SóProvas


ID
5248951
Banca
IBFC
Órgão
IBGE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Para responder a questão, leia o fragmento do texto abaixo do romance A Metamorfose, de Franz Kafka.

    Aqueles foram bons tempos, mas que não se repetiram – ao menos, não com a mesma intensidade –, embora, de toda forma, Gregor ganhasse o suficiente para arcar sozinho com as necessidades domésticas. À medida que tudo isso foi se tornando costumeiro, a surpresa e a alegria inicial arrefeceram e, assim, Gregor entregava o dinheiro com prazer espontâneo e a família, de bom grado, recebia. Apenas a irmã permanecia mais próxima e afetuosa e, como ela, ao contrário de Gregor, era amante da música e sabia tocar violino com muita graça, ele tinha planos de enviá-la para o Conservatório no ano seguinte, sem importar-se com os gastos extras que isso acarretaria. Em conversas com a irmã, nos curtos períodos em que ficava sem viajar, sempre mencionava o projeto (que ela considerava lindo, mas impossível de se concretizar), enquanto os pais demonstravam não aprovar nem um pouco a ideia. Contudo, Gregor pensava muito seriamente nisso e pretendia anunciá-lo solenemente na noite de Natal. 

    Todos esses pensamentos, agora inúteis, fervilhavam em sua cabeça, enquanto ele escutava as conversas, colado à porta. De vez em quando o cansaço obrigava-o a desligar-se, apoiando pesadamente a cabeça na porta, mas logo recuperava a prontidão, pois sabia que qualquer ruído era ouvido na sala e fazia com que todos se calassem. “Novamente aprontando alguma coisa”, dizia o pai instantes depois, certamente olhando para a porta. Passado algum tempo, eles continuavam a trocar palavras entre si. 

    Na conversa sobre as finanças da família, o pai redundava nas explicações – seja porque há tempos não se ocupava disso, seja porque a mãe tinha dificuldades para entender –, e Gregor, com satisfação, tomou conhecimento de que, a despeito da desgraça que haviam sofrido, restava-lhes algum capital, que, se não era muito, ao menos tinha crescido nos últimos anos por conta dos rendimentos de juros acumulados. Além disso, o dinheiro que Gregor entregava (retinha apenas uma pequeníssima parte) não era gasto integralmente, e pouco a pouco ampliava o montante economizado. De onde estava, ele aprovou, com a cabeça, o procedimento, contente com a inesperada provisão feita pelo pai. Era verdade que aquele dinheiro poderia ter paulatinamente saldado a dívida que o pai tinha com seu patrão, livrando-o daquele constrangimento. Não obstante, ele julgou que pai havia procedido corretamente.

(KAFKA, Franz. A Metamorfose. Trad. Lourival Holt Albuquerque. São Paulo: Abril, 2010, p.40-41)

O pronome destacado, em “a despeito da desgraça que haviam sofrido, restava-lhes algum capital” (3º§), foi empregado em função:

Alternativas
Comentários
  •  “a despeito da desgraça que haviam sofrido, restava-lhes algum capital”

    → O verbo restar é bi transitivo, portanto rege objeto direto e indireto, resta alguma coisa a alguém (lhes), a relação é de regência verbal.

    GABARITO. A

  • Gabarito: letra A.

    “a despeito da desgraça que haviam sofrido, restava-lhes algum capital” => restava algum capital a eles.

  • Qual é o sujeito?

  • “a despeito da desgraça que haviam sofrido, restava-lhes algum capital” (3º§)

    "A respeito da desgraça que haviam sofrido ,restava para ele alguma capital "

    O lhe funciona como objeto indireto do verbo restar

    Restar verbo bitranditovo ( resta algo ,alguma capital, para alguém para ele)

  • Gabarito A, como muitos já disseram.

    Mas na minha opinião, o trecho' RESTAVA-LHES ALGUM CAPITAL', o sujeito da oração é ALGUM CAPITAL. Isto porque os verbos 'FALTAR' no sentido de 'ser indispensável', BASTAR no sentido de 'ser tanto quanto necessário' e RESTAR no sentido de 'ser indispensável' são TRANSITIVOS INDIRETOS regidos pela preposição 'A'.

    EX; FALTAVA AO GOVERNO DECIDIR O ORÇAMENTO PÚBLICO.

    BASTA-NOS CUMPRIR NOSSOS DEVERES

    Os dois casos supracitados temos um sujeito Oracional e um verbo TRANSITIVO INDIRETO.

  • Questão puramente teórica.

    É importante saber o que é a regência verbal:

    "Então, podemos entender por regência verbal a relação que o verbo estabelece com seu complemento (objeto direto ou indireto)"

    Portanto, a partir do verbo observamos a relação que ele (o regente) tem com o seu complemento (termo regido).

    "lhes" é pronome oblíquo átono que complementa verbos que rege termo indiretos, na situação, "restava". Resta a quem? portanto, usa-se "lhes" nesse tipo de situação e que, vale ressaltar, se refere a pessoas. O "lhes" não pode se referir a coisas ou objetos nem substituir objeto direto.

    Vamos a questão.

    Por essa análise, já podemos marcar a letra a, mas de qualquer modo:

      Na conversa sobre as finanças da família, o pai redundava nas explicações – seja porque há tempos não se ocupava disso, seja porque a mãe tinha dificuldades para entender –, e Gregor, com satisfação, tomou conhecimento de que, a despeito da desgraça que haviam sofrido, restava-lhes algum capital(...)

    O "lhes" retoma as pessoas da família- o pai, a mãe e Gregor. A eles restaram algum capital.

    Ademais, não pense que "restava" deveria está no singular em função do termo regido "lhes". Sempre tente colocar a frase na ordem direta para entender melhor.

    Algum capital (sujeito) restava (V.Indireto, concordando com o sujeito) -lhes (complemento indireto, referindo-se às pessoas envolvidas)

    Outro ponto é: restava é predominantemente intransitivo - isso resta! -, porém, aplica-se em alguns casos a transitividade indireta.

  • Acertei, mas fiquei numa baita dúvida se era o fato dele estar concordando com o verbo ou pq o verbo o pedia.

  •  restava-lhes algum capita

    VTDI

    OI

    OD

  • Eu só queria entender porque não podia ser adequação ao gênero do referente. :/

  • Fiquei muito em dúvida ente a "A" e a "B" e concordo que se trata de um caso de regência verbal, pois "restava-lhes" faz referência ao pai, à mãe e a Gregor, mas o pronome oblíquo átono "lhes" trata-se de um complemento do verbo restava.

  • Enquanto a Regência ocupa-se de ligar os termos a Concordância estabelece a relação gramatical entre os termos.
  • Lhes = objeto indireto (sempre!)