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ID
5302378
Banca
COMPERVE
Órgão
UFRN
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Para responder à questão desta prova, considere o texto abaixo.

Das vezes em que fomos embora
Ana Clara Dantas
Fui embora poucas vezes na vida. A mais dramática foi mesmo quando saí de casa. Não houve briga ou desentendimento. Eu apenas senti que não cabia mais numa cidade pequena. Vim de Caicó para Natal, onde ainda estou e não tenho vontade de sair. Geograficamente falando, minha maior partida. Pessoalmente, o encontro com o meu lugar no mundo.
Hoje estou mais sujeita a partidas alheias. Amigos que vão pro Rio, São Paulo, Santa Catarina, Japão. E, a cada ida, a cidade fica maior, pois o que é físico torna-se coisa de poeta: saudade. E, pra quem não sabe versar sobre ela, resta uma lágrima envergonhada.
Penso que ir embora é ter certeza de que pessoas, sentimentos e até objetos ocupam espaço. Porque até você sair de vez, seja de onde for, tudo é banal. Um almoço com os pais, uma saída com os amigos e a saudade besta do que se tem ao alcance. Depois, é saber que nada disso cabe na mala ou num feriadão.
Sorte que a gente se espalha e a vida cuida de preencher os espaços. Já nem sei o quanto de vida cabe em um dia, em um mês, e neste ano que tanto nos tirou. Nos arrancou convívio, saúde, dinheiro, sossego, gente. E nos devolveu tudo em espanto a cada reencontro encabulado. Vejo o que o tempo fez em cada um desde que fomos embora, saímos, deixamos alguém. Estamos mesmo correndo.
Meio quilo de palavras ditas aos que me fazem tanta falta é tudo o que preciso. Quem dera elas viessem assim, no peso. Ou sob encomenda. Talvez até por aplicativo. No entanto, as palavras fogem. Pior, se amontoam e nada falam a ninguém, apesar do barulho. Limito-me a dizer, então, que tenho saudades imensas.
E saudades precisam ser ditas. Mais, precisam ser ouvidas. E isso há de caber até na bagagem de mão.

Disponível em: https://www.saibamais.jor.br/das-vezes-em-que-fomos-embora/. Acesso em: 3 mar. 2021. [Adaptado] 

Para responder à questão, considere o parágrafo transcrito abaixo.

Meio quilo de palavras ditas aos que me fazem tanta falta é tudo o que preciso. Quem dera elas viessem assim, no peso. Ou sob encomenda. Talvez até por aplicativo. No entanto, as palavras fogem. Pior, se amontoam e nada falam a ninguém, apesar do barulho. Limito-me a dizer, então, que tenho saudades imensas.

A estratégia coesiva utilizada para interligar os dois primeiros períodos do parágrafo é a

Alternativas
Comentários
  • Não entendi. Alguém me ajuda!

  • Gabarito na alternativa A

    "Meio quilo de palavras ditas aos que me fazem tanta falta é tudo o que preciso. Quem dera elas viessem assim, no peso."

    O autor utiliza como ferramenta de coesão referencial a substituição do substantivo "palavras" pela forma pronominal reta de segunda pessoa "elas", evitando a repetição e dando sequencia à construção da passagem.

  • kkkkkk... tá difícil assim!

  • pra mim caberia elipse tb...

  • Meio quilo de palavras ditas aos que me fazem tanta falta é tudo o que preciso. Quem dera elas (palavras) viessem assim, no peso.

    Substituição.

    Só não entendi o porquê da letra D não está correta

  • Eu acho que só seria elipse se estivesse escrito "quem dera viessem assim".

  • Pq a letra D não está correta?

  • Está errada a palavra destacada(então). A correta é "elas".

  • Acredito que a explicação por não ser a alternativa D como resposta é que a elipse é uma figura de linguagem caracterizada pela omissão de um termo no enunciado; entretanto, esse termo pode ser subentendido pelo contexto. 

    No caso da questão, não ocorre uma omissão e sim uma substituição do termo "palavras" pelo pronome "elas" no segundo período.

    Resposta: A (substituição)