SóProvas


ID
4123720
Banca
IDECAN
Órgão
Prefeitura de Apiacá - ES
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Educação: reprovada

    Há quem diga que sou otimista demais. Há quem diga que sou pessimista. Talvez eu tente apenas ser uma pessoa observadora habitante deste planeta, deste país. Uma colunista com temas repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes os que me encantam particularmente. Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação. Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba. Os males foram-se acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos.

    Há coisa de trinta anos, eu ainda professora universitária, recebíamos as primeiras levas de alunos saídos de escolas enfraquecidas pelas providências negativas: tiraram um ano de estudo da meninada, tiraram latim, tiraram francês, foram tirando a seriedade, o trabalho: era a moda do “aprender brincando”. Nada de esforço, punição nem pensar, portanto recompensas perderam o sentido. Contaram-me recentemente que em muitas escolas não se deve mais falar em “reprovação, reprovado”, pois isso pode traumatizar o aluno, marcá-lo desfavoravelmente. Então, por que estudar, por que lutar, por que tentar?

    De todos os modos facilitamos a vida dos estudantes, deixando-os cada vez mais despreparados para a vida e o mercado de trabalho. Empresas reclamam da dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, médicos e advogados quase não sabem escrever, alunos de universidades têm problemas para articular o pensamento, para argumentar, para escrever o que pensam. São, de certa forma, analfabetos. Aliás, o analfabetismo devasta este país. Não é alfabetizado quem sabe assinar o nome, mas quem o sabe assinar embaixo de um texto que leu e entendeu. Portanto, a porcentagem de alfabetizados é incrivelmente baixa.

    Agora sai na imprensa um relatório alarmante. Metade das crianças brasileiras na terceira série do elementar não sabe ler nem escrever. Não entende para o que serve a pontuação num texto. Não sabe ler horas e minutos num relógio, não sabe que centímetro é uma medida de comprimento. Quase a metade dos mais adiantados escreve mal, lê mal, quase 60% têm dificuldades graves com números. Grande contingente de jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito. Parafraseando um especialista, estamos produzindo estudantes analfabetos.

    Naturalmente, a boa ou razoável escolarização é muito maior em escolas particulares: professores menos mal pagos, instalações melhores, algum livro na biblioteca, crianças mais bem alimentadas e saudáveis – pois o estado não cumpre o seu papel de garantir a todo cidadão (especialmente a criança) a necessária condição de saúde, moradia e alimentação.

    Faxinar a miséria, louvável desejo da nossa presidenta, é essencial para nossa dignidade. Faxinar a ignorância – que é uma outra forma de miséria – exigiria que nos orçamentos da União e dos estados a educação, como a saúde, tivesse uma posição privilegiada. Não há dinheiro, dizem. Mas políticos aumentam seus salários de maneira vergonhosa, a coisa pública gasta nem se sabe direito onde, enquanto preparamos gerações de ignorantes, criados sem limites, nada lhes é exigido, devem aprender brincando. Não lhes impuseram a mais elementar disciplina, como se não soubéssemos que escola, família, a vida, sobretudo, se constroem em parte de erro e acerto, e esforço. Mas, se não podemos reprovar os alunos, se não temos mesas e cadeiras confortáveis e teto sólido sobre nossa cabeça nas salas de aula, como exigir aplicação, esforço, disciplina e limites, para o natural crescimento de cada um?

    Cansei de falas grandiloquentes sobre educação, enquanto não se faz quase nada. Falar já gastou, já cansou, já desiludiu, já perdeu a graça. Precisamos de atos e fatos, orçamentos em que educação e saúde (para poder ir a escola, prestar atenção, estudar, render e crescer) tenham um peso considerável: fora isso, não haverá solução. A educação brasileira continuará, como agora, escandalosamente reprovada.

(Lya Luft. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/educacao-reprovada-um-artigo-de-lya-luft/.)

De acordo com o contexto empregado, assinale o trecho ou termo sublinhado que exerce a função sintática DIFERENTE dos demais.

Alternativas
Comentários
  • A, B, e D são objetos diretos

    C é predicativo do sujeito

  • A - "Agora sai na imprensa um relatório alarmante.” (4º§)

    Que é que sai na imprensa? Um Relatório alarmante. SUJEITO

    B- “...pois isso pode traumatizar o aluno, marcá-lo desfavoravelmente.” (2º§)

    Que é que pode marcar o aluno? Isso - Sujeito oculto, pois está em outra oração.

    Marcar o quê? O aluno (lo) - OBJETO DIRETO

    C- “Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação.” (1º§)

    A frase está invertida: A educação é uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui - SUJEITO

    D- “Nada de esforço, punição nem pensar, portanto recompensas perderam o sentido.” (2º§)

    Que é que perdeu o sentido? Recompensas

    Perdeu o quê? O sentido - OBJETO DIRETO

    E agora, IDECAN?

    Erros, avise-me.

  • Vou acompanhar a questão pois cheguei as mesmas conclusões da Letícia M.

  • Questão com 60% de err sem um comentário do QC difícil hein...

