SóProvas


ID
5212417
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
IBGE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1A1-I

    Estou escrevendo um livro sobre a guerra...
    Eu, que nunca gostei de ler livros de guerra, ainda que, durante minha infância e juventude, essa fosse a leitura preferida de todo mundo. De todo mundo da minha idade. E isso não surpreende — éramos filhos da Vitória. Filhos dos vencedores.
    Em nossa família, meu avô, pai da minha mãe, morreu no front; minha avó, mãe do meu pai, morreu de tifo; de seus três filhos, dois serviram no Exército e desapareceram nos primeiros meses da guerra, só um voltou. Meu pai.
     Não sabíamos como era o mundo sem guerra, o mundo da guerra era o único que conhecíamos, e as pessoas da guerra eram as únicas que conhecíamos. Até agora não conheço outro mundo, outras pessoas. Por acaso existiram em algum momento?
     A vila de minha infância depois da guerra era feminina. Das mulheres. Não me lembro de vozes masculinas. Tanto que isso ficou comigo: quem conta a guerra são as mulheres. Choram. Cantam enquanto choram.
     Na biblioteca da escola, metade dos livros era sobre a guerra. Tanto na biblioteca rural quanto na do distrito, onde meu pai sempre ia pegar livros. Agora, tenho uma resposta, um porquê. Como ia ser por acaso? Estávamos o tempo todo em guerra ou nos preparando para ela. E rememorando como combatíamos. Nunca tínhamos vivido de outra forma, talvez nem saibamos como fazer isso. Não imaginamos outro modo de viver, teremos que passar um tempo aprendendo.
     Por muito tempo fui uma pessoa dos livros: a realidade me assustava e atraía. Desse desconhecimento da vida surgiu uma coragem. Agora penso: se eu fosse uma pessoa mais ligada à realidade, teria sido capaz de me lançar nesse abismo? De onde veio tudo isso: do desconhecimento? Ou foi uma intuição do caminho? Pois a intuição do caminho existe...
     Passei muito tempo procurando... Com que palavras seria possível transmitir o que escuto? Procurava um gênero que respondesse à forma como vejo o mundo, como se estruturam meus olhos, meus ouvidos.
     Uma vez, veio parar em minhas mãos o livro Eu venho de uma vila em chamas. Tinha uma forma incomum: um romance constituído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara na infância, do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se fechou. Achei o que estava procurando. O que estava pressentindo.

Svetlana Aleksiévitch. A guerra não tem rosto de mulher.
Companhia das Letras, 2016, p. 9-11 (com adaptações).  

Com relação à pontuação, a correção gramatical do texto 1A1-I seria mantida se

Alternativas
Comentários
  • Gab. A

    É possível substituir travessão por vírgula quando o travessão está no final do período destacando uma explicação ou esclarecimento.

    Exemplo

    • Dialogar com ele é como jogar uma bola contra a parede —  ela volta contra a gente.
    • Dialogar com ele é como jogar uma bola conta a parede, ela volta contra a gente.

    Tudo que há de bom: https://linktr.ee/pedrohtp

    bons estudos!

  • GABARITO - A

    A) CERTA – O travessão introduz uma explicação. Dessa forma, para manutenção do sentido de explicação, além da vírgula, seria necessário o emprego do conector explicativo “pois”. No entanto, o item não foca atenção nos sentidos, e tão unicamente na correção gramatical. Sendo assim, a substituição do travessão por vírgula resulta em duas orações justapostas – “E isso não me surpreende, éramos filhos da Vitória” -, corretas do ponto de vista gramatical.

    B) ERRADA – De acordo com o Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Luft, uma das regências do verbo “surgir” é transitivo indireto com complemento introduzido pela preposição DE. Dessa forma, uma vírgula após “vida” isolaria verbo e complemento, quando juntos, o que é proibitivo de acordo com a norma culta.

    C) ERRADA – Não há elemento após a conjunção deslocado da ordem direta que justifique uma vírgula após o “Pois”.

    D) ERRADA – Até seria possível uma vírgula após “infância” se também houvesse uma vírgula após “guerra”. As duas vírgulas isolariam um adjunto adverbial deslocado.

