SóProvas


ID
3330373
Banca
IDECAN
Órgão
Prefeitura de São Gonçalo do Rio Abaixo - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Silêncio e barulho

    Pode parecer paradoxal querer falar sobre silêncio em se tratando de educação ou reeducação para o exercício da cidadania. Para sermos humanamente plenos, é indispensável que tenhamos sido treinados para lidar tanto com o barulho quanto com o silêncio.

    Se o excesso de ruído embrutece, o silêncio absoluto nos enfraquece. Ambos nos impedem de notar nuances do mundo, absolutamente necessárias para que possamos antever o momento seguinte. Morreremos rápido se não formos capazes de antecipar a chegada de um carro, o estouro de uma boiada ou a queda de uma pedra.

    Por outro lado, o silêncio é importante para nos humanizar. O aprendiz precisa ser capaz de focar no que vai aprender, e focar sem silêncio é difícil. Mas o aprendiz precisa não ter medo de se isolar do meio, e isso exige treino intensivo. Não se pode ter medo dos fantasmas do nosso mundo interno, que sempre surgem quando o mundo exterior se esvai.

    O silêncio não é condição natural para os homens e muito menos para outros seres da escala animal. A escuta é um sinalizador da aproximação tanto do bem quanto do mal. É o ouvido que nos alerta de que é bom “dar no pé” depois de nos certificarmos também pelo olhar. O que escutamos é o que nos avisa para dar uma olhada. Mergulhar em um grande silêncio, profundo e longo, nos leva frequentemente ao medo. (...)

    Quando imposto, vira castigo – recurso, aliás, muito usado em sistemas correcionais em que frequentemente se apela para o isolamento (a solitária nas prisões, o quarto escuro para as crianças). Por outro lado, esse mesmo silêncio é indispensável para adquirir ou fixar novos conhecimentos. Instaurar silêncio em local de estudo não deve ser punição, mas condição para que a aprendizagem ocorra. O silêncio é, pois, um fato ambíguo. Ele é necessário para que se percebam com clareza os ruídos que vêm para ameaçar nossa integridade, mas, sem eles, não podemos nos desenvolver nem emocional nem intelectualmente. (...)

(MAUTNER, Anna Verônica. Folha de S. Paulo, Equilíbrio, 11/01/2007.)


Considerando o fragmento “Ambos nos impedem de notar nuances do mundo, absolutamente necessárias para que possamos antever o momento seguinte.” (2º§), está correta a reelaboração proposta mantendo a mesma relação de sentido e correção gramatical presentes no contexto original:

Alternativas
Comentários
  • Gab. B

    O termo "para que" está exercendo a função de explicação sendo substituível por "porque".

    Caso esteja errado me notifiquem!

    Espero ter ajudado!!!

    Abraços!

  • Gabarito B✔️

    por essência o termo "PARA" exerce função de finalidade ,porém na frase ele tem ideia de explicação ,sendo substituível pelo termo "PORQUE"

  • QUESTÃO FORA DA CURVA, MUITO PECULIAR ESSA BANCA!!

    PORQUE com sentido de finalidade não é usual.

    FONTE: Gramática do Prof. Fernando Pestana

    Avante, monstro.

    SIGAM: @meto_doconcurseiro

    SONHE,LUTE,CONQUISTE!

  • Na letra A, temos um problema de colocação pronominal. O oblíquo "nos" deve ser posicionado antes da forma verbal "impede", haja vista que ele é atraído pelo fator de próclise "que". A construção correta seria "que nos impede".

    Na letra C, o sujeito da forma verbal "nos impede" é "este", mas, no texto original, o sujeito é a ideia plural de "ambos". Ocorre, portanto, mudança de sentido.

    Na letra D, a ideia original de finalidade presente na locução "para que" não se observa com o emprego da forma "quanto mais".

    Na letra B, nosso gabarito, temos o raro emprego da conjunção "porque" com valor de finalidade. Mantém-se a correção gramatical e a semântica nessa redação proposta.

  • A conjunção porque também pode ter valor final, embora, com esse sentido, seja pouco usada atualmente (cf. Dicionário Houaiss). Encontra-se em Camões:

    E, se uma pouca vida, estando ausente,

    Me deixa Amor, é porque o pensamento

    Sinta a perda do bem de estar presente'