SóProvas


ID
5251549
Banca
VUNESP
Órgão
PM-SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto, para responder à questão.


    É conceito da moda. Usam em encontros motivadores. Na Física, é a volta à forma original após uma deformação. O termo se origina da capacidade de ricochetear, de saltar novamente. Por extensão, usamos para falar de quem sofre pressão e consegue manter seus objetivos.
    Uma pessoa resiliente ideal teria três camadas. Na primeira, suporta: recebe o golpe sem desabar. Ouve a crítica e não “desaba”, vive a frustração sem descontrole, experiencia a dor e continua de pé. A primeira etapa da resiliência é administrar o golpe, o revés, o erro, a decepção. O tipo ideal que estamos tratando sabe a extensão da dor, mas se considera (ou é de fato) mais forte do que as ondas das adversidades.
     O segundo estágio é a recuperação/aprendizagem. Combinam-se os dois conceitos. Sinto o golpe, não desmonto (fase um) e ainda recupero a posição anterior ao golpe com o acréscimo de algo novo. Toda dor contém sua lição. Ninguém duvida disso. O resiliente consegue aprender com o golpe sentido.
   O terceiro momento do modelo perfeito é a ressignificação da estratégia e da consciência a partir do aprendizado. O tipo aqui descrito nunca se vitimiza, mesmo se for a vítima. Não existe lamúria ou sofrimento para o mundo. A dor existe, foi sentida, houve reação com aprendizado e dele surgiu um novo ser, mais forte e mais sábio.
    É bom descrever tipos perfeitos. Quase sempre são inexistentes. São como a biografia de santos medievais: sem falha, diamantes sem jaça; modelos e, como tal, inatingíveis. Existe um propósito didático de mostrar a perfeição para nós que chafurdamos no lodo da existência banal. Todos temos graus variados de resiliência diante da vida. Ninguém é o tipo ideal. Uma coisa não invalida a outra.
    Como narrativa de santos, o modelo perfeito serve como para indicar o ponto no qual não me encontro, porém devo reagir para almejá-lo. Sempre é bom ser resiliente e todos os palestrantes e livros têm razão: sem resiliência em algum grau, épico ou homeopático, é impossível enfrentar o mundo.
    O conto extraordinário de Kafka, Um Artista da Fome, fala de um homem com extrema resiliência para aguentar jejuns prolongados. Era um herói! Ao final, emitiu a verdade surpreendente. Ele não era um homem de vontade férrea, apenas nunca havia encontrado um prato que… o seduzisse realmente. Seu paladar nunca fora tentado. Creio ser a receita geral da resiliência: a serenidade diante das coisas que, na verdade, não nos atingiram. Esperança ajuda sempre.

(Leandro Karnal. Os heróis da resiliência. Disponível em:

https://cultura.estadao.com.br. Acesso em 20.01.2021. Adaptado)

Observe o emprego dos parênteses e dos dois-pontos nas passagens.
O tipo ideal que estamos tratando sabe a extensão da dor, mas se considera (ou é de fato) mais forte do que as ondas das adversidades.
Sempre é bom ser resiliente e todos os palestrantes e livros têm razão: sem resiliência em algum grau, épico ou homeopático, é impossível enfrentar o mundo.
É correto afirmar que

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: D

    "os parênteses isolam um comentário que se põe como alternativa a uma afirmação anterior; os dois-pontos introduzem um comentário que reforça a afirmação anterior."

    Vamos lá:

    "O tipo ideal que estamos tratando sabe a extensão da dor, mas se considera (ou é de fato) mais forte do que as ondas das adversidades."

    → Veja que aqui o autor dá uma alternativa, como dois caminhos que a pessoa pode seguir. O é aquele em que a pessoa se considera, acha que é mais forte do que as ondas das adversidades OU, indo ao caminho, ela de fato é mais forte.

    .

    "(...) todos os palestrantes e livros têm razão: sem resiliência em algum grau, épico ou homeopático, é impossível enfrentar o mundo."

    → Aqui temos um comentário que reforça a afirmação anterior do autor.

    Imagine que o autor te diga: "Os livros têm razão". Você logo dirá: "Certo, mas eles têm razão DO QUÊ?". O autor, por sua vez, lhe explicará: "Minha filha, eles tem razão PORQUE dizem que sem resiliência é impossível enfrentar o mundo..."

    → Veja que o autor disse e, para você entender melhor, ele ainda explicou, reforçou o que tinha dito antes."

    .

    Você poderia ficar em dúvida entre a A e a E. Estas alternativas trazem palavras estranhas às que utilizamos no cotiano, a saber:

    a) Os parênteses isolam um comentário que reitera uma afirmação anterior; os dois- pontos introduzem um comentário que retifica uma afirmação anterior. → Retificar: Corrigir (O presidente retificou o que disse)

    Errado. O autor, ao empregar os dois-pontos, não está retificando, corrigindo nada. Está explicando, reforçando o que disse anteriormente.

    .

    e) Tanto os parênteses quanto os dois-pontos introduzem comentários que ratificam o sentido das afirmações anteriores. → Ratificar: Confirmar (O ministro estava em dúvida, mas mesmo assim ratificou sua decisão).

    → Errado. Pessoal, os parênteses não confirmam nada, eles dão uma alternativa: isso ou aquilo.

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • Ou de fato - alternativa

  • e tem como errar a mesma questão duas vezes ? sim, eu consegui!

  • Retificar - Corrigir

    Ratificar - Confirmar

  • O comentário parentético estabelece uma alternativa: ou ele se considera, ou ele de fato é. Não se trata de uma mera reiteração (repetição) ou ratificação (confirmação). Já os dois pontos introduzem comentário explicativo que reforça a afirmação feita antes desse sinal de pontuação.