    E) ERRADA – Até seria possível um travessão após “mãe” se também houvesse um travessão após “avô”. Os dois travessões isolariam um aposto explicativo.

    Créditos: Professor José Maria.

    Bons estudos!

  • gaba A

    (-,,-) → se não cobrar o sentido, mexer no bigódinho chinês é facultativo.

    “E isso não surpreende éramos filhos da Vitória”

    “E isso não surpreende, éramos filhos da Vitória”

    _____________________________________

    canal no telegram com questões diárias → https://t.me/aplovado

    pertencelemos!

  • Objeto indireto anteposto ao verbo é facultativa a vírgula? Então caberia uma vírgula alí na B?

    Gabarito duvidoso.

  • GABARITO - A

    o travessão fosse substituído por vírgula, em “E isso não surpreende — éramos filhos da Vitória” (segundo parágrafo).

    Como apontado pelos colegas, trata-se de uma explicação, podendo ser substituida por vírgula - um clássico.

    Onde houver trevas que eu leve a LUZ!

  • *Travessão:

    1.Mudança do travessão p/ vírgula muda o sentido, pois o travessão introduz explicação. P/ frase ficar correta, tem que introduzir a vírgula + um conectivo explicativo (pois) => Caso perguntasse sobre sentido da oração.

    2.Correção gramatical está correta (facultativo).

    Ex: “E isso não surpreende — éramos filhos da Vitória”

         “E isso não surpreende, éramos filhos da Vitória”

    Correção gramatical ok, sentido muda.

          “E isso não surpreende, pois éramos filhos da Vitória.” (Possui mesmo sentido da 1º frase).

  • acabei errando, porque achei que o travessão somente poderia ser substituído por dois pontos ..

  • GABARITO PRELIMINAR: A

    GABARITO PRETENDIDO: ANULAÇÃO

    FUNDAMENTAÇÃO:

    Na oração “Desse desconhecimento da vida surgiu uma coragem”, a forma verbal “surgiu” é transitiva indireta, tendo como sujeito “uma coragem”. O complemento indireto do verbo é “desse desconhecimento da vida” e está deslocado à esquerda, configurando uma ordem não canônica de organização sintática do português, chamada também de ordem inversa. Segundo a gramática de Luiz Antonio Sacconi (p. 418 – 29ª edição), a vírgula pode ser utilizada para separar termos deslocados de sua posição normal na oração. Como exemplo, Sacconi traz a oração “De mim, elas gostam?”.

    Fonte: Estratégia Concursos

  • Eu marquei letra A por ser a mais óbvia. SHIKASHI, eu acho que a letra B está correta tmb

  • Travessão pode ser substituido por virgulas.

    Fica a dica.

  • NA LETRA "E" A VÍRGULA NÃO É SUBSTITUÍVEL POR TRAVESSÃO PORQUE A VÍRGULA QUE ANTECEDE A ORAÇÃO DESLOCADA ESTÁ FUNCIONANDO EM CONJUNTO COM A VÍRGULA DEPOIS DE "MÃE". OU TROCA AS DUAS OU NÃO TROCA NENHUMA. AGORA SE AS VÍRGULAS NÃO FOSSEM INTERLIGADAS PODERIA TROCAR SÓ UMA DAS DUAS POR TRAVESSÃO!

  • Sobre a polêmica letra B:

    Outro ponto importante: se o complemento vier deslocado da sua posição original, será possível a separação por vírgula (normalmente por motivo de clareza) (grifo meu): “Toda aquela explicação do professor sobre vírgula, entenderam os alunos.” /

    “De explicações detalhadas sobre vírgula, precisam os alunos.” Nas duas próximas frases, a vírgula é obrigatória, pois separa um predicativo do sujeito: “Satisfeitos com a explicação, os alunos ficaram.” / “O ex-presidente Lula, de 67 anos, governou o Brasil por 8 anos.”.

    Fonte: Gramática do Prof. Fernando Pestana.

  • professora isabel vega é a melhor .

