SóProvas


ID
3513580
Banca
INSTITUTO PRÓ-MUNICÍPIO
Órgão
Prefeitura de Massapê - CE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Como comecei a escrever


      Aí por volta de 1910 não havia rádio nem televisão, e o cinema chegava ao interior do Brasil uma vez por semana aos domingos. As notícias do mundo vinham pelo jornal, três dias depois de publicadas no Rio de Janeiro. Se chovia a potes, a mala do correio aparecia ensopada, uns sete dias mais tarde. Não dava para ler o papel transformado em mingau. Papai era assinante da Gazeta de Notícias, e antes de aprender a ler eu me sentia fascinado pelas gravuras coloridas do suplemento de Domingo. Tentava decifrar o mistério das letras em redor das figuras, e mamãe me ajudava nisso. Quando fui para a escola pública, já tinha a noção vaga de um universo de palavras que era preciso conquistar.

      Durante o curso, minhas professoras costumavam passar exercícios de redação. Cada um de nós tinha de escrever uma carta, narrar um passeio, coisas assim. Criei gosto por esse dever, que me permitia aplicar para determinado fim o conhecimento que ia adquirindo do poder de expressão contido nos sinais reunidos em palavras.

      Daí por diante as experiências foram se acumulando, sem que eu percebesse que estava descobrindo a leitura. Alguns elogios da professora me animavam a continuar. Ninguém falava em conto ou poesia, mas a semente dessas coisas estavam germinando. Meu irmão, estudante na Capital, mandava-me revistas e livros, e me habituei a viver entre eles. Depois, já rapaz, tive sorte de conhecer outros rapazes que também gostavam de ler e escrever.

      Então começou uma fase muito boa de troca de experiências e impressões. Na mesa do café-sentado (pois tomava-se café sentado nos bares, e podia-se conversar horas e horas sem incomodar nem ser incomodado) eu tirava do bolso o que escrevera durante o dia, e meus colegas criticavam. Eles também sacavam seus escritos, e eu tomava parte nos comentários. Tudo com naturalidade e franqueza. Aprendi muito com os amigos, e tenho pena dos jovens de hoje que não desfrutam desse tipo de amizade crítica.

Fonte: “Para Gostar de Ler – Volume 4 – Crônicas”, Editora Ática – São Paulo, 1980, pág. 6

Observe as informações sobre aspectos gramaticais do texto quanto à pontuação, ortografia e acentuação, julgando-as em verdadeiras (V) ou falsas (F):


( ) As palavras “café”, “rádio” e “públicas” são acentuadas obedecendo, respectivamente, às regras das oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas;

( ) “Meu irmão, estudante na Capital, mandava-me...” as vírgulas nesse trecho foram usadas para isolar o vocativo “estudante na Capital”;

( ) A regra que justifica o “z” da palavra franqueza é que é um substantivo abstrato derivado de um adjetivo;

( ) As palavras “já” e “ninguém” são acentuadas pela mesma regra gramatical.


A sequência correta de cima para baixo é:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    (V) As palavras “café”, “rádio” e “públicas” são acentuadas obedecendo, respectivamente, às regras das oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas → correto, oxítona terminada em -e (última sílaba tônica); paroxítona terminada em ditongo (penúltima sílaba tônica) e proparoxítona (antepenúltima sílaba tônica).

    (F) “Meu irmão, estudante na Capital, mandava-me...” as vírgulas nesse trecho foram usadas para isolar o vocativo “estudante na Capital” → incorreto, temos, entre vírgulas, um aposto explicativo e não um vocativo.

    (V) A regra que justifica o “z” da palavra franqueza é que é um substantivo abstrato derivado de um adjetivo → correto.

    (F) As palavras “já” e “ninguém” são acentuadas pela mesma regra gramatical → incorreto, temos uma monossílaba tônica e logo em seguida uma oxítona terminada em -em.

    ☛ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • As bancas adoram confundir o candidato com vocativo com aposto.

    Aposto => termo explicativo, normalmente entre vírgulas.

    Vocativo => chamamento. Ex.: Fulano, venha até aqui.

  • Visto tratar a questão, sobretudo, de grafia e acentuação, é preciso ancorar-se nas bases do Novo Acordo Ortográfico, ainda que este não tenha promovido mudanças nas palavras a serem analisadas. Inspecionemos os itens:

    (V) As palavras “café”, “rádio” e “públicas” são acentuadas obedecendo, respectivamente, às regras das oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas;

    Verdadeiro. Os verbetes acima são, nesta ordem, oxítona terminada em "e", paroxítona termina em ditongo e proparoxítona, que deve sempre ser acentuada;

    (F) “Meu irmão, estudante na Capital, mandava-me...” as vírgulas nesse trecho foram usadas para isolar o vocativo “estudante na Capital”;

    Falso. O vocativo é unidade à parte, não se relacionando com nenhum termo da estrutura; por seu turno, o aposto atrela-se a um substantivo ou pronome — no caso em apreço, o substantivo "irmão";

    (V) A regra que justifica o “z” da palavra franqueza é que é um substantivo abstrato derivado de um adjetivo;

    Verdadeiro. Aos substantivos oriundos de adjetivos acresce-se o afixo "-eza". Note que "franqueza" deriva do adjetivo "franco";

    (F) As palavras “já” e “ninguém” são acentuadas pela mesma regra gramatical.

    Falso. O primeiro é monossílabo tônico; o segundo, oxítona.

    Letra D

  • Algumas observações:

    “Meu irmão, estudante na Capital, mandava-me...” as vírgulas nesse trecho foram usadas para isolar o vocativo “estudante na Capital”;

    vocativo= chamado

    aposto = remete ao termo anterior para explicar, resumir, especificar.

    (V ) A regra que justifica o “z” da palavra franqueza é que é um substantivo abstrato derivado de um adjetivo;

    Palavras derivadas de adjetivo =Z.

    Embriaguez, surdez.

    (F ) As palavras “já” = monossílabos tônicos

    e “ninguém” = oxítonas terminada em "em".

    Bons estudos!

  • APOSTO : termo explicativo entre virgulas .

    VOCATIVO : E um chamamento ao interlocutor entre virgula . ex: tá vendo aquele edificio , moço.( letra de Ze Ramalho).

  • Assertiva d

    V, F, V, F.

    (V) As palavras “café”, “rádio” e “públicas” são acentuadas obedecendo, respectivamente, às regras das oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas;

    (F) “Meu irmão, estudante na Capital, mandava-me...” as vírgulas nesse trecho foram usadas para isolar o vocativo “estudante na Capital”;

    (V) A regra que justifica o “z” da palavra franqueza é que é um substantivo abstrato derivado de um adjetivo;

    (F) As palavras “já” e “ninguém” são acentuadas pela mesma regra gramatical.

  • Galera, bizu de aposto explicativo: no aposto explicativo, podemos tirar o que se diz aposto. ex: meu irmão mandava me dinheiro. Tá vendo que manteve o sentido e nem precisou dizer que ele era estudante da capital? Estudante da capital só tá explicando quem é meu irmão.

    algum equívoco corrija me!