  • dois sujeitos e dois obj diretos,Cabe anulação!
  • análise sintática requer o reconhecimento de função exercida por palavras ou segmentos maiores no interior de uma estrutura. As possíveis funções são estas:

    → Adjunto adnominal;

    → Adjunto adverbial;

    → Agente da passiva;

    → Aposto;

    → Complemento nominal;

    → Objeto direto;

    → Objeto indireto;

    → Predicado;

    → Predicativo do objeto;

    → Predicativo do sujeito;

    → Sujeito.

    Convém salientar que a função sintática discrepa significativamente da classificação morfológica. Esta última diz respeito à morfologia, ou seja, à classe gramatical a que pertence as palavras, que são dez: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, interjeição, numeral, preposição, pronome, substantivo e verbo.

    a) "Agora sai na imprensa um relatório alarmante.” (4º§)

    Incorreto. O segmento sublinhado é sujeito da estrutura e apenas está à frente do verbo, que é intransitivo (não requer complemento verbal). Em ordem: "Um relatório alarmante agora sai na impressa". Os termos "agora" e "na imprensa" são adjuntos adverbiais;

    b) “...pois isso pode traumatizar o aluno, marcá-lo desfavoravelmente.” (2º§)

    Incorreto. É objeto direto do verbo transitivo direto "marcar";

    c) “Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação.” (1º§)

    Incorreto. É sujeito. Recorrentemente o aluno confunde-se ao tentar discriminar sujeito do predicativo do sujeito, mas há uma maneira correta de fazê-lo — e não é por meio da inversão dos termos, isso é insuficiente para solucionar o problema.

    Sempre que se instaurar essa dúvida, substitua um dos segmentos da estrutura pelo pronome demonstrativo "o" e insira um substantivo na escritura (pode ser algum escolhido aleatoriamente). O segmento substituído pelo referido pronome será o predicativo do sujeito. Exemplifiquemos:

    Joana era a mais alta turma.

    Conferindo uma redação nova: Joana era a mais alta da turma, mas eu não o era ( = mais alta da turma).

    Logo, "a mais alta da turma", termo substituído pelo pronome "o", é o predicativo do sujeito, ao passo que "Joana" é o sujeito;

    Uma grande conquista na vida é a felicidade.

    Conferindo nova redação: Uma grande conquista na vida é a felicidade, mas o sucesso também o é ( = uma grande conquista na vida).

    Logo, "uma grande conquista na vida", termo substituído pelo pronome "o", é o predicativo do sujeito, enquanto "a felicidade" é o sujeito.

    Usando o raciocínio com a frase desta alternativa:

    Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação, mas o conhecimento também o é (= uma das grandes preocupações...)

    Intui-se da lição que "a educação" é sujeito e todo o restante do segmento sublinhado é seu predicativo.

    d) “Nada de esforço, punição nem pensar, portanto recompensas perderam o sentido.” (2º§)

    Incorreto. É objeto direto do verbo transitivo direto "perder".

    Feita a análise, é cabível concluir que a questão não apresenta gabarito.

    Gabarito da banca: Letra C

    Gabarito do monitor: Questão nula, por não apresentar adequada opção de resposta.

  • essa b e o.direto !

    professores quero uma justificativa bem plausível !

  • Q questão não só merece ser anulada, ela DEVE ser.

    a) "Agora sai na imprensa um relatório alarmante.” (4º§) : UM RELATÓRIO ALARMANTE = SUJEITO;

    b)“...pois isso pode traumatizar o aluno, marcá-lo desfavoravelmente.” (2º§): LO = OBJETO DIRETO

    c) “Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação.” (1º§) = "Uma das grandes preocupações é a educação" = Perceba que é IMPOSSÍVEL classificar A EDUCAÇÃO como OBJETO DIRETO, vc pode classificar como PREDICATIVO DO SUJEJTO ou como SUJEITO, mas jamais como OBJETO DIRETO;

    d) “Nada de esforço, punição nem pensar, portanto recompensas perderam o sentido.” (2º : O SENTIDO = OBJETO DIRETO

    ____________

    Portanto, há dois objetos diretos e dois sujeitos, um deles podendo , a depender da abordagem, ser considerado predicativo:

    "uma das grandes preocupações é a educação" = "a educação é uma das grandes preocupações", invertendo a frase, vc não teria dúvida de que A EDUCAÇÃO é sujeito.

  • Idecan sabe fazer questão de português não filha?!

  • Professores do QC, recusam a comentar questões da IDECÃO.

  • Acho que a banca está querendo dizer que as opções A,B,D são complementos verbais, visto que o verbo sair pode ser transitivo indireto.
  • Perdi muito tempo aqui, fatalmente anulável a questão!

  • Galera, antes eu imaginava q a banca tinha errado, mas já fiz outra questão com a mesma finalidade dessa...

    Quando ela fala: "Agora sai na imprensa/ um relatório alarmante."

    Vejam que é possível dividir a oração em duas, sendo que a 1° está sendo subordinada a 2° e podendo ser substituída por "isso". Logo, o que era pra ser SUJEITO, virou OBJETO DIRETO.

    Espero ter ajudado :)

  • Essa questão deveria ser nula...

  • Realmente a questão deveria ser anulada letras A e C sujeito, B e D objeto direto. os professores do QC deveriam se pronunciar.
  • NUNCA vi uma questão da IDECÃO ser comentada por professores aqui no QC.

  • fiquei triste antes de ler os comentários... essa banca como sempre...