SóProvas


ID
5502133
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
Prefeitura de João Pessoa - PB
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Borderline: o transtorno que faz pessoas irem do "céu ao inferno" em horas


Tatiana Pronin


Uma alegria contagiante pode se transformar em tristeza profunda em um piscar de olhos porque alguém "pisou na bola". O amor intenso vira ódio profundo, porque a atitude foi interpretada como traição; o sentimento sai de controle e se traduz em gritos, palavrões e até socos. E, então, bate uma culpa enorme e o medo de ser abandonado, como sempre. Dá vontade de se cortar, de beber e até de morrer, porque a dor, o vazio e a raiva de si mesmo são insuportáveis. As emoções e comportamentos exaltados podem dar uma ideia do que vive alguém com transtorno de personalidade borderline (ou "limítrofe"). 

Reconhecido como um dos transtornos mais lesivos, leva a episódios de automutilação, abuso de substâncias e agressões físicas. Além disso, cerca de 10% dos pacientes cometem suicídio. Além da montanha-russa emocional e da dificuldade em controlar os impulsos, o borderline tende a enxergar a si mesmo e aos outros na base do "tudo ou nada", o que torna as relações familiares, amorosas, de amizade e até mesmo a com o médico ou terapeuta extremamente desgastantes.

Muitos comportamentos do "border" (apelido usado pelos especialistas) lembram os de um jovem rebelde sem tolerância à frustração. Mas, enquanto um adolescente problemático pode melhorar com o tempo ou depois de uma boa terapia, o adulto com o transtorno parece alguém cujo lado afetivo não amadurece nunca.

Ainda que seja inteligente, talentoso e brilhante no que faz, reage como uma criança ao se relacionar com os outros e com as próprias emoções — o que os psicanalistas chamam de "ego imaturo". Em muitos casos, o transtorno fica camuflado entre outros, como o bipolar, a depressão e o uso abusivo de álcool, remédios e drogas ilícitas.

De forma resumida, um transtorno de personalidade pode ser descrito como um jeito de ser, de sentir, se perceber e se relacionar com os outros que foge do padrão considerado "normal" ou saudável. Ou seja, causa sofrimento para a própria pessoa e/ou para os outros. Enquadrar um indivíduo em uma categoria não é fácil — cada pessoa é um universo, com características próprias. [...]

O diagnóstico é bem mais frequente entre as mulheres, mas estudos sugerem que a incidência seja igual em ambos os sexos. O que acontece é que elas tendem a pedir mais socorro, enquanto os homens são mais propensos a se meter em encrencas, ir para a cadeira ou até morrer mais precocemente por causa de comportamentos de risco. Quase sempre o transtorno é identificado em adultos jovens e os sintomas tendem a se tornar atenuados com o passar da idade.

Transtornos de personalidade são diferentes de transtornos mentais (como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, psicose etc.), embora seja difícil para leigos e desafiante até para especialistas fazer essa distinção, já que sobreposições ou comorbidades (existência de duas ou mais condições ao mesmo tempo) são muito frequentes. Não é raro que o borderline desenvolva transtorno bipolar, depressão, transtornos alimentares (em especial a bulimia), estresse pós-traumático, déficit de atenção/hiperatividade e transtorno por abuso de substâncias, entre outros. [...]

O paciente borderline sofre os períodos de instabilidade mais intensos no início da vida adulta. Há situações de crise, ou maior descontrole, que podem até resultar em internações porque o paciente coloca sua própria vida ou a dos outros em risco. Por volta dos 40 ou 50 anos, a maioria dos "borders" melhora bastante, probabilidade que aumenta se o paciente se engaja no tratamento. [...]

A personalidade envolve não só aspectos herdados, mas também aprendidos, por isso a melhora é possível, ainda que seja difícil de acreditar no início. Se a psicoterapia é importante para ajudar o bipolar a identificar uma virada e evitar perdas, no transtorno de personalidade ela é o carro-chefe do tratamento.

[...]

Medicamentos ajudam a aliviar os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado, e são ainda mais importantes quando existe um transtorno mental associado. Os fármacos mais utilizados são os antidepressivos (flluoxetina, escitalopram, venlafaxina etc.), os estabilizadores de humor (lítio, lamotrigina, ácido valproico etc.), os antipsicóticos (olanzapina, risperidona, quietiapina etc.) e, em situações pontuais, sedativos ou remédios para dormir (clonazepan, diazepan, alprazolan etc.). Esses últimos costumam ser até solicitados pelos pacientes, mas devem ser evitados ao máximo, porque podem afrouxar o controle dos impulsos, assim como o álcool, além de causarem dependência.

[...] 


Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2018/04/16/borderline-a-doenca-que-faz-10-dos-diagnosticados-cometerem-suicidio.htm. Acesso em: 04 jan. 2021. 

Considerando o seguinte excerto, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta. “O diagnóstico é bem mais frequente entre as mulheres, mas estudos sugerem que a incidência seja igual em ambos os sexos.”.

( ) Os termos “diagnóstico” e “incidência” são acentuados devido à mesma regra de acentuação em Língua Portuguesa.
( ) No termo “frequente”, há um encontro consonantal em “fr”.
( ) O vocábulo “mulheres” apresenta um dígrafo e um encontro consonantal.
( ) As palavras “frequente”, “mulheres” e “incidência” são todas paroxítonas.
( ) O termo “sexos” apresenta cinco letras e seis fonemas. 

