SóProvas


ID
3378916
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFOB
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

PROJEÇÃO PSICOLÓGICA e INGRATIDÃO:
a incongruência na falta de consciência dos
próprios problemas
Adilson Cabral

    Não se pode analisar o ser humano dentro de critérios lógicos e totalmente racionais. Por esta razão, a ingratidão humana, quando analisada sob a ótica da projeção psicológica, em vez de denotar uma falta de caráter, torna-se uma carência de desenvolvimento egoico, quase que uma infantilidade (que por infelicidade da humanidade, ainda é muito recorrente, independentemente da idade, classe social ou formação educacional dos indivíduos). Não há correlação direta entre um maior nível educacional e um menor nível de projeção nas relações pessoais do indivíduo (mesmo que às vezes tenho a impressão que quanto mais instruídas algumas pessoas, mais insensíveis à sua própria carência egoica elas são... e mais necessitadas de um bom e longo tratamento psicoterápico também... chego a pensar que pessoas mais simples são mais saudáveis em termos psicológicos... mas isto é tema para futuras postagens). Mas o que é projeção, então? O que ela tem a ver com a ingratidão? Comecemos por aí, então...
      Projeção é nossa capacidade de negar em nós mesmos algo que nos incomoda, 'projetando' este mal em quem está mais próximo de nós. Melhor dizendo: nossa incapacidade de aceitar nossos defeitos, nossos PIORES DEFEITOS, diga-se de passagem. Somos capazes de admitir pequenas falhas, mas grandes defeitos... só os grandes seres humanos é que são capazes de admitir.
     A projeção existe desde nosso nascimento, e é extremamente necessária para nossa rápida adaptação ao ambiente: ferramenta essencial de formação do Ego. Ego que é quem somos (ou pelo menos quem achamos que somos), é a separação entre o Eu e o Outro, entre você e sua mãe (principalmente). Sem o Ego, você não pensaria sozinho, não iria querer nada (quereria o que os outros quisessem por você), não teria opinião, não seria ninguém. Pense em um fantoche: seria alguém sem ego.
    Com a Projeção, o Ego se fortifica enquanto você forma sua personalidade: a criança é capaz então de se ver como 'boazinha', e acreditar em si própria, negando seus próprios defeitos. Até este ponto, isto é saudável. A criança naturalmente projeta quando, por exemplo, diz que quem quebrou o vaso foi a 'bola', e não quem a chutou... que quem comeu o bolo foi o 'gatinho', e não ela que era a única capaz de abrir a porta da geladeira naquele momento e local.
      A coisa começa a tomar outra figura quando crescemos, ganhamos a capacidade de saber bem quem somos, conhecemos nossos defeitos mas passamos a justificá-los... esta 'racionalização' de nossos próprios defeitos (comum e diretamente proporcional à capacidade intelectual do indivíduo) é capaz de fazer grandes estragos, principalmente na vida das pessoas que estão em volta do 'projetor'. Dona da verdade, para esta pessoa tudo se justifica porque ela 'está certa', e qualquer um que discorde ou tenha outra opinião estará errado. Os demais passam, então, a receber toda a carga de projeção deste indivíduo, pela sua incapacidade de evoluir reconhecendo suas próprias carências e defeitos.
      Vamos ser mais claros citando exemplos: imagine alguém que passe boa parte de seu tempo de trabalho no computador fazendo outra coisa que não trabalhar (navegando na internet, no facebook, fazendo atividades alheias ao seu trabalho), enquanto seus colegas de trabalho simplesmente se esgotam com enorme quantidade de serviço. É impossível que o inconsciente desta pessoa não a cobre, não transmita-lhe culpa de sua atitude incorreta... mas a reação do ego infantil deste indivíduo será a contrária da que realmente se esperaria de um verdadeiro adulto: ela adotará um discurso e uma atitude de que trabalha mais do que os outros, que estes deveriam receber mais carga de trabalho pois sua situação, em sua visão, seria injusta... um contrassenso, não é? Sim, mas é isto que ocorrerá: a pessoa que projeta o faz lançando nos outros suas próprias falhas...e não para por aí.
       Pense em alguém que ajude esta pessoa com carência egoica... este(a) será uma tela de projeção para os piores defeitos do projetor. E é aí que chegamos ao tema da ingratidão: pessoas altamente projetivas (portadoras de um ego mal formado, infantil) agem com o que seria caracterizado como 'ingratidão': ao mesmo tempo em que você age com profissionalismo, seriedade e honestidade, esta pessoa tentará lhe identificar como preguiçoso, desonesto, mentiroso, infantil... exatamente as próprias características que lhe pertencem.
      A culpa, a vergonha, a inferioridade, a incapacidade, e todos os demais maus sentimentos que elas sentem são insuportáveis para seu pequeno e mal formado ego, sendo, portanto, lançados no inconsciente. Lá, esses conteúdos só tem duas alternativas: atacar a si próprio(a) (o pior caminho, transformar-se em uma doença ao somatizar-se, em uma neurose profunda ou em uma psicose nos piores casos) ou lançá-los na direção de quem estiver mais próximo e suscetível (geralmente pessoas com características contrárias aos seus defeitos, e às quais, no fundo, invejam, ou no mínimo desejariam ser iguais). O último é o caminho mais fácil, mais natural, o mais seguido pelas pessoas.
     É aí que nascem as grandes injustiças nos ambientes de trabalho, nas salas escolares, na vida social no geral. Quanto maior o cargo do projetor, maior sua capacidade de fazer besteira e cometer grandes injustiças na vida das demais pessoas, por conta de sua própria inferioridade de maturidade psicológica, sua falha no desenvolvimento egoico. E infelizmente, ainda não temos muitos meios para nos defendermos deste tipo de 'doente'.
     O máximo que podemos fazer, quando somos obrigados a estar em ambientes assim, é ficarmos calados e nos afastarmos (quando for possível). Qualquer coisa que tentar dialogar com alguém projetando sobre você seus próprios defeitos é conseguir fornecer mais material para queimar no 'fogo' de sua projeção. Lembre-se: o que ela está vendo em você está na cabeça dela, não em você; você não conseguirá mudar a imagem que este tipo de pessoa tem de você até que ela procure um profissional de psicologia para tratar sua falha de desenvolvimento psicológico.
   É lamentável quando vemos pessoas altamente instruídas e incapazes de reconhecer suas próprias falhas, seus próprios deslizes. Costumamos vê-las apresentando um discurso totalmente alheio às suas próprias ações, e se você tentar confrontá-la com suas próprias ações, provavelmente ela se tornará irascível e despejará contra você toda uma série de insultos e ironias, se não passar para um ataque físico: a pior coisa que um 'projetor' quer à sua frente é ser confrontado com a realidade: sua própria realidade (a de uma criança fragilizada e birrenta, no corpo de um adulto). (...)