  • De acordo com o gabarito da professora Rafaela, do curso estratégia, eu tinha errado, pois ela disse que seria a letra B, mas com o gabarito da banca, eu acertei. Vamos ver se a banca vai querer anular. Pelos comentários que vi aqui ela vai ter argumento suficiente para sustenar a alternativa dela, creio que não será anulado não.

  • Sobre a letra A e E, troca de virgulas por travessão e vice versa. Na letra A não vejo impedimento, coincidem. Ele pode ser usado para indicar discurso direto, enfatizar trechos e nesse caso explicativo.

    Já na letra E não é possivel a substituição por ser (vígulas interligadas) explicando sobre o avô "pai da minha mãe". O correto seria a substituição por travessão das vírgulas antes e depois de pai da minha mãe. Nota-se:“Em nossa família, meu avô,pai da minha mãe, morreu no front” (terceiro parágrafo). O avô morreu.

    Referente ao POIS:

    Início de frase, conjunção explicativa não pode ser separado por vígula. Estariamos separando a conjunção do sujeito. Se fosse no meio (intercalado) ou no final -> Sentido conclusivo e aí sim poderia ser separado por vígulas. Tenho anotado em meus resumos de alguma aula do Elias Santana: Gran cursos.

  • Essa professora é fora do comum!

  • a primeira certa nem precisa ler as outras, só faz confundir kkkkk

  • Queria o cérebro da professora.

  • 1 travessão = 1 vírgula.

    2 travessões = 2 vírgulas.

    inverte a ordem para ter a mesma resposta.

    Gabarito A.

    exemplo lúdico para ajudar...

  • GABARITO LETRA A

    A) o travessão fosse substituído por vírgula, em “E isso não surpreende éramos filhos da Vitória” (segundo parágrafo).

    • Sim, Posso substituir, ambos estariam exercendo uma explicacao. (Podendo até colocar uma conjunção "pois" ali.)

    B) fosse inserida uma vírgula após “vida”, em “Desse desconhecimento da vida surgiu uma coragem” (sétimo parágrafo).

    • Não posso separar verbo (surgiu) do seu complemento (desse conhecimento da vida)

    C) fosse inserida uma vírgula após “Pois”, em “Pois a intuição do caminho existe” (sétimo parágrafo).

    • Não posso fazer isso, já que o "pois" é uma conjunção e não se separa conjunção de sujeito.

    D) fosse inserida uma vírgula após “infância”, em “A vila de minha infância depois da guerra era feminina” (quinto parágrafo).

    • Até poderia, mas seria necessário colocar outra vírgula após "guerra" pra isolar o adjunto adverbial.

    E) a vírgula logo após “mãe” fosse substituída por travessão, em “Em nossa família, meu avô, pai da minha mãe, morreu no front” (terceiro parágrafo)

    • Até poderia haver essa substituição, desde que fossem colocados dois travessões: um após isolando o aposto explicativo "pai da minha mãe".
  • VÍRGULA PROIBIDA

    I) SUJEITO e o seu verbo

    Eles , amam a praia. (errado)

    II) VERBO e seu complemento.

    Maria precisa, de ajuda. (errado)

    Desse desconhecimento, surgiu uma coragem (errada, "surgiu" pede complemento nesse caso)

    III) SUBSTANTIVO e seu complemento nominal ou adjunto adnominal.

    Comprou mesa , de madeira. (errado)

    IV) Para “POIS” explicativo (antes do verbo):

    Aceitamos as condições precárias de trabalho, pois, precisávamos do dinheiro. (errado)

    b) Repare que a ordem direta é: uma coragem surgiu desse desconhecimento da vida

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  • a) O travessão pode ser substituído pela vírgula em trechos explicativos.

    b) Estaria separado verbo do complemento indireto (surge de alguma coisa)

    Aqui temos uma polêmica, a regra é: nunca se separa o complemento do verbo, porém para alguns gramáticos, quando o complemento vier no início da oração é facultativo o uso da vírgula separando o verbo do complemento.

    c) A conjunção explicativa “pois” está na ordem direta, não a necessidade de vírgula.

    Outra polêmica, o "pois" como conjunção explicativa pode ser facultativamente isolado por vírgula.

    d) Estaria separando verbo do sujeito.

    e) As duas vírgulas deveriam ser substituídas por travessões.