SóProvas


ID
3612082
Banca
Instituto Consulplan
Órgão
Prefeitura de Suzano - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Pregos

    Foi de repente. Dois quadros que tenho na parede da sala despencaram juntos. Ninguém os havia tocado, nenhuma ventania naquele dia, nenhuma obra no prédio, nenhuma rachadura. Simplesmente caíram, depois de terem permanecido seis anos inertes. Não consegui admitir essa gratuidade, fiquei procurando uma razão para a queda, haveria de ter uma.
    Poucos dias depois, numa dessas coincidências que não se explicam, estava lendo um livro do italiano Alessandro Baricco, chamado “Novecentos”, em que ele descrevia exatamente a mesma situação. “No silêncio mais absoluto, com tudo imóvel ao seu redor, nem sequer uma mosca se movendo, eles, zás. Não há uma causa. Por que precisamente neste instante? Não se sabe. Zás. O que ocorre a um prego para que decida que já não pode mais?”
    Alessandro Baricco não procura desvendar esse mistério, apenas diz que assim é. Um belo dia a gente se olha no espelho e descobre que está velho. A gente acorda de manhã e descobre que não ama mais uma pessoa. Um avião passa no céu e a gente descobre que não pode ficar parado onde está nem mais um minuto. Zás. Nossos pregos já não nos seguram.
    Costumamos chamar essa sensação de “cair a ficha”, mas acho bem mais poética e avassaladora a analogia com os quadros na parede. Cair a ficha é se dar conta. Deixar cair os quadros é um pouco mais que isso, é perder a resistência, é reconhecer que há algo que já não podemos suportar. Não precisa ser necessariamente uma carga negativa, pode ser uma carga positiva, mas que nos obriga a solicitar mais força dentro de nós.
    Nascemos, ficamos em pé, crescemos e a partir daí começamos a sustentar nossas inquietações, nossos desejos inconfessos, algum sofrimento silencioso e a enormidade da nossa paciência. Nossos pregos são feitos de material maciço, mas nunca se sabe quanto peso eles podem aguentar. O quanto podemos conosco? Uma boa definição para felicidade: ser leve para si mesmo.
    Sobre os meus quadros: foram recolocados na parede. Estão novamente fixos no mesmo lugar. Até que eles, ou eu, sejamos definitivamente vencidos pelo cansaço.
(Martha Medeiros. Pregos. Em: março de 2010.)

Considerando o trecho “Nossos pregos são feitos de material maciço, mas nunca se sabe quanto peso eles podem aguentar.” (5º§), o termo assinalado pode ser substituído, sem prejuízo semântico, por:

Alternativas
Comentários
  • ✅ Gabarito: D

    ✓ “Nossos pregos são feitos de material maciço, mas nunca se sabe quanto peso eles podem aguentar.” (5º§)

    ➥ Temos, em destaque, uma conjunção coordenativa adversativa. Outras conjunções com essa mesma classificação: não obstante, porém, só que, contudo, senão (=mas sim), todavia, entretanto, no entanto, ainda assim.

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • São conjunções adversativas:

    mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante. Por exemplo: Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.

  • gabarito letra=D

    COMPLEMENTANDO

    Conjunção coordenativa adversativa

    mas;porém;contudo;todavia;senão;entretanto;no entanto;não obstante;ainda assim;apesar disso;mesmo assim;

    Lembrando que o mas pode vir com a ideia de aditivo

    guarde isso!!

    A oração introduzida pelo conectivo mas que recebe classificação diferente das demais – por ter valor aditivo e não adversativo – é

    (a)“Ver é crer, mas sentir é a verdade.”

    (b)“A vontade de acreditar é talvez o mais poderoso, mas certamente é o mais perigoso atributo humano.” GAB=B

    (C)“Creia em si, mas não duvide sempre dos outros.”

    (D)“Você pode fazer muito pouco com a fé, mas você não pode fazer nada sem ela.”

    (E)“A fé remove montanhas, mas não se esqueça de ficar empurrando enquanto você reza.”

    Q671785

  • Conjunção coordenativa adversativa:

    Mas, no entanto , contudo, todavia, porém , entretanto, não obstante, apesar disso, conquanto, ainda assim.

  • gab D

    Conjunção coordenativa adversativa: