SóProvas


ID
5345017
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Guarulhos - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Achados e perdidos


    Generalizando, e dando ao caso um toque emocional de exagero, levo metade do dia a procurar o que se extraviou na véspera.

    Não, não tentem ajudar-me, oh bem-amadas, pois não se trata de joias e, se por acaso eu as houvesse herdado, não teriam para mim outro valor senão o de empenhá-las pouco a pouco.

    O que eu perco são coisas imponderáveis, suspiros não, mas pensamentos, se assim posso chamar o que às vezes me borboleteia na cuca e que procuro transfixar no papel, antes que um súbito buzinar ou britadeira as mate de nascença.

    E, enquanto procuro traçá-las a lápis no papel, pois graças a Deus não pertenço intelectualmente à era mecânica, às vezes me parece que, por exemplo, um manuscrito me saiu um garrancho, ou, antes, um gancho, que faz pender a linha destas escrituras e por conseguinte a linha do pensamento.

    Estão vendo? De que era mesmo que eu estava falando? Ah! era dos papeis escritos, extraviados, esquecidos.     

    Quem sabe lá como seriam bons!

    Quanto a este, que tive o cuidado de não perder, o melhor será colocar-lhe no fim os três pontinhos das reticências...

    Ninguém sabe ao certo o que querem dizer reticências.

    Em todo caso, desconfio muito que esses três pontinhos misteriosos foram a maior conquista do pensamento ocidental...


(Mario Quintana, A vaca e o hipogrifo.)

Assinale a alternativa que substitui, correta e respectivamente, os trechos destacados na passagem – Quanto a este, que tive o cuidado de não perder, o melhor será colocar-lhe no fim os três pontinhos das reticências... (7º parágrafo)

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: D

    Quanto a este, QUE tive o cuidado de não perder... → O qual

     ➥ Pessoal, observem que aqui não há preposição, pois nenhum verbo a pede. Devemos substituir por um pronome relativo que concorde com "este", que se refere ao papel. O único, dentre as assertivas, que faz esta concordância é "o qual" → "Quanto a este (papel), o qual tive o cuidado de não perder...".

    "o melhor será COLOCAR-LHE NO FIM os três pontinhos das reticências..." → Colocar no fim dele.

     ➥ Colocar no fim DE alguma coisa. Como nos referimos ao papel (colocar as reticências no fim do papel), o correto é dizer: "colocar no fim dele"

    .

    Erro das demais:

    a) cujo … colocar ele no fim → Errado.

    1. Não podemos empregar o cujo na primeira frase, pois não há sentido de posse x possuidor como em: "Esta é a filha (possuído), cujo pai (possuidor) foi um grande inventor".
    2. Além de não podermos empregar um pronome oblíquo átono (ele) como objeto direto, esta segunda substituição é incorreta, pois altera o sentido da frase. Não vamos colocar o papel no fim, vamos colocar as reticências no fim do papel, de acordo com o texto.

    b) onde … colocar o fim nele → Errado.

    1. O pronome relativo "onde" só pode ser empregado se estivermos nos referindo a um lugar físico (para provas de concurso): "Esta é a casa onde vivi durante 30 anos". Como não há lugar físico no trecho, não o empregamos. A mesma coisa vale para o aonde. (lembrando que aqui há a preposição a + o pronome relativo onde).
    2. A segunda substituição é incorreta, pois altera o sentido da frase. Não vamos colocar o fim no papel rsrs.

    c) qual … colocar a ele no fim → Errado. Faltou o artigo "o" para concordar com "o" papel". Além disso, o sentido foi alterado.

    e) aonde … o colocar no fim → Errado. Leia a B. Além disso, o sentido foi alterado (leia a A).

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • CUIDADO

     A questão necessita esclarecimento mais profundo do que o disponível. Não se limitem aos comentários que apenas justificam os gabaritos, propalando lições genéricas e mnemônicos desnecessários; entendam o que e como está acontecendo; a língua é exponencialmente mais simples quando entendida, e não quando decorada.

    ---

     A banca solicita julgamento das propostas de substituição para os termos demarcados na passagem:

    "Quanto a este, que tive o cuidado de não perder, o melhor será colocar-lhe no fim os três pontinhos das reticências..."

    O primeiro termo é pronome relativo, introduz na construção oração subordinada adjetiva explicativa, regido pelo verbo transitivo direto "perder".

    A dúvida pode surgir quanto à função do oblíquo "lhe" na segunda passagem grafada. Ainda que em um primeiro momento o aluno possa pensar em classificá-lo como complemento indireto do verbo, referido termo é adjunto adnominal do substantivo "fim"- "no fim dele".

    Percebam que o termo "lhe" é empregado com sentido possessivo, quase como se morfologicamente possessivo fosse, indo para junto do verbo por motivo de eufonia.

    Importante é que o aluno perceba que qualquer proposta que relacione o termo com o verbo, e não com o substantivo, é prontamente incorreta.

    Gabarito na alternativa D

  • Quereria (hum... "quereria", vai vendo... rsrs) saber como esses "proféssors" de sites de concursos aprendem. O cara aprende meia dúzia de regra e começa com essa chatice: "Ah! Cuidado! Oh! Informações erradas! Isso e aquilo... a cabeça da linguiça..." véios, a pessoa com o mínimo senso crítico, procurará outras referências. Isso não é ajudar, chama-se pedância e alimentar o ego. Man's, parem com essa bobagem. O aprendizado é cumulativo, ninguém sabe de tudo, a humildade é base do ser, morreremos e não saberemos de tudo.

