso remete para o que se afirma. Ao se enunciar por outro lado, está-se a apresentar um “outro lado”, “uma outra via”, “um outro caminho” diferente do anterior. A ideia é de contrariar, opor, restringir. Outros conectores que têm a mesma função são: porém; contrariamente; em vez de; pelo contrário; por oposição; ainda assim; mesmo assim; apesar de; contudo; no entanto...'

  • Na contrapositiva de uma sentença, o antecedente e o consequente são invertidos e negados