Texto adaptado: http://www.psicologia.med.br/2015/04/projecaopsicologica-e-ingratidao_1.html


Em relação ao texto, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO, o item a seguir

Assim como na palavra “projetor”, há em “infantil” encontro consonantal. No entanto, enquanto há um encontro consonantal na mesma sílaba em “projetor”, em “infantil”, existem dois e em sílabas diferentes.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: ERRADO

    ? ?projetor? ? aqui temos um encontro consonantal perfeito, duas consoantes na mesma sílaba (=pr).

    ? ?infantil? ? aqui temos dois dígrafos vocálicos e não encontros consonantais (=in; an).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Errado. Pois, na palavra infantil só há dígrafos vocálicos. In> ~i e an> ã

  • A questão quer saber se assim como na palavra “projetor”, há em “infantil” encontro consonantal. E quer saber se enquanto há um encontro consonantal na mesma sílaba em “projetor”, em “infantil”, existem dois e em sílabas diferentes. Vejamos:

    Em "projetor", há um encontro consonantal perfeito, pois as letras "pr" estão na mesma sílaba (pro-je-tor). 

    Já em "infantil", não há dois encontros consonantais em sílabas diferentes, mas, sim, dois dígrafos vocálicos: "in" e "an" (in-fan-til).

     .

    Encontro consonantal é a sequência de duas ou mais consoantes numa palavra, sem existir uma vogal no meio delas. Ex.: pedra (pe-dra)

    Encontro consonantal perfeito ocorre quando, na divisão silábica, as consoantes se mantêm inseparáveis, permanecendo dentro da mesma sílaba. Ex.: Brasil (Bra-sil)

    Dígrafo: é a reunião de duas letras para a emissão de um som.

    Ocorrem dígrafos consonantais quando há o encontro de duas letras formando um único som consonantal. São eles: lh, ch, nh, rr, ss, qu, gu, sc, sç, xc, xs.

    Ocorrem dígrafos vocálicos quando há o encontro de duas letras formando um único som vocálico. São eles: am, em, im, om, um, an, en, in, on, un.

    Gabarito: ERRADO

  • Infantil é dígrafo vocálico.

    Dígrafo vocálico: É o encontro de uma vogal com m ou n, na mesma sílaba, mas não em final de palavra. Duas letras com um único som.

  • Acredito que as explicações dos colegas estão incompletas. Algum colega poderia me explicar o porquê de a resposta da questão ser considerada errada, sendo que a palavra infantil possui sim dois encontros consonantais (nesse caso imperfeitos: INFANTIL), e sendo também que na segunda parte da questão a banca leva a crer de que considera o encontro consonantal imperfeito?

  • Se há DÍGRAFO não há ENCONTRO.

  • QCONSURSOS, TÁ FALTANDO COMENTÁRIO DE PROFESSOR AQUI, EIN.

    Tenho a mesma dúvida de Iúri.

    Embora Weslley tenha mencionado a impossibilidade de coexistência de dígrafo e de encontro, seria muito importante que houvesse comentário de professor acerca disso.

  • Infantil: in é apenas um fonema, a vogal: i (nasal)

    an também é apenas um fonema, a vogal ã (nasal)

    No encontro consonantal é preciso no mínimo duas consoantes pronunciadas. Em sílabas diferentes vão ocorrer:

    st, bd, dv, rt, lg, bs, ct, dm (esse m não é para anasalar: administração)

  •  IN FAN TIL