SóProvas


ID
4942708
Banca
CETRO
Órgão
TCM-SP
Ano
2006
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia atentamente o texto abaixo, de Carlos Drummond de Andrade, que servirá de apoio para a questão.


REVERÊNCIA AO DESTINO

    Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.

    Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

    Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.

    Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

    Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.

    Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

    Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.

    Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

    Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.

    Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.

    E é assim que perdemos pessoas especiais.

    Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.

    Difícil é mentir para o nosso coração.

    Fácil é ver o que queremos enxergar. 

    Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

    Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"

    Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

    Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.

    Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

    Fácil é querer ser amado.

    Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.

    Fácil é ouvir a música que toca.

    Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

    Fácil é ditar regras.

    Difícil é segui-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

    Fácil é perguntar o que deseja saber.

    Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.

    Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.

    Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

    Fácil é dar um beijo.

    Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

    Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.

    Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

    Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.

    Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

    Fácil é sonhar todas as noites.

    Difícil é lutar por um sonho.

    Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

A análise morfossintática do termo grifado está correta em todas as alternativas, exceto em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO E)

    Saber que se é realmente amado. (Oração Subordinada Adjetiva) INCORRETO!

    que = CSI (Conj. Subord. Integrante)

    Saber que se é realmente amado. (Or. Subord. Substantiva Objetiva Direta) CORRETO

    A oração ocupa o lugar do OD.

    Olá, estou corrigindo redações para concurso, para mais informações envie email para fuvio10@outlook.com ou chame aqui! Experiência comprovada, por meio de provas corrigidas por bancas.

  • análise sintática requer o reconhecimento de função exercida por palavras ou segmentos maiores no interior de uma estrutura. As possíveis funções são estas:

    → Adjunto adnominal;

    → Adjunto adverbial;

    → Agente da passiva;

    → Aposto;

    → Complemento nominal;

    → Objeto direto;

    → Objeto indireto;

    → Predicado;

    → Predicativo do objeto;

    → Predicativo do sujeito;

    → Sujeito.

    Convém salientar que a função sintática discrepa significativamente da classificação morfológica. Esta última diz respeito à morfologia, ou seja, à classe gramatical a que pertence as palavras, que são dez:

    I - Adjetivo;

    II - Advérbio;

    III - Artigo;

    IV - Conjunção;

    V - Interjeição;

    VI - Numeral;

    VII - Preposição;

    VIII - Pronome;

    IX - Substantivo;

    X - Verbo.

    À exceção das conjunções, interjeições, preposições e verbos, cada palavra integrante dessas classes gramaticais, isoladamente ou em conjunto, exerce alguma função sintática na estrutura.

    a) Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. (sujeito paciente)

    Correto. A partícula "que" resgata o substantivo "pessoas" e exerce função de sujeito da oração à qual pertence;

    b) Ou ter coragem pra fazer. (objeto direto)

    Correto. O segmento em destaque exerce função de complemento verbal direto do verbo "ter";

    c) Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo. (adjunto adverbial)

    Correto. O segmento em destaque adita uma informação postiça, acessória;

    d) Sinceramente, por inteiro. (adjuntos adverbiais)

    Correto. Respectivamente, há um advérbio e uma locução adverbial. Ambos exercem função sintática de adjunto adverbial;

    e) Saber que se é realmente amado. (oração subordinada adjetiva)

    Incorreto. O segmento em destaque é uma oração subordinada substantiva objetiva direta, ou seja, exerce a função sintática de objeto direto.

    Letra E

  • Oração subordinadas não se caracterizam como aspecto morfossintático, visto que não são elementos de expressão morfológica ou sintática.

    Gabarito letra E!

  • Gab - E

    Observações:

    Na A, valem as palavras de Rocha Lima:

    "Além de servirem de ligação oracional, os relativos desempenham uma função sintática no corpo da oração a que pertencem.

    Examinemos este período de Rachel de Queiroz:

    “Era uma vez, já faz muito tempo, havia um homem / que era ateu.

    O sujeito da oração adjetiva “que era ateu” está representado nela pelo pronome relativo que, cujo antecedente é — um homem.

    Cumpre assinalar que a função sintática do relativo nada tem que ver com a função sintática do seu antecedente. Embora o relativo, como sabemos, reproduza a significação do antecedente, o que importa é o papel que ele, relativo, exerce na oração em que figura.

    No período citado, esta verdade se nos mostra de maneira claríssima: na oração principal, o termo um homem serve de objeto direto a “havia”; contudo, o pronome relativo (que, na oração adjetiva, está posto em lugar de um homem) funciona como sujeito de “era”" (Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 49ª edição. 2011. Editora José Olympio. Rio de Janeiro. 655 páginas. ISBN 9788503010221. Páginas 333-4).

    Não há dúvida, portanto, de que o pronome relativo é o sujeito de estão sendo expostas, mas o que dizer sobre a passividade? O agente da passiva está presente, é circunstâncias, portanto também não há dúvida aqui.

  • Em suma, a referida alternativa traz uma oração subordinada substantiva que exerce função sintática de objeto direto, sendo introduzida por uma conjunção integrante, quando desenvolvida. A oração subordinada adjetiva é uma oração introduzida por um pronome relativo, quando desenvolvida, e que tem função sintática de adjunto adnominal. Outra forma de diferenciar é observar se a oração em questão pode ser substituída por um substantivo, tal como "isso". Se a troca for possível, trata-se de uma oração substantiva e, como tal, não pode ser adjetiva.

    Gabarito: E