- ID
- 5099980
- Banca
- FUNDEP (Gestão de Concursos)
- Órgão
- Prefeitura de Itabira - MG
- Ano
- 2017
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
TEXTO II
A cultura do estupro
Não podemos perder tempo disputando a realidade. Um
ato sexual que acontece sem o consentimento de uma
das partes envolvidas é um estupro. Sempre
“Uma rosa, por qualquer outro nome, teria o aroma
igualmente doce”. Este trecho de Romeu e Julieta,
a peça famosa de William Shakespeare, é frequentemente
referenciado em artigos e debates sobre o peso e a
volatilidade da linguagem.
Na cena em que esta fala se dá, Julieta – uma Capuleto
– argumenta que não importa que Romeu seja um
Montéquio, pois o amor que sente é pelo rapaz, e não
por seu nome. A beleza da citação é o que ela implica: os
nomes que damos às coisas não necessariamente afetam
o que as coisas realmente são.
“Estupro, por qualquer outro nome, seria uma ação
igualmente violenta.” Seria. Mas, ao contrário das rosas
– que reconhecemos como rosas, por isso chamamos de
rosas –, relutamos em reconhecer quando um estupro é
estupro para poder então chamá-lo de estupro.
Estupro é a prática não consensual do sexo, imposta por
violência ou ameaça de qualquer natureza. Qualquer
forma de prática sexual sem consentimento de uma das
partes configura estupro.
Se aceitarmos que esta é a definição de estupro, quantas
já sofremos um, e quantos já cometeram um? Garanto
que muita gente.
[...]
BURIGO, Joana. A cultura do estupro. Carta Capital.
2 jun. 2016. Disponível em: .
Acesso em: 12 set. 2017 [Fragmento adaptado].
Releia o trecho a seguir.
“Se aceitarmos que esta é a definição de estupro,
quantas já sofremos um, e quantos já cometeram um?”
A oração destacada indica, em relação ao restante da
frase, uma: