SóProvas


ID
5329246
Banca
CEV-URCA
Órgão
Prefeitura de Crato - CE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

LEIA ATENTAMENTE O TEXTO A SEGUIR E RESPONDA À QUESTÃO QUE SE SEGUE:


     PROMETERAM PROTEGER SUA PRIVACIDADE. AGORA VAZARAM SUAS INFORMAÇÕES. Temer e Bolsonaro te obrigaram a ceder suas informações para bancos e corretoras de dados. Mesmo que você saia, já está tudo à venda.


    Se você é brasileiro e tem um CPF, provavelmente seus dados pessoais estão à venda em fóruns na deep web para qualquer um que tenha bitcoins suficientes para comprá-los. Tem de tudo: informações de trabalho, salário, histórico de pagamentos, fotos, perfil em redes sociais, perfil de consumidor e mais um monte de coisas.

    No maior vazamento de dados que se tem notícia por aqui, alguém teve acesso a uma base de dados de 222 milhões de brasileiros (incluindo mortos) e está ganhando dinheiro com a venda dessas informações. Elas incluem, além do que mencionei, também dados comportamentais das pessoas, classificadas em perfis que vão de "consumidores indisciplinados "a " aposentadoria dos sonhos". Essas categorias são criadas pelo serviço Mosaic, da Serasa Experian, que faz a segmentação do público para fins de marketing. É por isso que se suspeita que tenha sido a empresa a origem do vazamento - ou de pelo menos parte dele. Ela nega.

    Questionada, a Serasa me mandou a mesma nota protocolar que enviou a outros veículos: "conduzimos uma extensa investigação e neste momento nenhum dos dados que analisamos indicam que a Serasa seja a fonte. Muitos dos dados analisados incluem elementos que não temos em nosso sistema e os dados atribuídos à Serasa não correspondem aos dados em nossos arquivos".

    Ok. A minha pergunta, no entanto, não foi respondida: a base de dados inclui a classificação comportamental do serviço Mosaic, oferecido pela Serasa. Ainda assim, a Serasa nega que tenha sido a fonte. Que outras empresas e serviços, então, têm acesso à base de dados da Serasa? A Serasa comercializa ou cede essa base para terceiros?

    A Serasa respondeu outra coisa: afirmou que não há correspondência entre as pastas na web e os campos de seus bancos de dados e que a base vazada inclui elementos que não estão em seu sistema. Mais tarde, enviou uma terceira nota afirmando que o vazamento ter tido como fonte a Serasa é "infundada". A minha pergunta sobre quem teve acesso às informações do Mosaic não foi respondida.

    Enquanto espero, vou contar como a gigante do crédito conseguiu acumular todas as informações possíveis sobre todos os brasileiros e transformar isso em um império de dados, com um apoio generoso dos governos Temer e Bolsonaro. Essa ajuda tem um nome: Cadastro Positivo.

    A Serasa Experian é uma das empresas que operam como data brokers - vendedores de dados - cujo modelo de negócio se baseia na coleta, análise e venda de informações sobre as pessoas. Você certamente a conhece por causa do cadastro negativo, aquele em que somos colocados se não pagarmos uma conta. Mas provavelmente não sabe que ela conhece muito mais segredos sobre você além dos seus boletos atrasados. Com diferentes bases de dados de diferentes fontes, cruzadas, a Serasa consegue fazer análises de crédito, de perfis de consumidores e traçar estratégias para expandir negócios de empresas. No ano final de 2020, a empresa foi investigada por colocar à venda um mailing com dados de 150 milhões de brasileiros. Cada pessoa custava R$ 0,98 na lista, que poderia ser personalizada com dados como localização, perfil financeiro, poder aquisitivo e classe social dos contatos à venda.

    Desde 2019, o volume de informações que a Serasa e outros data brokers coletam saltou consideravelmente. Com a aprovação das mudanças no Cadastro Positivo, todos nós fomos obrigados a entrar no enorme catálogo de brasileiros que visa mostrar aos bancos e outros operadores de crédito quem são os bons - e os maus - pagadores do país. O Cadastro Positivo foi criado em 2011 por Dilma Rousseff - mas, na época, ele era no sistema opt in. Se você costumava ter as contas em dia, podia pedir para entrar, concordava em ceder seus dados bancários e de transações financeiras e isso, em tese, facilitaria o seu acesso a crédito (como se o superendividamento não fosse um problema no Brasil, mas essa é outra história). Mas o Cadastro Positivo voluntário teve pouca adesão (por que será?).

    Em 2017, no entanto, um projeto de lei do Senado propôs mudar esse sistema: ele tornaria o cadastro compulsório ? todos os brasileiros com CPF seriam automaticamente incluídos nele. Quem quisesse, precisaria pedir para sair. O projeto foi apoiado ostensivamente pelo governo Temer e pelos bancos, que argumentavam que ele ajudaria a reduzir os juros e facilitar o acesso a crédito. Na época de sua tramitação, o projeto já levantava críticas por concentrar muitos dados nas mãos de poucas empresas, os chamados birôs de crédito (o Serasa e o SPC estão entre eles) e por oferecer riscos potenciais à privacidade dos consumidores.

