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ID
3446683
Banca
COMPERVE
Órgão
TJ-RN
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O texto abaixo servirá de base para a questão. 


Futuro exige homem multidisciplinar para driblar automatismo do algoritmo


                                                                                                          Jacqueline Lafloufa


É muito raro que algoritmos, sequências de códigos que executam uma função automaticamente, saibam lidar com o que foge ao padrão ou é inesperado. "Existe a chance de que o viés dos algoritmos nos leve a tratar as pessoas de forma injusta", destaca o relatório de tendências 2019 da Fjord, braço da consultoria Accenture. O alerta já tinha sido dado por Cathy O'Neil em 2016, quando ela defendeu, em seu livro "Armas de Destruição Matemática", que opiniões e estereótipos costumam estar embutidos nos algoritmos. Um caso famoso de algoritmo estereotipado foi o reconhecimento facial errôneo do Google Photos, descoberto por Jacky Alciné em 2015, que reparou que seus amigos negros estavam sendo identificados como "gorilas" em suas fotos. O Google se desculpou alegando que a tecnologia de etiquetamento de imagens ainda não era perfeita, mas até o ano passado o problema continuava não resolvido, e muitas faces negras ainda não são identificadas na plataforma.


Será que, se houvesse desenvolvedores ou bases de dados mais diversas, um erro tão terrível como esse teria acontecido? Talvez não. Gustavo Abreu, designer de conteúdo e líder de inclusão e diversidade da Fjord, afirma que uma solução possível é trazer o diferente para dentro dos times. "Não tem como pedir a um homem branco e hétero ser menos enviesado. Precisamos pensar, ao recrutar ou formar uma equipe, qual é o problema e quem vamos colocar para resolvê-lo", analisa. Segundo Abreu, essa inclusão deve ser além da demográfica (que considera gênero, faixa etária ou classe socioeconômica), abrangendo também a diversidade cognitiva (jeitos de pensar) e experiencial (experiências anteriores).


Diante da pressão pública por mais diversidade nas corporações, grandes empresas como Amazon, Google e Facebook apostaram na indicação de executivos ou equipes dedicadas a garantir a inclusão e a diversidade. "É lidando com a diversidade, com a pluralidade cultural, rompendo a matriz colonialista, eurocêntrica, branca e ocidental dos currículos, que vamos solucionar questões que não são parte do repertório ocidentalizado das disciplinas", opina Carlota Boto, professora de Filosofia da Educação na USP (Universidade de São Paulo), que vê o surgimento de um movimento contrário à divisão disciplinar do século 18. "Para ser capaz de responder problemas contemporâneos, vivemos um movimento de entrelaçamento das diferentes áreas", explica, apontando que a capacidade interdisciplinar passará a ser cada vez mais desejada pelo mercado de trabalho.


Mais do que colocar um app na rua, desenvolvedores estão sendo pressionados a pensar nos impactos que suas inovações vão trazer. Em apresentação no festival SXSW, Jesus Ramos, especialista em aprendizado de máquina, comentou sobre o dilema que enfrentou ao publicar o app Revisa Mi Grieta, capaz de identificar se uma trinca em um edifício apontava danos na estrutura. "Um falso positivo levaria uma família a buscar assistência sem necessidade, enquanto um falso negativo poderia manter pessoas em um edifício condenado", resumiu. A experiência fez com que ele detectasse a necessidade de incluir, nos processos, profissionais de outras áreas ou disciplinas. "Nosso time hoje conta não apenas com matemáticos e programadores mas também engenheiros e filósofos", ressaltou.


As inovações futuras também precisarão de perfis diversos trabalhando juntos em prol de uma solução, como é o caso da impressão 4D, que cria materiais capazes de se transformar em outros formatos. Os grupos de estudo da área costumam reunir profissionais de diversas áreas, conforme o material que tentam transformar. "Mesclamos engenharia de materiais, ciência da computação, design e práticas artísticas. Os profissionais que atuam conosco são multifacetados, com conhecimento da sua área de especialidade , mas também sabem se comunicar no 'idioma' de outros campos", detalhou Lining Yao, da Universidade Carnegie Mellon, uma das pioneiras da impressão 4D no mundo.


