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ID
544888
Banca
FCC
Órgão
TRE-AP
Ano
2011
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Distinguem-se atualmente em psicodinâmica do trabalho dois tipos de julgamento (Dejours, 1993b):

Alternativas
Comentários
  • "A busca de reconhecimento encontra nas resistências
    hierárquicas sua principal barreira, pois implica
    na constatação das falhas do trabalho prescrito e das
    imperfeições inerentes à organização do trabalho,
    que leva a receios e temores dos dirigentes. Dejours
    (2004) adverte que a falta de reconhecimento, que é
    tão verbalizada pelo trabalhador, não é considerada
    com a devida seriedade e ocupa posição periférica
    nas discussões sobre gestão. Entretanto, seu estudo
    é fundamental para a cooperação que, por sua vez, é
    essencial à produção e produtividade. O autor relaciona
    duas formas de reconhecimento: o reconhecimento
    baseado em um julgamento de utilidade, proferido
    pelos superiores hierárquicos e subordinados e, ainda,
    eventualmente, pelos clientes; e o reconhecimento
    advindo de um julgamento de estética, proferido
    especificamente pelos pares, colegas, membros da
    equipe ou da comunidade.


    Assim, depende do reconhecimento, o sentido do
    sofrimento no trabalho, ou seja, a partir do momento
    em que a qualidade do trabalho é reconhecida, o trabalhador
    constata que suas dúvidas, decepções e desânimos
    têm sentido, o que faz dele um sujeito diferente
    daquele que era antes do reconhecimento. Assim, este
    irá desempenhar “papel fundamental (...) no destino do
    sofrimento no trabalho e na possibilidade de transformar
    o sofrimento em prazer” (Dejours, 2001, p. 34)."

    A psicodinâmica do reconhecimento no trabalho de enfermagem.
    http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/viewFile/3594/4148
  • ...Tal reconhecimento é operado por dois tipos de julgamento: o de utilidade, relativo à utilidade técnica, econômica ou social da contribuição do sujeito, podendo ser proferido pela hierarquia, subordinados (no caso da gerência) ou clientes, e o de beleza, de competência dos companheiros de trabalho, realizado sob o critério de conformidade em relação às regras de trabalho.

    Há também o julgamento de originalidade, traduzido nas contribuições originais, inéditas que o sujeito venha a oferecer à organização do trabalho. Tal julgamento é feito por aqueles que estão mais próximos dele e, dentre todos, é o mais exigente e severo.

    Dejours, 1993.
  • "A validação da invenção passa pelo reconhecimento, que funciona em dois registros:

    1) reconhecimento pela hierarquia

    2) reconhecimento pelos pares

    Esses dois modos de reconhecimento não são equivalentes. O primeiro é um reconhecimento da utilidade, o segundo é um reconhecimento de habilidade, de inteligência, de talento pessoal, de originalidade, até mesmo de beleza." Pág. 135

    Livro: Psicodinâmica do Trabalho.

  • Beleza - o que é próprio do sujeito; singulat na realização da tarefa.

    Utilidade - o quanto ele está contribuindo para a organização a partir do que está fazendo.

  • Julgamento de utilidade - utilidade econômica, social ou técnica da contribuição dada pelo sujeito à organização do trabalho.  O julgamento de utilidade é importante para o sujeito porque lhe confere um status na organização para a qual ele trabalha e, além disso, um status na sociedade (Castel, 1995). O reconhecimento de sua atividade como um trabalho e não simplesmente como um hobby, um passatempo ou um lazer é a condição para obter não somente um salário, mas também para alcançar direitos sociais. O julgamento de utilidade é condição para afiliação à sociedade.

    O julgamento estético: o segundo julgamento é proferido pelos pares. Ele não recai apenas sobre a utilidade, mas sobre a beleza do trabalho realizado por um trabalhador. Ele é enunciado sempre em termos estéticos: é um belo trabalho, é uma demonstração elegante, é uma bonita forma de fazer. O julgamento estético conota, primeiro, a conformidade do trabalho realizado às regras da arte, às regras do ofício. É julgamento dos pares, mais severo certamente, o mais valorizado. Seu impacto na identidade é considerável. Reconhecido pelos pares, um trabalhador tem acesso ao pertencimento de uma equipe, de um coletivo, de uma comunidade profissional. O pertencimento é aquilo que pelo trabalho permite conjurar a solidão. 

  • "A busca de reconhecimento encontra nas resistências

    hierárquicas sua principal barreira, pois implica

    na constatação das falhas do trabalho prescrito e das

    imperfeições inerentes à organização do trabalho,

    que leva a receios e temores dos dirigentes. Dejours

    (2004) adverte que a falta de reconhecimento, que é

    tão verbalizada pelo trabalhador, não é considerada

    com a devida seriedade e ocupa posição periférica

    nas discussões sobre gestão. Entretanto, seu estudo

    é fundamental para a cooperação que, por sua vez, é

    essencial à produção e produtividade. O autor relaciona

    duas formas de reconhecimento: o reconhecimento

    baseado em um julgamento de utilidade, proferido

    pelos superiores hierárquicos e subordinados e, ainda,

    eventualmente, pelos clientes; e o reconhecimento

    advindo de um julgamento de estética, proferido

    especificamente pelos pares, colegas, membros da

    equipe ou da comunidade.

    Assim, depende do reconhecimento, o sentido do

    sofrimento no trabalho, ou seja, a partir do momento

    em que a qualidade do trabalho é reconhecida, o trabalhador

    constata que suas dúvidas, decepções e desânimos

    têm sentido, o que faz dele um sujeito diferente

    daquele que era antes do reconhecimento. Assim, este

    irá desempenhar “papel fundamental (...) no destino do

    sofrimento no trabalho e na possibilidade de transformar

    o sofrimento em prazer” (Dejours, 2001, p. 34)."