    Responda-me, para que serve o site? Para divulgar informações e testá-las, afinal, a proposta é essa. Os alunos pagam um quantia por mês para testarem as alternativas que (as quais) só servem para ERRAR e propalar conhecimento rsrs, sejam eles errados ou não! É algo bem simples de compreender.

    Conhecimento? Perguntarão... Cara, Claro! Do erro vem o aprendizado! É óbvio, mas na cabeça dessa gente não é assim que funciona... enfim.

    Destaquei o "que", pois, poderia substituir pelas "as quais", sacaram? Nota-se que neste contexto da Vunesp, neste tipo de ora., cobra-se mais desse jeito, não é regra, mas na maioria das vezes cai desse jeito.

    Qualquer erro, "me avise", proféssor! kkkk.

  • Não é o caso da questão, mas, acho valido estudar o cujo

    "CUJO" E "QUEM", CRASE NÃO TEM !!!!!!

        nunca troque seu cujo por nada !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Possuidor CUJO coisa possuída → cujo tem que vir imediatamente após o termo que substitui e tem que trazer sentido de posse. 

    CUIDADO ! O "CUJO" NÃO PODE SER SUBSTITUÍDO PELOS DEMAIS PRONOMES RELATIVOS !

    Trocar "que" por "cujo" = OK !

    Trocar "cujo" por "que" = PROIBIDO ! 

    Filtro do cujo:  

    - oração subordinada adjetiva; 

    - ideia de posse; 

    - não se admite artigo depois; 

    - estabelece concordância com o consequente; e

    - tem de haver nome antes e depois.

  • Cujo (a) (s):

    * Indica posse e sempre vem entre dois substantivos, possuidor e possuído;

    Não pode ser seguido nem precedido de artigo, mas pode ser antecedido por uma preposição; (Para lembrar: nada de cujo o, cuja a, cujo os, cuja as.. );

    * NÃO pode ser diretamente substituído por outro pronome relativo;

    Ex: Vi o rapaz a cujas pernas você se referiu(esse a antecedido de cujas é preposição que o verbo referir-se pede, por isso está correto)

    Tem função de adjunto adnominal em 99% dos casos, porque indica posse.

  • Acerto. Aí IVAN LUCAS..

    taes aí pra menosprezar o comentário dos outros, ou para acrescentar alguma coisa..

  • Que (depois da vírgula no contexto dá pra substituir pelo prenome relativo o qual)

    colocar-lhe no fim ( lhe objeto indireto substitiu pela preposição de + ele = dele ficando colocar no fim dele)

  • Quanto a este o quê? O papel . "O papel tive o cuidado de não perder, o melhor será colocar no fim dele os três pontinhos das reticências..."

    Testando na frase:

    O papel cujo tive cuidado? Não.

    O papel onde tive o cuidado? ►Pode ser! rs. Sei que na linguagem coloquial empregamos em lugares esdrúxulos; funambulescos; estrambólicos; esquipáticos; cerebrinos; heteróclitos. ►Ficar ligado aos sinônimos!

    O papel qual tive cuidado? Não.

    O papel aonde tive cuidado? Não. A/Onde só para lugares. Tirem a ideia de estaticidade e movimentação do coração! Analisem a regência.

  • A questão requer conhecimento sobre o emprego dos pronomes relativos.

    “Quanto a este, que tive o cuidado de não perder, o melhor será colocar-lhe no fim os três pontinhos das reticências..." (7º parágrafo).
     

    O vocábulo “que" é pronome relativo referindo-se ao substantivo anterior “papel", que está elíptico. Emprega-se pronome relativo a fim de evitar a repetição do substantivo anterior.
     

    Dica!!! Quando a palavra “que" puder ser substituída pelos pronomes “o qual (e flexões", será pronome relativo.

     

    O vocábulo “lhe" é pronome pessoal oblíquo átono e, sintaticamente, exerce a função de adjunto adnominal porque indica posse. “Colocar-lhe no fim" significa colocar os três pontinhos das reticências no fim do papel, ou seja, o fim é do papel, este é o possuidor.
     

    Alternativa (A) incorreta - O “que" não pode ser substituído pelo pronome relativo “cujo" porque não há ideia de posse. Só se usa “cujo" para dar ideia de posse.


    Em “colocar ele no fim" está errado porque os pronomes pessoais retos não podem ser complementos verbais.


    Alternativa (B) incorreta - Só se usa o pronome relativo “onde/ aonde /donde" para se referir a substantivos locativos, ou seja, a lugares.


    Em “colocar o fim nele" está errado porque a preposição “em" contraída com o pronome “ele" traduz ideia de lugar (colocar o fim em algum lugar), o que não corrobora o sentido original.


    Alternativa (C) incorreta - “Qual" está errado porque está faltando o artigo definido “o". O pronome correto é o qual.


    Em “colocar a ele no fim" está errado por conta da preposição a antes do pronome “ele", o verbo colocar é transitivo direto, não exigindo complemento preposicionado. 

    Alternativa (D) correta - Como o vocábulo que é pronome relativo referindo-se a um objeto, o pronome adequado substituível é o qual.
    Em “
    colocar no fim dele" está correto porque a forma “dele" denota posse, assim como a escrita original.


    Alternativa (E) incorreta - Só se usa o pronome relativo “onde/ aonde /donde" para se referir a substantivos locativos, ou seja, a lugares.


    Em “o colocar no fim" está errado porque o pronome pessoal oblíquo átono que deve ser usado para dar ideia de posse é o “lhe".

    Gabarito da Professora: Letra D.

  • eu prefiro vir ver o comentário do Lucas do que ver o comentário do professor