Alternativas
Comentários
  • Gabarito na alternativa C

    Solicita-se julgamento das assertivas:

    (F) Os termos “diagnóstico” e “incidência” são acentuados devido à mesma regra de acentuação em Língua Portuguesa. 

    O termo “diagnóstico” é proparoxítona; o termo “incidência” é paroxítona terminada em ditongo crescente.

    (V) No termo “frequente”, há um encontro consonantal em “fr”. 

    Há um encontro consonantal perfeito conforme indicado na assertiva.

    (F) O vocábulo “mulheres” apresenta um dígrafo e um encontro consonantal. 

    Há no termo um dígrafo consonantal em “mulheres”, mas não há encontro consonantal.

    (V) As palavras “frequente”, “mulheres” e “incidência” são todas paroxítonas. 

    Os três termos são paroxítonas, apenas o último, uma paroxítona terminada em ditongo crescente, acentuado.

    (V) O termo “sexos” apresenta cinco letras e seis fonemas. 

    Foneticamente: "seksos".

  • Considerando o seguinte excerto, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.

    “O diagnóstico é bem mais frequente entre as mulheres, mas estudos sugerem que a incidência seja igual em ambos os sexos.”.

    (F) Os termos “diagnóstico” e “incidência” são acentuados devido à mesma regra de acentuação em Língua Portuguesa. (V) No termo “frequente”, há um encontro consonantal em “fr”. (F) O vocábulo “mulheres” apresenta um dígrafo e um encontro consonantal. (V) As palavras “frequente”, “mulheres” e “incidência” são todas paroxítonas. (V) O termo “sexos” apresenta cinco letras e seis fonemas. 

    F – V – F – V – F.

    V – F – V – F – V. 

    FVFVV

    F – Uma proparoxítona e a outra paroxítona terminada em ditongo crescente.

    Acentuam-se todas as proparoxítonas.

    Não se acentuam as paroxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s), em e ens.

    Acentuam-se as paroxítonas terminadas em L-I-N-U-R-X-ÃO(s)- UM, UNS, PS- Ditongo.

    V – encontro consonantal caracteriza-se ao mesmo tempo que há duas consoantes na mesma sílaba.

    F – dígrafo significa duas letras com um só som. Só há dígrafo.

    V – todas as palavras são paroxítonas, isto é, tonicidade na penúltima sílaba.

    V – Sexos – 5 letras

    Sexos – 6 fonemas – S/e/k/s/o/s

    V – V – F – F – F.

    F – F – V – V – V.

  • A questão é de fonologia e quer que analisemos as afirmações abaixo. Vejamos:

     .

    ( ) Os termos “diagnóstico” e “incidência” são acentuados devido à mesma regra de acentuação em Língua Portuguesa. 

    Falso. "Di-ag-nós-ti-co" é acentuda por ser uma palavra proparoxítona. "In-ci-dên-cia" é acentuada por ser uma paroxítona terminada em ditongo crescente.

    Proparoxítonas: são palavras que têm a antepenúltima sílaba como sílaba tônica. TODAS as palavras proparoxítonas são acentuadas graficamente, segundo as regras de acentuação.

     .

    ( ) No termo “frequente”, há um encontro consonantal em “fr”. 

    Verdadeiro. Em "fre-quen-te" há o encontro consonantal "fr".

    Encontro consonantal é a sequência de dois ou mais fonemas consonânticos numa palavra. Ou seja, é o encontro de duas ou mais consoantes numa palavra, sem existir uma vogal no meio delas. Ex.: brado, creme, plano, regra, ciclo, atleta, atrás, transtorno, psíquico...

    O encontro consonantal pode ocorrer:

    • na mesma sílaba: cli-ma, flo-res, du-plo, bra-do, re-pre-sa, le-tra, czar, pseu-dô-ni-mo... (São encontros consonantais inseparáveis, mais frequentemente formados de consoante + ou r)
    • em sílabas diferentes: ad-ven-to, ob-tu-so, ap-to, pac-to, suc-ção, naf-ta, sub-lo-car...(São encontros consonantais separáveis. Ocorrem sempre no interior das palavras e geralmente são formados de duas consoantes).

     .

    ( ) O vocábulo “mulheres” apresenta um dígrafo e um encontro consonantal. 

    Falso. Em "mu-lhe-res" há apenas o dígrafo "lh".

    Dígrafo é o grupo de duas letras representando um só fonema (som). Na palavra "chave", por exemplo, que se pronuncia "xávi", ocorre o dígrafo "ch". 

    Dígrafos consonantais: (dígrafos que representam consoantes) lh, ch, nh, rr, ss, qu, gu, sc, sç, xc, xs. 

    Dígrafos vocálicos: (dígrafos que representam vogais nasais) am, em, im, om, um, an, en, in, on, un.

     .

    ( ) As palavras “frequente”, “mulheres” e “incidência” são todas paroxítonas. 

    Verdadeiro. "Fre-quen-te" "mu-lhe-res" e "in-ci-dên-cia" são todas palavras paroxítonas, já que a s[ilaba tônica (a mais forte) é a penúltima.

    Paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima. Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, i(s), u(s), ps, ã(s), ão(s), ei(s), ons, um, uns, ditongo (crescente ou decrescente), seguido ou não de "s".

     .

    ( ) O termo “sexos” apresenta cinco letras e seis fonemas. 

    Verdadeiro. "Em "s-e-x-o-s" há 5 letras e 6 fonemas: "s-e-k-s-o-s".

     .

    Gabarito: Letra C