SóProvas


ID
5224513
Banca
GS Assessoria e Concursos
Órgão
Prefeitura de União do Oeste - SC
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO

O texto abaixo servirá de base para responder a questão.


A IDEALIZAÇÃO DO AMOR

(1º§) Eu estava a pensar na forma como se poderá entender o amor, à luz da minha formação. A minha perspectiva depende daquilo que o outro representa, se o outro é um prolongamento nosso, é uma parte nossa, como acontece muitas vezes, ou é uma idealização do eu de que falaria o Freud. No sentido psicanalítico, poder-se-ia dizer que o amor corresponde ao EU IDEAL e, portanto, à procura de qualquer coisa de ideal que nós colocamos através de um mecanismo de identificação projetiva no outro.

(2º§) Portanto, à luz de uma perspectiva científica, como é apesar de tudo a psicanalítica, o problema começa a pôr-se de uma forma um bocado diferente. Nesse sentido e na medida em que o objeto amado é sempre idealizado e nunca é um objetivo real, a gente, de fato, nunca se está a relacionar com pessoas reais, estamos sempre a relacionarmo-nos com pessoas ideias e com fantasmas.

(3º§) A gente vive, de fato, num mundo de fantasmas: os amigos são fantasmas que têm para nós determinada configuração, ou os pais, ou os filhos, etc. Portanto, devemos refletir sobre este fantasmagórico mundo em que vimos. (...)

(4º§) O amor é uma coisa que tem que ver de tal forma com todo um mundo de fantasmas, com todo um mundo irreal, com todo um mundo inventado que nós carregamos conosco desde a infância, que até poderá haver, eventualmente, amor sem objeto. Reflitamos, entendamos, procuremos conviver com os fantasmas que nos cercam na vastidão do mundo.

(5º§) O amor não será, assim, necessariamente, uma luta corpo a corpo, ou uma luta corporal, mas pode ter que ver realmente com outras coisas, uma idealização, um desejo de encontrar qualquer coisa de perdido, nosso, que é normalmente isso que se passa, no amor neurótico, ou mesmo não neurótico. Quer dizer, é a procura de encontrarmos qualquer coisa que a nós nos falta e que tentamos encontrar no outro e nesse caso tem muito mais que ver conosco do que com a outra pessoa. Normalmente, isso passa-se assim e também não vejo que seja mau que, de fato, se passe assim.

(António Lobo Antunes, in Diário Popular - 2019)

Marque o que não se comprova dentre os componentes textuais.

Alternativas
Comentários
  • A. Dentre os componentes linguísticos do trecho:

    "nunca se está a relacionar com pessoas reais"

    - temos exemplo de: Nunca: advérbio de negação, se: monossílabos, Relacionar: verbo na forma nominal do infinitivo, Relacioinar com pessoas: concordância de substantivo com adjetivo. Correta!

    B O período:

    "Portanto, nós devemos refletir sobre este fantasmagórico mundo em que nós vivemos". - está construído com exemplos de sujeitos elípticos. Correta!

    C. O uso da crase da expressão:

    "à luz da minha formação" segue a mesma regra gramatical do uso da crase em: "Fui à Roma dos meus sonhos". Errada!

    "à luz da minha formação":

    Ocorre crase por se tratar de locução adv. feminina. "À luz da".

    "Fui à Roma dos meus sonhos":

    Roma está especificada, "Roma dos meus sonhos"

    Volto da Roma dos meus sonhos.

    D.Os termos: "psicanalítico", "neurótico" são polissílabos proparoxítonas. Correta!

  • Esta questão avalia conhecimentos acerca dos tópicos de ortografia, termos essenciais da oração e outros aspectos morfológicos e sintáticos. Após a leitura do texto associado temos de analisar as assertivas abaixo e apontar aquela que está incorreta.

     

    A) Dentre os componentes linguísticos do trecho: "nunca se está a relacionar com pessoas reais" - temos exemplo de: advérbio de negação, monossílabos, verbo na forma nominal do infinitivo, concordância de substantivo com adjetivo.

     

    A assertiva está correta. Na devida sequência temos: 1) Advérbio de negação (“nunca"); 2) Monossílabos (“se" e “com"); 3) Verbo na forma nominal do infinitivo (“relacionar" – verbo não conjugado); e 4) Concordância de substantivo com adjetivo (o substantivo “pessoas" está no plural para concordar com o adjetivo “reais", que também está no plural).

     

    B) O período: "Portanto, devemos refletir sobre este fantasmagórico mundo em que vivemos". - está construído com exemplos de sujeitos elípticos.

     

    A assertiva está correta. Sujeito elíptico é aquele que não aparece explicitamente, mas que pode ser identificado por alguns aspectos, como a terminação da forma conjugada no verbo. É o que acontece aqui: a forma verbal “devemos" está conjugada na 1ª pessoa do plural do presente do indicativo e sua terminação é “os". E qual é a 1ª pessoa do plural? Nós. Portanto, esse é o sujeito elíptico, identificado pela terminação da forma conjugada no verbo – “os".

     

    C) O uso da crase da expressão: "à luz da minha formação" segue a mesma regra gramatical do uso da crase em: "Fui à Roma dos meus sonhos".

     

    Esta é a assertiva incorreta. A crase só é usada em nomes de lugares se o nome do lugar pedir a presença da preposição “a". A regra é bem fácil: se fui a e voltei da, crase há; mas se fui a e voltei de, crase para quê?

    Exemplo: Se fui a uma montanha eu voltei de onde? Da montanha. Agora, no caso de Roma, eu voltei de onde? De Roma. Aqui não é exigida a preposição “a", portanto, não há crase.

     

    D) Os termos: "psicanalítico", "neurótico" são polissílabos proparoxítonas.

     

    A assertiva está correta. As palavras em questão são polissílabas (palavras formadas por mais de três sílabas) e são proparoxítonas (a sílaba tônica – mais forte – é a penúltima).

     

    Portanto, a assertiva incorreta (a que deve ser assinalada) é a alternativa C.

     

    Gabarito do professor: Letra C.