No fim das contas, não é como se todos os profissionais fossem precisar se tornar programadores ou engenheiros de materiais, mas será preciso estar aberto a interagir e compreender as recomendações dos profissionais de diferentes especialidades, como a moda e a gastronomia. "A parte mais difícil é conseguir um bom equilíbrio entre a profundidade e a amplitude desse conhecimento", complementa Yao. Reunir gente tão diferente em uma mesma sala em busca de soluções é uma tarefa que precisa de habilidade na gestão das diversidades. "Haverá cada vez menos espaço para individualismos, porque as competências técnica s deixam de ser predominantes, dando lugar à sabedoria dos grupos multidisciplinares com colaboração e apoio mútuo", analisa Glaucy Bocci, diretora de talentos da consultoria Willis Towers Watson. 


Disponível em: https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2019/08/20/futuro-multidisciplinar-exige-tolerancia-no-mercado-de-trabalho.htm. Acesso em: 27 jan. 2020. [Adaptado]

Em sua centralidade, o texto promove uma discussão sobre

Alternativas
Comentários
  • os imperativos que, na visão da autora, são determinantes para o futuro das corporações.

    Linhas 12 e 13: " Diante da pressão pública por mais diversidade nas corporações, grandes empresas como Amazon, Google e Facebook apostaram na indicação de executivos ou equipes dedicadas a garantir a inclusão e a diversidade". 

    Linhas 15, 16 e 17: "  "Para ser capaz de responder problemas contemporâneos, vivemos um movimento de entrelaçamento das diferentes áreas", explica, apontando que a capacidade interdisciplinar passará a ser cada vez mais desejada pelo mercado de trabalho" .

    Gabarito, letra A.

  • Não entendi o porque de ser a letra A.

  • Amanda Mayumi Takeshita.

    O texto gira em torno de duas ideias centrais. A primeira delas é a tendência entre as empresas à formação de times mais inclusivos para enfrentar a análise preconceituosa das máquinas sobre questões de gênero, raça e cultura; a segunda ideia discute a aposta do mercado de trabalho em movimentos cada vez mais colaborativos e multidisciplinares para atender a problemas atuais e buscar inovações futuras.

    São esses, na minha opinião, os determinantes que, segundo a autora, vão se impor às corporações no futuro.

    Espero ter ajudado.

  • Cesar Kretzschmar, obrigada pela explicação.

  • Cesar Kretzschmar, obrigada pela explicação.

  • Cesar Kretzschmar, obrigada pela explicação.

  • imperativo

    adjetivo

    O que é um imperativo ético?

    Nesse sentido, um imperativo é uma forma de afirmação prescritiva, que estabelece a necessidade de executar uma determinada ação. Segundo o pensamento filosófico de Kant, o imperativo categórico é o mandamento autônomo e auto-suficiente que regula o comportamento das pessoas em suas várias manifestações.

  • Se prestarmos atenção na fonte do texto:: https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2019/08/20/futuro-multidisciplinar-exige-tolerancia-no-mercado-de-trabalho.htm. Acesso em: 27 jan. 2020. [Adaptado].

    E no título:Futuro exige homem multidisciplinar para driblar automatismo do algoritmo.

    Fica mais fácil identificar a centralidade buscada na questão.

  • Uma questão que dá pra queimar os neurônios..

    O texto introduz a ideia dos algoritmos, até mesmo pelo título, que acaba nos induzindo a um modo de pensar.

    A introdução e o segundo parágrafo tratam, em verdade, dos erros e prejuízos que a falta de diversidade no desenvolvimento de algortimos podem trazer. Mas para onde o texto vai nos levando:

    Foco no tópico frasal:

    Segundo parágrafo: Será que, se houvesse desenvolvedores ou bases de dados mais diversas, um erro tão terrível como esse teria acontecido? Talvez não (a autora já se posiciona a respeito da inclusão)

    Terceiro parágrafo: Diante da pressão pública por mais diversidade nas corporações (a autora introduz uma certa tendência global), grandes empresas como Amazon, Google e Facebook apostaram na indicação de executivos ou equipes dedicadas a garantir a inclusão e a diversidade.

    4º : Mais do que colocar um app na rua, desenvolvedores estão sendo pressionados a pensar nos impactos que suas inovações vão trazer (a autora continua com essa "tendência", uma vez que existe uma pressão externa)

    5º As inovações futuras também precisarão (a autora novamente modaliza seu discurso a favor da inclusão) de perfis diversos trabalhando juntos

    6º No fim das contas, não é como se todos os profissionais fossem precisar se tornar programadores ou engenheiros de materiais, mas será preciso estar aberto a interagir e compreender (na conclusão ela finalmente traz a posição final dela, a de que é necessário que as empresas passem a promover a interação) as recomendações dos profissionais de diferentes especialidades, como a moda e a gastronomia.

    Portanto, o texto exemplifica com a situação dos algoratimos mas que em verdade se aplica a todo o contexto de relações corporativas.