A exaltação do indivíduo como representante dos mais elevados valores humanos que esta
sociedade produziu, combinada ao achatamento subjetivo sofrido pelos sujeitos sob os apelos
monolíticos da sociedade de consumo, produz este estranho fenômeno em que as pessoas,
despojadas ou empobrecidas em sua subjetividade, dedicam-se a cultuar a imagem de outras,
destacadas pelos meios de comunicação como representantes de dimensões de humanidade que o
homem comum já não reconhece em si mesmo. Consome-se a imagem espetacularizada de atores,
cantores, esportistas e alguns (raros) políticos, em busca do que se perdeu exatamente como efeito da
espetacularização da imagem: a dimensão, humana e singular, do que pode vir a ser uma pessoa, a
partir do singelo ponto de vista de sua história de vida.
Eugênio Bucci e Maria R. Kehl, Videologias: ensaios sobre televisão. São Paulo: Boitempo, 2004.
Depreende-se da leitura do texto que