(FONTE: The Intercept Brasil. Texto de Tatiana Dias. Disponível em < https://theintercept.com/2021/01/28/ prometeram-proteger-privacidade-informacoes-vazadas/>)

No trecho "todos nós fomos obrigados a entrar no enorme catálogo de brasileiros que visa mostrar aos bancos e outros operadores de crédito quem são os bons - e os maus - pagadores do país", se trocarmos o termo destacado por desobrigados:

Alternativas
Comentários
  • CUIDADO

    A questão não possui gabarito

    Solicita-se indicação da modificação necessária para tornar correta a construção diante da modificação do termo "obrigados" por "desobrigados". A passagem original está transcrita abaixo.

    "Com a aprovação das mudanças no Cadastro Positivo, todos nós fomos obrigados a entrar no enorme catálogo de brasileiros que visa mostrar aos bancos e outros operadores de crédito quem são os bons - e os maus - pagadores do país."

    É importante, antes de analisar as assertivas, fazer análise da natureza do termo que deve ser substituído.

    A passagem em comento é composta por voz passiva analítica, sendo o termo "obrigados" forma verbal de particípio compondo locução verbal de voz passiva. O sujeito da voz ativa/agente da passiva pode ser retomado por meio do adjunto adverbial que antecede a construção.

    "A aprovação das mudanças no Cadastro Positivo obrigou todos nós a entrar no enorme catálogo..."

    Importante lembrar que, sempre que o particípio for parte de locução verbal, deverá ser classificado como forma verbal, não como adjetivo, classificação empregada quando assumir função predicativa, ligado a verbo copulativo.

    "Pedro foi obrigado a tomar banho." - Locução verbal de voz passiva, forma verbal.

    "Pedro estava obrigado por tamanha gentileza." - Predicativo do sujeito introduzido por verbo copulativo, adjetivo.

    Sabendo que presente termo possui natureza verbal, pode-se fazer a substituição, respeitada a mudança de regência, e analisar as assertivas abaixo transcritas:

    "Com a aprovação das mudanças no Cadastro Positivo, todos nós fomos desobrigados de entrar..."

    O verbo "obrigado" rege a preposição "a", enquanto o verbo "desobrigado" rege a preposição "de".

    A) teremos que modificar a regência do complemento nominal, empregando a preposição "por".

    Incorreta. O termo é verbo e rege objeto indireto.

    B) teremos que modificar a regência do complemento verbal, empregando a preposição "em".

    Incorreta. A preposição "de" deve ser empregada.

    C) teremos que modificar a regência do complemento verbal, empregando a preposição "sob".

    Incorreta. A preposição "de" deve ser empregada.

    D) teremos que modificar a regência do complemento nominal, empregando a preposição "de".

    Incorreta. O termo é verbo e rege objeto indireto.

    E) teremos que modificar a regência do complemento verbal, empregando a preposição "por".

    Incorreta. A preposição "de" deve ser empregada.

    Gabarito da banca na alternativa D

    Gabarito correto ausente

  • Substituí o desobrigados por poupados e logo pensei:

    Quem é obrigado - É obrigado a...

    Fomos obrigados a...

    Quem é poupado - É poupado de...

    Fomos desobrigados de...

    Gabarito: D

  • Oxxiii que estatística louca! Hahahaha

  • A questão requer conhecimento acerca das funções sintáticas e da regência verbal e nominal.

    Em “todos nós fomos obrigados", há uma locução verbal composta do verbo auxiliar “ser" - conjugado no pretérito perfeito do indicativo - + o verbo principal “obrigados" no particípio. O vocábulo “obrigados" não é adjetivo, visto que não aponta uma característica do substantivo, mas indica uma ação praticada por alguém. Por essa razão, o vocábulo “obrigados" é classificado como verbo particípio.

    Diante disso, o complemento será verbal, e não nominal, haja vista estar completando o sentido do verbo principal, mesmo trocando obrigados por desobrigados. Porém, a regência dos verbos muda, pois o verbo obrigar, no sentido de “forçar", “impor" é bitransitivo, tendo seu objeto indireto regido pela preposição a, já o verbo desobrigar é bitransitivo, tendo seu objeto indireto regido pela preposição de (Quem desobriga, desobriga alguém de alguma coisa).

    A resposta correta seria: teremos que modificar a regência do complemento verbal, empregando a preposição "de".  

     

    Gabarito da Banca: Letra A.

    Gabarito da Professora: A questão deve ser anulada por não conter nenhuma resposta correta. Não há gabarito.

  • ATENÇÃO! CUIDADO!

    Em “todos nós fomos obrigados", há uma locução verbal composta do verbo auxiliar “ser" - conjugado no pretérito perfeito do indicativo + o verbo principal “obrigados" no particípio. O vocábulo “obrigados" não é adjetivo, visto que não aponta uma característica do substantivo, mas indica uma ação praticada por alguém. Por essa razão, o vocábulo “obrigados" é classificado como verbo particípio.

    O complemento será verbal, e não nominal, haja vista estar completando o sentido do verbo principal, mesmo trocando obrigados por desobrigadosPorém, a regência dos verbos muda, pois o verbo obrigar, no sentido de “forçar", “impor" é bitransitivo, tendo seu objeto indireto regido pela preposição a, já o verbo desobrigar é bitransitivo, tendo seu objeto indireto regido pela preposição de (Quem desobriga, desobriga alguém de alguma coisa).

    A resposta correta seria: teremos que modificar a regência do complemento verbal, empregando a preposição "de". 

     

    A questão deveria ser anulada, pois não contém nenhuma resposta correta em seu gabarito!